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Crítica | Fear the Walking Dead – 6X03: Alaska

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Quando Morgan, em sua breve aparição, agora infelizmente de barba aparada e com sua vareta convertida em machado, diz que já foi 16 “alguéns”, confesso que não sei se isso é o roteiro tentando filosofar ou se é uma bem dada estocada autoreferencial e autoconsciente justamente nesse irritante e incessante vai-e-vem do personagem ao longo de toda sua trajetória no universo The Walking Dead. Gostaria de acreditar na segunda hipótese, mas meu cinismo e minha incapacidade de realmente acreditar em Fear the Walking Dead tendem a me fazer concluir pela primeira, o que, claro, torna tudo risível demais.

Mas o episódio para por aí pelo menos e investe quase que a integralidade de seu tempo para tratar do destino de Al e Dwight. Essa estrutura de um episódio por personagem, dupla ou grupo foi telegrafada no momento em que Virginia separou o elenco ao final da temporada anterior, pelo que não há surpresa em seu emprego nessa primeira metade do novo ano mesmo que isso de certa forma tangencie a estrutura batida de “caso da semana” que tanto detesto. O bom é que os dois personagens funcionam bem juntos e que o roteiro de Mallory Westfall sabe trabalhar os aspectos macro dentro da missão específica da dupla que, trabalhando para Virginia em um projeto que, confesso, não entendi direito (filmar lugares que deram errado para evitar que o problema aconteça no futuro me pareceu invenção de estagiário que esqueceram de apagar do roteiro), acabam desviando o caminho de forma que Al possa reencontrar-se com Isabelle, do sensacional The End of Everything, no telhado de um prédio.

O fato de Al estar monitorando as frequências usadas pelo misterioso grupo de sua paixão combina com a personagem e Dwight querer ajudá-la custe o que custar também, ainda que os momentos de “eu faria tudo por você” ou coisa do gênero revelem um quê de breguice no texto de Westfall que poderia ter sido evitado. Além disso, o que parece ser algo fácil, torna-se razoavelmente complexo pela presença de ratos transmissores da peste bubônica – porque somente apocalipse zumbi é pouco – e a descoberta de sobreviventes infectados, dentre eles Nora (Devyn A. Tyler), a líder do grupo que, claro, acaba ajudando os dois. Com isso, a aventura funciona, especialmente considerando a fotografia escurecida e os espaços confinados que sempre amplificam a tensão e o suspense, algo que Colman Domingo, novamente na direção de um episódio da série (o terceiro!), aproveita muito bem mantendo a câmera próxima aos personagens por grande parte do tempo.

A aparente conexão da peste com os pichadores de The End is the Beginning que vimos no preâmbulo do episódio que carrega esse título também ajuda a construir a narrativa mais ampla da temporada, ainda que eu muito sinceramente desconfie muito desse novo e mortal grupo já que sequer estou convencido do grupo já estabelecido comandado por Virginia. Aliás, esse é um problema grave que precisa ser consertado logo: o nível de ameaça macro, seja Virginia e seus pistoleiros, sejam os pichadores, sejam os dois, precisa ser desenvolvido de maneira lógica para evitar que algo semelhante ao fenômeno da velha louca da 4ª temporada seja repetido (sim, acabei de bater na madeira).

O que fez Alaska perder muitos pontos comigo foi ele ser quase que exclusivamente construído ao redor do potencial reencontro de Al e Isabelle e ele não acontecer porque Al, literalmente do nada, muda de ideia depois de enfrentar hordas de desmortos bubônicos arriscando não só sua vida como as de Dwight e Nora. O roteiro simplesmente precisava ter arrumado uma desculpa melhor para esse twist, assim como ter evitado coisas como “ih, olha justamente o remédio que eu preciso ao lado da cerveja”, que foi de revirar os olhos e “puxa, Sherry (Christine Evangelista) estava logo ali na esquina, que legal”, que realmente não precisava ter acontecido agora e desse jeito conveniente até não poder mais só para que houvesse um momento de felicidade para o sofrido Dwight.

O que de melhor posso dizer da 6ª temporada de Fear the Walking Dead é que, depois de três episódios, nenhum sequer foi apenas medíocre, com todos mantendo-se razoavelmente uniformes e entregando esboços do que pode acabar sendo uma boa história. Faltando ainda conhecermos os destinos de John, June, Grace e Luciana (esqueci de alguém?) para que a história possa realmente andar, começo a ficar cautelosamente otimista com o futuro da série.

Fear the Walking Dead – 6X03: Alaska (EUA, 25 de outubro de 2020)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Colman Domingo
Roteiro: Mallory Westfall
Elenco: Lennie James, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay García, Garret Dillahunt, Austin Amelio, Alexa Nisenson, Rubén Blades, Karen David, Jenna Elfman, Colby Minifie, Demetrius Grosse, Michael Abbott Jr., Holly Curran, Zoe Margaret Colletti, Devyn A. Tyler, Christine Evangelista
Duração: 44 min.

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