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Crítica | Fear the Walking Dead – 7X10: Mourning Cloak

Nem lagarta, nem borboleta.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Dirigindo seu terceiro episódio na franquia The Walking Dead e segundo só nesta temporada de Fear the Walking Dead, Lennie James entrega um capítulo que teria sido um retorno de temporada muito melhor do que Follow Me foi. Mas muito melhor não significa, no contexto, algo bom, evidentemente, até porque o roteiro de Nazrin Choudhury e Calaya Michelle Stallworth não é mais do que um inexplicável remake do anterior, seguindo exatamente a mesma estrutura: personagem feminina já veterana da série conhece personagem de uso único apresentado no episódio que tem como função exclusiva morrer ao final depois de, claro, eles se estranharem e, em seguida, se conectarem.

No momento em que Ali (Ashton Arbab) é introduzido nos segundos iniciais como caçador de borboletas com pretensões de ser um ranger de Strand, meus olhos reviraram justamente por ele me fazer lembrar do músico surdo Paul, ainda vívido em minha mente. As metáforas de Howard lidando com lagartas e borboletas não ajudaram em absolutamente nada, muito ao contrário, com as menções caninas e subservientes ao sumido, mas aparentemente divino Strand só servindo para tornar todo aquele comecinho uma demonstração da inabilidade da dupla de roteiristas em escrever algo que fosse pelo menos um degrau acima do primeiro ano de curso de cinema por correspondência. Quando Charlie apareceu, pela primeira vez em muito tempo com a personagem ganhando algum espaço com diálogos mais longos do que palavras ou frases soltas, confesso que tudo começou a melhorar um pouco. Um pouco, não muito.

O problema é que, de novo, as lembranças de Follow Me vieram contaminar a apreciação de Mourning Cloak e isso em pelo menos dois níveis. O primeiro – o narrativo – eu já mencionei e é evidente por ambos contarem basicamente a mesma história e por serem fillers desnecessários que só escancaram o quanto o (não muito fundo) poço de ideias dos showrunners realmente secou, algo que é amplificado pelo cansativo, irritante, imbecilizante e inacreditavelmente estúpido uso seletivo dos efeitos da radiação. O segundo nível é o visual, bastando comparar a paleta de cores e a fotografia dos episódios para concluir que o que estamos vendo, na verdade, são duas séries diferentes, uma que se passa em um apocalipse nuclear em cima de um apocalipse zumbi e outra que se passa em um Jardim do Éden cheio de borboletas, raios de sol entre folhagens e com desmortos ocasionais só para nos lembrar sobre o que é a obra.

O que Andrew Chambliss e Ian Goldberg acabam conseguindo com isso é nos forçar a lembrar o quanto eles estão perdidos na condução da série e o quanto eles erraram ao acrescentar outra camada apocalíptica em cima da que já existia. Afinal, se é para fazer o que eles estão fazendo, então era melhor não usar o elemento “radiação” como um instrumento de aleatoriedade narrativa, o que inclui – apenas suspeito, pois não sou entomólogo – a farta existência de borboletas “extremamente raras” (como Howard faz questão de dizer). Se outros insetos tivessem sido eleitos para fazer parte da coleção de Strand, como as resistentes baratas, eu não me incomodaria, mas frágeis borboletinhas me pareceu um pouco demais para engolir a seco junto com todo o restante que os showrunners nos pedem para engolir sem sequer oferecer um gole d’água para facilitar.

Dito tudo isso, Lenny James até que consegue fazer um episódio de romance adolescente que fica ali na casa do minimamente competente diante do material que ele tinha em mãos, precisando correr para apresentar Ali, estabelecer a conexão entre ele e Charlie, convencer-nos de que ele vai de seguidor cego de Strand a apaixonado por Charlie capaz de fazer tudo por ela (eu só acredito, e mesmo assim com dificuldade, pois eu já fui adolescente e sei o quanto adolescente é volúvel, especialmente quando alguém que o atrai está envolvido). Arriscaria até dizer que Alexa Nisenson mostra que tem futuro como atriz se sua personagem morrer logo de radiação (isso se tudo isso não for um truque de infiltração de Morgan, o que desconfio que é, apesar de ser sofisticado demais para vir dele…) e a atriz for escalada para fazer alguma outra coisa qualquer no audiovisual que não tenha zumbis e em que não apareça somente quando conveniente.

A sétima temporada de Fear the Walking Dead, portanto, continua firme e forte em sua missão certeira de estragar algo que sequer estava bom. Dos oito episódios desta segunda metade, dois já foram jogados no lixo por um copiar o outro e por nenhum deles efetivamente avançar com a história geral. Pelo menos Mourning Cloak conseguiu subir o nível e alcançar a mediocridade, o que, diante das circunstâncias, é sem dúvida uma vitória…

Fear the Walking Dead – 7X10: Mourning Cloak (EUA, 24 de abril de 2022)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Lennie James
Roteiro: Nazrin Choudhury, Calaya Michelle Stallworth
Elenco: Lennie James, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay García, Austin Amelio, Mo Collins, Alexa Nisenson, Karen David, Christine Evangelista, Colby Hollman, Jenna Elfman, Keith Carradine, Rubén Blades, Omid Abtahi, Demetrius Grosse, Aisha Tyler, Sydney Lemmon, Gus Halper, Spenser Granese, Ashton Arbab
Duração: 53 min.

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