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Crítica | Fabulosos Vingadores: A Sombra Vermelha

por Luiz Santiago
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estrelas 3

Para que o leitor consiga entender melhor os eventos deste arco, parte da reformulação chamada Marvel NOW!, é necessário que saiba que a Feiticeira Escarlate praticamente extinguiu os mutantes da Terra em Dinastia M — o que ficou conhecido como Dizimação — e que Vigadores e X-Men saíram na porrada na saga anterior a este relaunch, o que resultou na morte de Charles Xavier, no aprisionamento de Ciclope e em outros perrengues “menores” que não precisam ser citados aqui.

No início deste A Sombra Vermelha temos o velório do Professor X entrecortado por três eventos que se afunilam para um único ponto, gerando o escopo principal dos Fabulosos Vingadores nesse início de série.

O primeiro desses eventos mostra o Caveira Vermelha operando o cérebro de Avalanche, a fim de usá-lo como deflagrador de uma crise (“A represa veio abaixo… as águas foram liberadas… o ato de incitação está completo!“). O segundo evento mostra Alex Summers, o Destruidor, visitando seu irmão Scott n’A Ponte, uma prisão especial da S.H.I.E.L.D. O terceiro evento mostra Alex em conversa diplomática com Capitão América e Thor, onde surge pela primeira vez a possibilidade de união entre Vingadores e X-Men, humanos e mutantes juntos, lutando pelo bem comum, como era o sonho de Xavier.

fabulosos vingadores a sombra vermelha professor xavier

Velório de Xavier.

O início da história, se você conhece mais ou menos os caminhos que a fizeram acontecer, funciona como um ativador de interesse para o restante dos números. O roteiro de Rick Remender é bastante ágil, embora não consiga se livrar da terrível “chuva no molhado” que é o conceito de “temos que seguir o sonho do Professor X”. E isto é repetido a perder de vista por vários heróis, mutantes e humanos, como um mantra que serve de sentido emotivo ou talvez moral para a história, o que acaba não sendo nem uma coisa nem outra. Em um momento da história algo mais próximo disso chega a acontecer, mas se manifesta em nós como raiva, quando o Caveira Vermelha e seus S-Men nos irritam tanto pelas ideias segregacionistas e de holocausto de mutantes que defendem, quanto por usarem pessoas inocentes (uma cidade inteira, para falar a verdade) para fazer o seu serviço sujo, cada um por um motivo próprio.

O bom aqui é a releitura das ideias nazi-fascistas de uma forma anacrônica — não que o roteiro seja, mas o cenário é, entendem o que quero dizer? –, um status que coloca os heróis e o leitor frente a um ódio que espanta pela violência com que se mostra e por suas intenções finais. Apesar de rodar, rodar e quase não sair do lugar, Rick Remender consegue pelo menos nos divertir utilizando essa mancha de ódio e manipulação da mente dos cidadãos de Nova York e de alguns heróis para criar a primeira — efetiva, porque aquela contra o Avalanche não contou — batalha da Avengers Unity Division, aqui formada por Capitão América, Destruidor, Thor, Wolverine, Feiticeira Escarlate, Vampira, Vespa, Solaris e Magnum, sendo os três últimos completamente inúteis no todo do arco; e liderada por Alex Summers, uma posição que deixa Steve Rogers um pouco desconfortável (embora tenha partido dele, a ideia), mas o super-soldado parece estar realmente disposto a dominar seu ego e obedecer as ordens do Destruidor.

fabulosos vingadores a sombra vermelha avalanche

O primeiro estrago: Avalanche lança a semente do ódio.

E depois de muitas voltas, o texto parece chegar a um ponto muito interessante na edição #5, Que Voltem os Bons Tempos, onde vemos pela primeira vez Uriel e Eimin, os Gêmeos do Apocalipse, filhos da Peste (ou Ichisumi ou Pestilência, lá de Uncanny X-Force) e do Mestre Arcanjo (antigo Anjo, o bonzinho X-Men que por motivos que não vem ao caso tentou se matar mas foi salvo pelo Apocalipse, que lhe implantou novas asas, controlou sua mente e o transformou no primeiro Cavaleiro do Apocalipse, o Morte, que depois venceu seu dominador e virou o Arcanjo). Em uma ação de 3 páginas, vemos os bebês serem sequestrados por Kang, O Conquistador, ato que obviamente irá gerar uma longa trama no futuro. Na mesma edição temos Wolverine em Tóquio, tentando convencer Shiro, o Solaris a voltar à ativa, a chegada de Magnum e Vespa à equipe principal e a rápida mas essencial luta do grupo contra o Ceifador.

John Cassaday  é o principal artista do arco, mas as edições #4 e 5 contam com a participação de Olivier Coipel e Mark Morales, além de Larry Molinar que trabalha ao lado da colorista principal, Laura Martin. Não existem grandes inovações ou destaques a serem feitos na linha artística de A Sombra Vermelha. Particularmente gosto bastante da arte da edição #5, talvez pela maior liberdade narrativa e diagramação mais inteligente das páginas. Mas é bom deixar claro que a arte de Cassaday e as cores de Martin nos números anteriores dão vida à história e não fazem feio, apenas não ultrapassam nenhum linha de grande realização.

Fabulosos Vingadores os Gemeos do Apocalipse

Os Gêmeos do Apocalipse: esses definitivamente não têm cara de joelho.

Dependente dos eventos anteriores envolvendo Vingadores e X-Men — quem veio para a Marvel NOW! acreditando que ia acompanhar as coisas “desde o começo”, sem muitas complicações em termos de continuidade, dançou feio, dançou rude –, Fabulosos Vingadores tem potencial para gerar uma boa jornada desses grupos de heróis, agora com um baita problema nas mãos e com a cidade inteira de olho neles. Isso, se os textos seguintes não passarem mais da metade do arco girando em torno do mesmo conceito. Vamos ver.

Fabulosos Vingadores #1 a 5: A Sombra Vermelha (Uncanny Avengers Vol.1 #1 -5: The Red Shadow) — EUA, dezembro de 2012 a maio de 2013)
Roteiro: Rick Remender
Arte: John Cassaday e Olivier Coipel (apenas edição #5)
Arte-final: John Cassaday e Mark Morales (apenas edição #5)
Cores: Laura Martin [+] Larry Molinar (nas edições #4 e 5)
130 páginas

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