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Crítica | Falsas Intenções

Estrutura narrativa já exaurida.

por Leonardo Campos
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Dos mesmos produtores de Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado. Assim foi a divulgação de Falsas Intenções, suspense lançado em 2000, diretamente em DVD aqui no Brasil e com um tímido e frustrante passeio pelas salas de cinema nos Estados Unidos anteriormente. Focados em atrair o público que ainda estava antenado com a explosão slasher que marcou a segunda metade da década de 1990, os realizadores desta narrativa curiosamente irregular tentaram navegar na onda dos sucessos deste período, mas na virada do milênio e no começo da década em questão, as produções deste nicho encontravam-se em desgaste. Diante do exposto, o leitor já sabe que não há muita coisa a se esperar deste enredo rocambolesco que parece uma mixagem de filmes com mulheres perigosas e fatais com os piores momentos de Revenge e a maioria dos telefilmes ruins exibidos no Super Cine em muitas noites de sábado de nossas vidas.

Dirigido por Mary Lambert, Falsas Intenções teve roteiro de Mark Gibson e Philip Halprin, dramaturgos que entregam para a cineasta um material brando para filmar, transformado num filme ainda mais morno. Em seus 105 minutos, acompanhamos a trajetória de Adrien Williams (Lori Heuring), uma jovem que acabou de sair da instituição psiquiátrica onde esteve internada por motivos que são revelados apenas próximo ao desfecho da história. O seu médico, o Dr. Henry Thompson (Daniel Hugh Kelly), é um entusiasta interessado em dar uma nova chance para a garota se desenvolver socialmente. Para isso, consegue um trabalho temporário durante o verão em um clube na Costa Leste da região onde mora. Lá, Adrien vê a oportunidade de renovar as suas perspectivas limitadas e se encanta de cara com o suntuoso estilo de vida dos ricos e esnobes que circulam pelo espaço, jovens ao estilo dos personagens de Segundas Intenções.

É quando os problemas começam. Brittany Foster (Susan Ward) a toma como amiga e decide inserir a novata em seu grupo de amigos. Eles inclusive acham que ela se parece muito com a irmã da tal Brittany, um personagem que se mudou durante um tempo anterior ao desenvolvimento da história contada diante dos nossos olhos. A crise se instala quando Matt Curtis (Matthew Settle), interesse amoroso da catalisadora de novas amizades de Adrien se interessa pela recém-chegada. Irritada com a situação, a namorada do rapaz mexe em arquivos da jovem e começa a hostiliza-la. Detetives com posturas amadoras se estabelecem no enredo quando alguém parece ter matado Henry e outros personagens, tendo como foco, colocar a culpa em Adrien, acuada e também reativa, sem pedir licença para matar quem te ameaça também. Com o surgimento de cadáveres ao longo do caminho, os conflitos começam a ficar mais intensos e uma série de jogos psicológicos e físicos põem todos os envolvidos em risco.

Com uma estrutura narrativa já exaurida, mas que ainda pode render bons filmes, Falsas Intenções se perde no tom brando adotado pela direção. Temos um grupo de personagens que renderiam um estudo acima da média sobre manipulação, inveja, relacionamentos tóxicos, mas infelizmente, a narrativa não se permite ir além do tom geralmente adotado por telefilmes esquecíveis. Soterrado ao longo das duas últimas décadas, o suspense mais que genérico geralmente é encontrado por curiosos e pessoas como quem vos escreve, interessadas em narrativas sobre mulheres acossadas e histórias correlatas. Ademais, para não dizer que tudo é pavoroso, os figurinos de Jennifer L. Bryan ousam na tentativa de trajar os personagens conforme as suas necessidades dramáticas e perfis, a trilha sonora de Jeff Rona não produz uma textura memorável, mas ainda assim, não atrapalha o desenvolvimento, tal como os demais setores que constroem a tessitura narrativa deste filme cheio de falsificações dramáticas bem baratas.

Falsas Intenções (The In Crowd | EUA, 2000)
Direção: Mary Lambert
Roteiro: Mark Gibson, Philip Halprin
Elenco: Susan Ward, Lori Heuring, Matthew Settle, Nathan Bexton, Tess Harper, Laurie Fortier, Kim Murphy, Jay R. Ferguson, A.J. Buckley, Katharine Towne, Charlie Finn, Ethan Erickson, Erinn Bartlett, Peter Mackenzie, Daniel Hugh Kelly, Heather Stephens, Joanne Pankow, Taylor Negron, David Reinwald, Scot M. Sanborn
Duração: 105 min

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