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Crítica | Fear the Walking Dead – 6X13: J.D.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

O maior erro do 13º episódio da sexta temporada de Fear the Walking Dead é introduzir mais um novo personagem à série considerando a quantidade gigantesca de gente ociosa, sem qualquer desenvolvimento que vem sendo acumulada há bastante tempo. Mas a boa notícia é que esse é também o único erro significativo de J.D., já que o roteiro de Nick Bernardone e Jacob Pinion e a direção de Aisha Tyler conseguem fazer um episódio tão bom, mas tão bom, que ele não só funciona por si só como ele melhora significativamente a temporada como um todo, especialmente a partir de The Door, criando uma coesão narrativa a posteriori que muito raramente se vê por aí.

Afinal de contas, para começo de conversa, o novo personagem não só é o tão falado pai de John Dorie, que tem o mesmo nome do filho, como ele é vivido por ninguém menos do que Keith Carradine, o que, vale o parênteses, estabelece uma poética conexão com uma das melhores séries que já tomou as telinhas, Deadwood, em que o ator viveu Wild Bill Hickok, pistoleiro morto por Jack McCall, interpretado – sim, você acertou! – justamente por Garret Dillahunt. E, com isso, Andrew Chambliss e Ian Goldberg não só mostram que estão realmente dispostos a manter acesa a chama do melhor personagem da fase 2.0 da série, o que por si só é uma ótima notícia, como querem expandir a mitologia do “clã” John Dorie (curiosamente algo que também sempre caracterizou a família Carradine) de uma maneira lindamente circular.

E que maneira circular é essa? Genialmente simples: ressuscitando aquela história que o finado John Dorie conta sobre seu pai, que ele havia manipulado as provas para garantir a prisão de um criminoso. Com essa narrativa recontada, agora pelo pai, eis que descobrimos que esse criminoso é ninguém menos do que Terry, o líder do culto do apocalipse a que fomos introduzidos propriamente em The Holding, o que, de uma tacada só, explica aquela filosofia barata de “o fim é o começo” e a forma cega como todo mundo parece seguir o sujeito, como um Charles Manson da vida. Ganhar de presente uma história pregressa que, com um estalar de dedos, transforma Teddy em um vilão há décadas que está sendo caçado por John Dorie, Sr. foi uma jogada de mestre e eu tenho que tirar o chapéu (de caubói, claro!) para isso, perdoando até mesmo aquela convenienciazinha marota de June ter esbarrado justamente no pai de seu marido enquanto investigava o culto.

Mas a entrada de Carradine na temporada leva também a uma excelente conversa sobre vingança, abandono, responsabilidade e, sim, amor que usa o distanciamento de Dorie Sr. do filho para discutir a conexão de June com Morgan depois que ela acaba com a raça de Virginia e é expulsa da represa, potencialmente levando à morte de Athena e, surpresa, surpresa, finalmente cria uma ponte entre Dwight e Sherry. Ok, sou o primeiro a dizer que essa historinha de que Sherry  está agindo daquela maneira porque ela basicamente do nada resolveu partir para matar Negan foi bem mequetrefe e desnecessária para tornar possível paralelizar esse desejo com a caçada de Dorie Sr. a Teddy, mas o fato é que, dentro da estrutura do episódio, ela acabou funcionando bem, dentro daquela teoria de que o fim justifica os meios. Afinal, vamos combinar que ninguém aguentava mais a choradeira de Dwight em um canto e a cara de enfezada de Sherry de outro. Melhor colocar logo os dois juntos e dar um ponto final (espera-se!) a esse vai e vem.

A cereja no bolo – ou as cerejas no bolo para ser mais preciso – foi a forma como June teve oportunidade de salvar um Dorie no mesmo lugar da morte de outro, com o bem-vindo retorno ao chalé e, claro, a emocionante leitura em voz alta da carta de seu marido. Por mais que eu jamais pensaria em chorar em uma série, especialmente Fear the Walking Dead, que só vinha me causando desgosto, e por mais que a cena em si tenha sido brega até a raiz do cabelo, confesso que senti a insidiosa presença dos míticos ninjas cortadores de cebola na vizinhança…

Resta torcer para que este surpreendente episódio que consertou boa parte dessa segunda metade da temporada tornando ainda mais significativa a morte de John Dorie em The Door, contextualizando melhor Teddy e seu culto que vimos em The Holding, lidando com June, seu luto e seu desejo de vingança e, ainda por cima, reunindo Dwight e Sherry marque o começo de um potencialmente excelente final de ano, o que seria uma verdadeira reviravolta qualitativa. Todos os ingredientes para isso estão presentes, bastando que os showrunners não destaquem Morgan ou algum outro borra botas no lugar de Carradine e seu potencialmente mortal encontro com John Glover.

Fear the Walking Dead – 6X13: J.D. (EUA, 16 de maio de 2021)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Aisha Tyler
Roteiro: Nick Bernardone, Jacob Pinion
Elenco: Lennie James, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay García, Austin Amelio, Alexa Nisenson, Rubén Blades, Karen David, Jenna Elfman, Demetrius Grosse, Michael Abbott Jr., Zoe Margaret Colletti, Devyn A. Tyler, Christine Evangelista, Peter Jacobson, Cory Hart, Raphael Sbarge, Colby Hollman, John Glover, Nick Stahl, Sahana Srinivasan, Keith Carradine
Duração: 48 min.

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