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Crítica | Espinhos (2008)

Uma ousada abordagem que não vai muito longe.

por Felipe Oliveira
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Em sua breve experiência como diretor e roteirista, em sua filmografia, o cineasta Toby Wilkins foi bem mais longínquo ao emprestar seus talentos ao departamento de efeitos visuais. Dentre os poucos trabalhos, o cineasta pôde contar com das uma peças mais promissoras em suas apostas de terror com o grotesco Espinhos, lançado em 2008. Em meios a remakes de slashers e o forte destaque ao torture porn (o que entra Jogos Mortais 5 e Mártires), o longa se juntava ao agonizante As Ruínas, ao apresentar um thriller de sobrevivência que versava sobre os horrores criados pela natureza.

Porém, ao contar com premissas semelhantes por suas temáticas, Splinter definia como seu maior recurso a abordagem vertiginosa empregada na direção de Wilkins, característica reforçada na fotografia sufocante de Nelson Cragg. Mas entre essa ambição estilística, o longa tinha como ponto fraco o enredo assinado por Ian Shorr e Kai Berry que não conseguiam tornar os elementos embebidos em tropos do gênero numa trama urgente, o que se perdia na falta de construção e atmosfera. A impressão é que estavam seguindo retalhos de outros filmes e tiveram a sorte de ter um conceito visualmente desconfortável e uma natureza impiedosa como vilã.

Mas vejamos como a trama que seguia um jovem casal disposto a acampar no final de semana que era surpreendido por um casal de fugitivos em busca de carona, não só traçava características com segmentos triviais do slasher como também reproduzia aspectos de um road movie. A síntese poderia se resumir nesta configuração e seguir com um suspense contrapondo figuras desconhecidas numa situação de perigo, e o que encontram é um terrível parasita que transforma suas vítimas (vivas ou mortas) em hospedeiros mortais.

Não que isso  — ao menos não propositalmente  — indicasse uma quebra de expectativa em relação a introdução dos personagens já que a execução parecia imprecisa no que pretendia propor, mas a sacada em unir quatro pessoas desconhecidas em prol da luta contra uma ameaça e sobreviverem poderia ser um excelente engajador da trama, mas se opondo a isso, foi não ter desenvolvido os personagens de forma interessante. O que se segue é uma mecânica frouxa com a intimidação dos fugitivos e a tensão da tentativa de fuga do outro casal enquanto o surgimento de uma ameaça maior é iminente.

Compondo melhor do que poderia se imaginar, Wilkins fez de Espinhos um daqueles casos de quando a “vilania” sobressai da trama meia boca e personagens automáticos e ao não permitir que o conceito caísse no desgosto de ser um desperdício. Indo para um caminho diferente do que a abertura apresentou, entender o funcionamento do parasita contra suas vítimas pode ser pontuado como um atrativo curioso e agonizante de acompanhar, visto que os conviventes efeitos práticos não pouparam o horror gráfico nem o gore de maneira visceral a ideia sugerida no título.

Talvez os movimentos rápidos da câmera e os cortes abruptos da edição — o que indica o baixo orçamento — sejam um incômodo para a percepção de algumas cenas, mas consequentemente positivas, esses artifícios tornaram a caracterização do parasita ainda mais bizarra, destacando a criatividade para uma criatura perversa e sedenta, assim como conseguiu dá um toque vantajoso para a sua mobilidade.

Assumindo várias formas e todas elas sendo proveitosas dentro do terror, somemos tudo isso com outro acerto ao fato de não sabermos a origem do parasita, apenas tomamos conhecimento de suas ações para possuir o hospedeiro e com isso garantindo uma distração suficiente enquanto Wilkins não consegue sustentar certas abordagens (como a claustrofobia) por se entregar às limitações da obviedade. Ao cabo, Espinhos se contenta em fazer o esperado do jeito mais genérico possível, mas com um visual e exececução que busca ser o maior ato de uma trama instável, e para quem busca um terror básico e sem compromissos, cai como uma luva, mas com todo o cuidado, pois tudo que esses espinhos precisa é estar debaixo de sua pele.

Espinhos (Splinter – EUA, 2008)
Direção: Toby Wilkins
Roteiro: Ian Shorr, Kai Berry
Elenco: Jill Wagner, Paulo Costanzo, Shea Whigham, Rachel Kerbs, Laurel Whitsett
Duração: 82 minutos

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