Home TVEpisódio Crítica | Fargo – 3X09: Aporia

Crítica | Fargo – 3X09: Aporia

por Guilherme Coral
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estrelas 5,0

  • Contém spoilers. Leiam, aqui, a crítica do filme original e, aqui, as críticas das temporadas anteriores.

Depois de um sangrento e surpreendente “episódio natalino” de Fargo, era de se esperar que praticamente tudo sairia dos eixos nesse penúltimo capítulo da temporada, possivelmente e infelizmente da série. Aporia, como o título sugere, coloca quase todos os seus personagens em dilemas, em situações das quais, aparentemente, não existe qualquer saída, mais que isso, é a prova do quão bem cada um de seus personagens foram construídos até aqui, desde os principais, até os mais secundários.

Tendo se entregado para a polícia, Emmit confessa ter matado seu irmão, deixando bem claro, apesar de sua costumeira hesitação, que ele é o culpado. Em paralelo, na tentativa de confundir a cabeça dos policiais, V.M. Varga ordena que seus capangas matem outros indivíduos com o sobrenome Stussy, chegando a arranjar um bode expiatório para ser preso como o assassino em série responsável pelos crimes recentes. O que o vilão não esperava, porém, é que Nikki Swango retornaria, ao lado de Mr. Wrench, buscando vingança e, claro, uma forma de extorquir o criminoso.

O roteiro de Noah Hawley e Robert De Laurentiis novamente imprime a dose certa de ironia na narrativa de Fargo. A policial, Gloria, já estava pronta para encerrar o caso, sem chegar ao centro do problema: Varga. Suas ações, então, a forçam a continuar, já que o detestável, mas brilhantemente interpretado por Shea Whigham, novo chefe de polícia decidiu soltar Emmit. Chega a ser triste observar a reação de Burgle, que claramente demonstra estar cansada desse caso, mas Carrie Coon mistura essa frustração com o ar implacável de sua personagem, a colocando como a perfeita antítese de Varga.

O melhor de Aporia é observar a clara diferença entre Nikki e Gloria. Uma seguindo pelo caminho da lei, já tendo V.M. em mente e a outra encurralando o vilão através da chantagem, o que nos leva a crer que serão necessários esforços de ambos os lados para prender (ou matar) essa figura misteriosa. Assistir a interação entre Varga e Swango é como ver um jogo de xadrez, ou poker, com cada um movendo suas peças, blefando, ameaçando, até que um dos dois fique encurralado. O brilhante roteiro de Hawley e De Laurentiis é favorecido pela precisa direção de Keith Gordon, que constrói a tensão através de planos mais estáticos e longos, nos deixando na expectativa de descobrir quem dará a cartada final.

Isso tudo, claro, contribui para a formação do cenário que irá encerrar essa temporada – de um lado temos Nikki em posição mais agressiva, conseguindo deixar V.M. na defensiva, enquanto que Gloria, discretamente é motivada a perseguir essa figura misteriosa. Ao mesmo tempo, temos a policial saindo de seu “limbo tecnológico”, de seu existencialismo, que, claro, dialoga com o pequeno robô de The Law of Non-Contradiction, pela sua posição de querer ajudar, mas ser impossibilitada de fazer isso. O simples fato dos sensores a reconhecerem, porém, pode significar, simbolicamente, que ela entrará no radar de Varga, ao mesmo tempo que ela ganha a força necessária para combater esse mal.

Aporia, portanto, foi a típica preparação de terreno para o finale, ainda que absolutamente nada em Fargo possa ser considerado como “típico”. Com todas as peças no lugar, nos vemos prontos para os movimentos finais, que irão definir o destino de cada personagem. Na posição atual, fica difícil enxergar como esse desfecho será menos do que maravilhoso, trazendo o final ideal para uma temporada realmente inesquecível. O que irá acontecer, de fato, porém, não sabemos, afinal, não há como prever as ironias e coincidências que tanto marcam a narrativa da série.

Fargo – 3X09: Aporia  — EUA, 14 de junho de 2017
Showrunner:
Noah Hawley
Direção: Keith Gordon
Roteiro: Noah Hawley, Robert De Laurentiis
Elenco: Ewan McGregor,  Carrie Coon,  Mary Elizabeth Winstead, David Thewlis,  Michael Stuhlbarg,  Goran Bogdan, Ray Wise,  Olivia Sandoval,  Russell Harvard
Duração: 51 min.

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