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Crítica | Fear the Walking Dead – 7X12: Sonny Boy

Dom Quixote mandaria melhor.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Quando se tem uma série boa em mãos, as decisões de matar personagens importantes e/ou carismáticos torna-se um grande evento, algo a ser discutido por semanas a fio após o acontecimento. Por outro lado, quando se tem uma série que está mal das pernas, mais cambaleante do que os desmortos que retrata, matar um de seus poucos personagens interessantes, e, ainda por cima um vivido por ninguém menos do que Keith Carradine, é um ato de burrice mesmo, não tem outra palavra. Tanta gente para morrer (como Morgan, Morgan, Morgan, Strand, Morgan, Wes, Morgan, Luciana, Morgan ou algum outro das dúzias de coadjuvantes cujos nomes nem mais me lembro, tipo o Mor…) e o tambor com bala de Andrew Chambliss e Ian Goldberg para exatamente na direção de John Dorie, Sr., pai, aliás, de outro personagem icônico da série – o melhor do soft reboot a partir da quarta temporada – também morto pela dupla de showrunners que não sabe muito bem o que fazer com o material que tem em mãos a não ser estragá-lo mais ainda.

Mas o mais trágico é fazê-lo morrer de maneira bem imbecil, talvez para combinar com o que fizeram com seu filho. Sim, claro, a revelação de que ele já estava morrendo em razão da “radiação roteirística” da temporada cria aquela “inevitabilidade” da coisa toda, mas Dorie, fantasiado de Dom Quixote, se recusando a lambuzar-se com o sangue dos zumbis, comprovadamente a melhor maneira de enfrentar uma horda deles, é inexplicável. Ah, “não há tempo para isso”, diz Dorie, mas nós sabemos que isso é de uma preguiça de roteiro inacreditável, tudo para supostamente fazê-lo morrer corrigindo o mal que fez ao plantar provas contra Teddy anos atrás e, agora, contra Howard, de forma a conseguir ter os ouvidos de Strand para si.

É, chegamos a outro ponto que me irritou. Se Strand é tão malvadão assim – e ele é, que fique claro, mas um malvadão do tipo Coringa da série do Batman de 1966 – Dorie dar uma coronhada nele e deixá-lo desacordado no chão de sua sala me parece outra medida imbecil. Quer fazer algo pelo bem de todos, evite o raio da guerra que está chegando, pois muito mais gente morrerá nela, matando o chefão, especialmente depois que o segundo-em-comando foi defenestrado. Ele tinha o prato e a faca na mão (ou o copo e a pistola), mas preferiu fazer cosplay de Cervantes para ter um fim supostamente cinematográfico.

Ah, tem mais coisa que me irritou (uma irritação leva à outra…): a morte de Howard. Não me importo absolutamente com a morte dele, vejam bem. Mas o que o roteiro faz aqui é repetir pela terceira vez nessa segunda metade da temporada, a estrutura de “apresentar um personagem novo para matá-lo”. Calma. Eu não estou maluco (ainda). Meu ponto é que nunca, em momento algum soubemos de alguma coisa do passado de Howard para além de ele ser apreciador de peças de museu. O sujeito era um personagem que mal podemos chamar de personagem propriamente dito, já que ele não passava de lacaio subserviente e menos do que unidimensional (semidimensional?) de Strand, o famoso “yes man” sem a menor personalidade. Bastou Dorie extrair um pouquinho de passado do cara, com a revelação de que ele era um forjador de relíquias históricas com uma família amada que o abandonou antes do mundo acabar e que cultivava a torre na esperança de que eles um dia voltassem (ele nunca saiu para procurar esposa e filho???), para ele ser catapultado do topo do prédio. Então sim, mas um “novo” personagem que nos é apresentado somente para morrer.

Mas minhas maiores irritações acabam aí (as maiores, pois tem outras que não vou ficar aqui destrinchando, pois é perda de tempo). Afinal, tem coisa boa nesse episódio. Uma delas é que, até a marca dos 25 minutos, mais ou menos quando Dorie passa a ser o segundo-em-comando de Strand (mesmo já levando em consideração a morte de Howard), o episódio se segurou bem como uma história de redenção para o caubói idoso. Toda as questões dos rádios sendo achados, pessoas voando velozmente em direção ao chão, a existência de um movimento de resistência e Dorie ter sido quem plantou o rádio no quarto de Howard funcionaram para mim. O problema é que, quando o episódio chegou nesse ponto, olhei para o relógio e pensei algo como “pronto, agora os créditos subirão” somente para eu perceber que ainda faltavam outros 20 minutos…

Com menos uma razão para assistir Fear the Walking Dead, essa temporada está realmente testando minha paciência. Quem eu tenho para torcer agora se os dois caubóis se foram? Alicia Terminator Virulenta? June Sombra do que Foi? Tem Daniel Demente Assassino, claro, mas, pelo andar da carruagem, vão novamente enterrar o personagem em algum canto, isso se não o matarem fantasiado de Sancho Pança em cima de um burrico…

Fear the Walking Dead – 7X12: Sonny Boy (EUA, 08 de maio de 2022)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Ron Underwood
Roteiro: Justin Boyd, Jacob Pinion
Elenco: Lennie James, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay García, Austin Amelio, Mo Collins, Alexa Nisenson, Karen David, Christine Evangelista, Colby Hollman, Jenna Elfman, Keith Carradine, Rubén Blades, Omid Abtahi, Demetrius Grosse, Aisha Tyler, Sydney Lemmon, Gus Halper
Duração: 42 min.

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