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Crítica | Fear the Walking Dead – 8X02: Blue Jay

Botando o dedo na ferida.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Quando Blue Jay acabou, minha reação imediata foi positiva em relação ao episódio. Mas positiva de verdade, do tipo “finalmente acertaram em Fear the Walking Dead“. No entanto, como eu tinha que escrever a crítica não muito tempo depois, cometi um pecado capital no que se refere ao trabalho de Andrew Chambliss e Ian Goldberg no comando da série: eu comecei a pensar. E, quanto mais eu pensava, menos eu gostava do episódio e, ao final, mesmo ainda encontrando alguns elementos de qualidade, quase não mais reconhecia aquela pessoa que havia tido uma reação tão positiva ao final dos 43 minutos de projeção.

O ponto que mais me incomoda é bastante amplo e se refere à escolha dos showrunners de efetuarem um salto temporal de sete anos desde os eventos da temporada anterior. Ora, se é para todo mundo magicamente se reencontrar depois de ter trabalhado ou ainda trabalhar para PADRE e sem construir outros círculos de amizade, para que diabos pular no tempo? A única explicação que se encaixa é a que dei em minha crítica anterior e que repito aqui, ou seja, a necessidade puramente de marketing de se criar um “evento” para chamar a atenção dos espectadores e causar burburinhos nas cada vez mais importantes redes sociais. Ah, sim, alguns argumentarão que esse tempo permite que Madison se torne uma suicida e que June passe a ser uma colecionadora de dedos indicadores de soldados de PADRE como se isso fossem provas de desenvolvimento de personagens e não apenas mais dois exemplos de estratégias que não estão nem aí para realmente contar histórias, mas sim para servir de artifícios para gerar o chamado engajamento internet afora.

E eu nem quero dizer que a transformação de June não é interessante. Ela é. O problema é que são transformações reversíveis em um passe de mágica. Madison deixou de ser suicida ao final de Remember What They Took from You da mesma maneira que June deixou de ser a antiarmamentista com a estratégia mais imbecil do mundo para alcançar seu objetivo ao final do episódio batizado com seu nome código de passarinho. Ou seja, pela segunda vez seguida – e eu também previ que essa primeira metade da temporada teria como objetivo revelar os paradeiros de todo o grupo sobrevivente principal ao final de Gone, não é mesmo? -, um novo status quo é imediatamente revertido e, também pela segunda vez seguida, o salto temporal revela-se como essencialmente inútil a não ser para fazer crianças crescerem enquanto adultos ficam, apenas, menos penteados.

E, exatamente como no episódio anterior, testemunhamos uma “reunião” de personagens, com June quase cortando os dedos de Dwight e Sherry, e, de quebra, com mais uma criança nova filha de alguém ali em uma demonstração de um padrão cansado que chega a ser risível. Aliás, toda a conveniência que leva June a atirar nos dois e, depois, ter que extrair o apêndice do jovem Finch (Gavin Warren), que inclui ela ser achada (depois de sete anos!) por um personagem de uso único chamado Adrian (Jonathan Medina) e que, de quebra, também tem uma filha sumida que, obviamente, estava zumbificada lá no trem dos horrores de June e Shriek (prezado leitor, se você não matou essa charada logo de cara, você não tem visto séries ruins o suficiente…), é coisa de roteiro que claramente pinçou ideias de um monte de outras séries, inclusive The Walking Dead, e jogou tudo junto em um mesmo caldeirão para poupar tempo.

Mas, contudo, todavia, eu disse que o episódio tinha coisas boas, não? E ele tem mesmo. Se nos abstrairmos de todas as conveniências, bobagens e inutilidades que mencionei acima – e outras que esqueci ou que estou com preguiça de mencionar -, podemos apreciar a fotografia noturna do episódio, os zumbis radioativos (mas que, claro, não passam radiação) e a direção de Heather Cappielo que consegue impor um certo grau de tensão, além de alguns bons momentos de roteiro como o sacrifício de Adrian e o money shot da cabeça zumbificada dele ser usada para morder o recém-operado Finch como uma maneira completamente sem sentido de forçar June a trabalhar – sem dedo – para PADRE novamente (se eu tiver que explicar o porquê do “sem sentido” eu vou ficar zangado…). São, separadamente, boas ideias que acabam bem executadas, mas que, porém, no conjunto do episódio e também no conjunto do episódio dentro da série – não podemos nos esquecer disso nunca – perdem seu vigor e se tornam apenas isso mesmo, bons momentos que são perdidos em meio a um turbilhão de outras coisas, como… lágrimas na chuva…

Eu acabei minha crítica anterior sendo benevolente e dando meio HAL a mais do que eu realmente queria dar ao episódio, algo que reconheci ali mesmo, no ato. Só que, agora, estamos já no segundo capítulo e minha benevolência se foi. Portanto, não achem que estou sendo incongruente ao afirmar que Blue Jay consegue ser um episodio marginalmente superior ao anterior apesar de ter levado nota mais baixa, pois a explicação está bem aqui, neste parágrafo final. Agora é só aguardar para ver que outro personagem sumido será vítima de mais um dramalhão incongruente em Fear the Walking Dead.

Fear the Walking Dead – 8X02: Blue Jay (EUA, 21 de maio de 2023)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Heather Cappielo
Roteiro: Ian Goldberg, Andrew Chambliss
Elenco: Lennie James, Kim Dickens, Jenna Elfman, Austin Amelio, Christine Evangelista, Maya Eshet, Jonathan Medina, Gavin Warren
Duração: 43 min.

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