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Crítica | Esquadrão Trovão

por Ritter Fan
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Não pretendo dourar a pílula não, pois a experiência de assistir Esquadrão Trovão foi devastadora para mim que já não esperava absolutamente nada do filme. Se Cats é ruim, mas é tão idiota e inusitado que se torna uma curiosidade mórbida, esse longa aqui de Ben Falcone, que acha que é diretor e roteirista, estrelando sua esposa Melissa McCarthy, que acha que é engraçada, e Octavia Spencer que, apesar de normalmente ser boa atriz, não sabe fazer comédia, é, trocando em miúdos, uma agressão cinematográfica. É uma daquelas várias obras que espanta por ter passado por um número razoável de pessoas que, expressa ou tacitamente, concordaram em produzir esse estrupício e conseguiram colocar em serviço de streaming sempre voraz por qualquer obra, pois ele sabe que a mágica está na “média”, com a prova disso sendo o fato de o longa estar em primeiro lugar do top 10 no dia em que escrevo a presente crítica.

Em termos de história ou, mais corretamente, fiapo narrativo, Esquadrão Trovão se passa em um mundo em que só há super vilões, com a geninha  Emily Stanton (Spencer), que perde seus pais para os chamados Meliantes quando jovem, prometendo arrumar um jeito de pessoas normais revidarem. Sua melhor amiga quando jovem é Lydia Berman (McCarthy), seu exato oposto intelectual e comportamental, o que as acaba separando, somente para que elas se reúnam já adultas quando Stanton está para lançar um programa de alteração de DNA para criar super-heróis. Nasce o tão “esquadrão” do título, com Berman com super força e invulnerabilidade e McCarthy com invisibilidade (sim, só isso, o poder mais econômico do audiovisual). O que segue é a pancadaria de praxe, com efeitos visuais que não chegam nem ao nível dos telefilmes do Disney Channel nos anos 90.

Mas o CGI é realmente o de menos. Não me importo em ver efeitos ruins se houver algo que salve o longa, nem que seja uma proposta trash. A questão é que Esquadrão Trovão não acerta em absolutamente nada. Quer ser sátira inteligente, mas o roteiro simplesmente não sabe o que é isso. O humor é exclusivamente composto de caras e bocas, escatologia, palavrões e piadas sem nenhum timing cômico, com McCarthy sendo basicamente a encarnação da vergonha alheia, mas de uma maneira ruim a ponto de eu ter me sentido envergonhado de sequer estar assistindo isso em casa com minha esposa e filhas volta e meia me olhando com cara de reprovação (exatamente como faço com elas quando as pego vendo Big Brother, só para vocês sentirem o tamanho do drama…).

Falcone, como disse, acha que é diretor e roteirista. Acontece que ele não tem a menor ideia do que é ser isso para além de reunir uma sucessão de imagens e sequências com alguma lógica e valendo-se de uma seleção musical bacana para fisgar quem acha que um filme bom é um filme com músicas clássicas boas. Não há nada a ser destacado aqui, seja montagem, fotografia, design de produção ou até mesmo maquiagem e cabelo. É a burocracia emburrecedora e ineficiente que cansa no minuto seguinte em que as personagens aparecem já adultas (se tem alguma coisa minimamente boa nesse lixo, são as versões adolescentes de Emily e Lydia, vividas por Tai Leshaun e Mia Kaplan).

Ah, tem mais uma coisinha boa, se eu quiser ser honesto, que é o personagem vivido por Jason Bateman, o vilão chinfrim Caranguejo, cujos poderes se resumem a observar a ação sem interferir e, lógico, ter as mais absolutamente inúteis garras do crustáceo que lhe dá nome. Mais nada. Claro que Bateman ou devia estar devendo um favor a McCarthy e/ou Spencer ou perdeu uma aposta ou realmente estava na penúria e precisava dos trocados, mas a presença dele no longa é a única coisa agradável quando a ação principal começa. Acontece que isso nem de longe compensa as barbaridades cinematográficas que bombardeiam as retinas e fazem a massa cinzenta derreter e escorrer pelos ouvidos ao longo de dolorosos e intermináveis 106 minutos. Mal comparando, o papel de Bateman no filme talvez seja o equivalente a encontrar um hambúrguer  parcialmente mastigado em uma lata de lixo quando se está morrendo de fome.

E, com isso, não tenho mais o que escrever. O filme já ganhou cinco parágrafos e meio a mais do que merecia. Mas, como sempre tendo ver o lado bom de tudo, creio que a experiência tenha me permitido apreciar melhor as comédias porcarias que Adam Sandler tem feito ultimamente…

Esquadrão Trovão (Thunder Force – EUA, 09 de abril de 2021)
Direção: Ben Falcone
Roteiro: Ben Falcone
Elenco: Melissa McCarthy, Octavia Spencer, Jason Bateman, Bobby Cannavale, Pom Klementieff, Melissa Leo, Taylor Mosby, Marcella Lowery, Melissa Ponzio, Ben Falcone, Nate Hitpas, Jevon White, David Storrs, Tai Leshaun, Mia Kaplan
Duração: 106 min.

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