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Crítica | Fear the Walking Dead – 7X11: Ofelia

Sinal de vida na temporada, finalmente!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

É frustrante notar que a última vez que consegui classificar um episódio de Fear the Walking Dead de “muito bom” foi no começo desta temporada, com The Beacon, e, mesmo assim, em retrospecto, se eu o revisasse (o que nem penso em fazer, obviamente), não sei se chegaria a essa conclusão novamente. Foram necessários meses a fio, contando com o hiato, para que isso acontecesse novamente com Ofelia e isso eminentemente graças ao excelente trabalho de interpretação de Rubén Blades como o (não tão) ex-assassino, ex-barbeiro e agora desmemoriado e criminosamente esquecido pela série Daniel Salazar, que Alycia Debnam-Carey – a Alicia da série – captura muito bem em sua estreia na direção.

Mas não é só o trabalho de Blades que me encantou, pois Ofelia também conseguiu ser o primeiro episódio da temporada em muito, muito tempo que apresentou um roteiro dramática e narrativamente relevante, conseguindo ao mesmo tempo trabalhar alguns de seus personagens mantidos por tempo demais no banco de reservas e impulsionando a história macro de guerra contra Strand por sua torre. Obviamente que os problemas crônicos deste sétimo ano da série precisam ser relevados para o episódio realmente funcionar, pois a lógica inexistente do tira-e-põe máscara e da radiação que só existe quando o roteiro quer que ela exista, além da manutenção do elenco na região de impacto dos mísseis, continuam sendo irritantes até não poder mais, desafiando a paciência de qualquer espectador como um mínimo de consciência.

Mas, já que estamos na chuva, o negócio é nos molharmos, o que significa fazermos o exercício de momentaneamente enterrar essa questões em algum canto da mente para apreciarmos a bela exploração da confusão mental de Daniel Salazar e, ao que tudo indica, seu uso efetivo nos vindouros episódios (se a promessa não for cumprida, vou começar um Kickstarter para mandar zumbis irradiados com Césio-137 para as casas dos showrunners…). Ah, sim, tenho consciência de que a mera transformação de Daniel em um homem passando pelo que ele está passando parece uma forma de abafar mais um dos personagens originais da série, mas a grande verdade é que praticamente todo mundo do começo ou se foi ou virou extra, pelo que não reputo esse problema do personagem algo que por si só seja um desserviço a ele, até porque ele vinha mostrando sinais de problemas do tipo desde pelo menos a segunda temporada. Tudo depende de como a questão é trabalhada e, aqui, ela finalmente ganha o palco que já devia ter ganhado há muito tempo.

No lugar de simplesmente simplificar a abordagem, gostei muito da forma delicada como o processo de “conserto” da memória de Daniel com a ajuda de Luciana foi tratada e como ele a confundiu com sua filha e conectou a carta com a barco com o The Abigail e escapou para procurá-la, recusando-se a acreditar que ela estivesse morta. Tudo o que segue daí, com Luciana e Wes saindo para procurar Daniel, os três sendo capturados por Arno e seu grupo e Daniel deixando seu lado assassino aflorar novamente caminha muito bem, mesmo que tenhamos que fechar os olhos para como ele andou do barco até Arno sem ser impedido por ninguém. Até mesmo a revelação sobre os zumbis irradiados da cratera da explosão estarem sendo libertados por alguém misterioso (seria Madison?), o que é mais um elemento para justificar a tomada do prédio de Strand, foi competentemente inserida no texto.

A reviravolta final, com Luciana manipulando Daniel como Arno fizera antes com fim desastrosos para ele, é tocante. Esperada, sem dúvida, mas tocante da mesma forma, pois vemos Luciana colocando o que em tese podemos chamar de bem comum e sua própria vida na frente de sua moralidade a ponto de afastar Wes de seu convívio e empurrá-lo para o lado de Strand (ainda que eu não entenda muito bem a lógica do sujeito). Se essa linha narrativa for realmente bem aproveitada daqui para a frente, existe uma chance, ainda que exígua considerando o passado da série, de essa temporada ter algum tipo de salvação. Digo que a probabilidade de isso acontecer é pequena, pois, para isso, os showrunners precisarão primeiro afastar Morgan e Alicia da liderança e soltar as rédeas de Daniel Salazar que, por sua vez, precisará voltar a ser o que era antes de imigrar para os EUA, liderando a tropa de fanáticos de Teddy contra os fanáticos de Strand em uma batalha destrutiva. Ou seja, é mais fácil acertar na loteria duas vezes seguidas…

Sei que provavelmente estou me iludindo, pelo que o que realmente importa e o que realmente fica é que Ofelia abriu espaço para que Rubén Blades voltasse a mostrar seu trabalho dramático como há muito tempo não víamos – seria sua melhor atuação na série até agora? – e, no mesmo diapasão, fez com que a temporada parasse de ficar à deriva, com episódios soltos e perdidos sem relevância para a história principal. Se o que foi mostrado aqui continuará de verdade, saberemos em breve. A esperança, aquela que, dizem, é a última que morre, estava moribunda há algum tempo na temporada e seu 11º episódio nos lembrou que ela ainda respira, mesmo que com auxílio de aparelhos.

Fear the Walking Dead – 7X11: Ofelia (EUA, 1º de maio de 2022)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Alycia Debnam-Carey
Roteiro: Alex Delyle, David Johnson
Elenco: Lennie James, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay García, Austin Amelio, Mo Collins, Alexa Nisenson, Karen David, Christine Evangelista, Colby Hollman, Jenna Elfman, Keith Carradine, Rubén Blades, Omid Abtahi, Demetrius Grosse, Aisha Tyler, Sydney Lemmon, Gus Halper, Spenser Granese
Duração: 45 min.

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