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Crítica | Fear the Walking Dead – 6X14: Mother

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Como contexto é importante, não é mesmo? Quando o mítico Teddy, vivido por John Glover, foi apresentado no finalzinho de The Holding, minha reação foi algo como “ah, não, mais um vilãozinho mequetrefe na série” acompanhado de olhos revirados e um suspiro de inconformismo. Eis que, então, no excelente episódio passado, dedicado à introdução e desenvolvimento de John Dorie, Sr., vivido pelo veterano Keith Carradine, tudo o que Teddy representa e como ele se encaixa de maneira significativa na mitologia da série veio à tona e aquele sujeito extremamente barbado que não era mais do que um louco varrido qualquer imediatamente tornou-se uma força a ser temida. Ainda completamente doido, não tenham dúvida, mas um doido com conteúdo, com passado e com propósito.

E é isso que vemos em Mother, que efetivamente nos apresenta ao referido personagem de Glover, em uma performance que domina o episódio, tendo como bônus a insinuação quase que torturante de que Madison talvez, quem sabe, pudesse realmente aparecer vivinha da silva, com alguma história mirabolante de sobrevivência. Não foi o caso, mas o roteiro de Channing Powell e Alex Delyle chega a ser deliciosamente maquiavélico e provocativo na forma como circunavega a questão e deixa aquele gostinho tentador na boca de quem, como eu, realmente gostaria de ver a matriarca de volta à série, levando a um desapontamento benigno ao final, do tipo que compreendemos perfeitamente o porquê e que acaba, estranhamente, fazendo a coisa ficar melhor ainda.

Mas que as pistas falsas foram muitas, com certeza foram. Afinal, não só temos o título, como também a presença constante de Alicia como avatar da mãe, Teddy falando milhões de vezes nela e, claro, o retorno de Cole e amigos que, confesso, não me lembrava quem eram e continuo sem lembrar (já disse que minha memória é como queijo suíço e que, neste exato momento, estou com preguiça de pesquisar?), tendo que acreditar na explicação fornecida que, aliás, é muito boa e esvazia o sacrifício de Madison horrivelmente, ao mesmo tempo que fortalece o ponto do Charles Manson do fim do mundo. E toda essa desesperança causada pelo plano de Teddy – achei que ficou forçado demais guardar um segredo óbvio desses até o final, mas tudo bem – e pela transformação de Cole em exatamente aquilo que Madison lutou para evitar foi muito bem representada pela aflição visível no rosto de Alycia Debnam-Carey, com uma maquiagem excelente que acentua seus olhos e sua palidez, como se ela estivesse sendo, mesmo contra sua vontade, tendo sua força vital absorvida pela presença magnética de Teddy.

Além disso, ao que tudo indica, a situação de Dakota ficou mais clara. A recusa de Alicia em aceitá-la depois do que ela fez com John Dorie (o que é inexplicável, de certo modo, já que Alicia aceitou Charlie na boa…) e os encantamentos de Teddy parecem deixar claro que não há redenção possível para a jovem que se entrega completamente ao lado sombrio ao defender o serial killer, ameaçando Alicia diretamente. Será interessante ver como os showrunners lidarão com a personagem, ou seja, se escolherão sacrificá-la para alegrar os espectadores ou se jogarão o jogo de longo prazo, convertendo a menina em futura vilã, uma Virginia mais bem resolvida e com propósitos menos genéricos. Todas as possibilidades estão na mesa.

Mas coragem mesmo será se Andrew Chambliss e Ian Goldberg permitirem que Teddy detone o míssil e transforme a região em terras devastadas e, no processo, levem Fear the Walking Dead ao fim somente para que a série possa começar novamente. Afinal de contas, o fim é o começo, não é mesmo? Se essa filosofia de botequim que, agora, é, na verdade, o chavão de um psicopata assassino que começou sua carreira com matricídio, for levada a ferro e a fogo, será algo de se tirar o chapéu, ainda que eu duvide que aconteça de verdade.

Mother, portanto, continua a estirada de bons episódios neste final de temporada, com um episódio até sacana na forma como coloca o doce na mão de criança, apenas para retirá-lo violentamente e pessimista na maneira como lida com basicamente tudo ali, de Teddy a Dakota, passando por Cole e companhia e acabando com Alicia em um mato sem cachorro. A esperança – a única nesga de esperança! – é no sujeito menos confiável da face da terra, o bom e velho Victor Strand que merece mais destaque na temporada e agora é a chance.

Fear the Walking Dead – 6X14: Mother (EUA, 23 de maio de 2021)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Janice Cooke
Roteiro: Channing Powell, Alex Delyle
Elenco: Lennie James, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay García, Austin Amelio, Alexa Nisenson, Rubén Blades, Karen David, Jenna Elfman, Demetrius Grosse, Michael Abbott Jr., Zoe Margaret Colletti, Devyn A. Tyler, Christine Evangelista, Peter Jacobson, Cory Hart, Raphael Sbarge, Colby Hollman, John Glover, Nick Stahl, Sahana Srinivasan, Keith Carradine
Duração: 47 min.

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