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Crítica | Fear the Walking Dead – 8X03: Odessa

O mate milagroso.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Dentro da proposta óbvia e cansativa de reunir o elenco fixo da série ao longo da primeira metade da derradeira temporada de Fear the Walking Dead, a bola da vez é Daniel Salazar que convenientemente surge como o líder do pequeno grupo de pais cujos filhos foram sequestrados e enviados para PADRE e que, mais convenientemente ainda (ou seria milagrosamente?), foi curado de seus problemas mentais com o bom e velho chá mate. Novamente, a passagem temporal de sete anos não tem função alguma, mas o conceito de colocar o ex-torturador transformado em dentista nessa posição é boa como uma forma de ele se redimir do passado.

O problema é que, semelhante à sua transformação em figurante desmiolado na temporada anterior, seu retorno é uma decepção. Definitivamente, os showrunners decidiram apagar Daniel da série, mas, no lugar de matar logo o personagem fora das telas (“ah, ele morreu em uma vala de beira de estrada cinco anos atrás” ou “acho que um zumbi era a filha dele, foi mordido e está provavelmente perambulando por aí atrás de cérebros”), ficam criando todos os artifícios para torná-lo desinteressante. Sua liderança do exército de pais e mães é tépida para usar um eufemismo e sua reconexão com Madison e June chega a ser engraçada de tão xoxa (“ah, você está viva, bacana, como foi seu final de semana?” ou “puxa, que pena que você não apareceu antes de sua filha seguir o caminho do dodô?”) a ponto de sua presença no episódio ser completamente desnecessária.

Aliás, Daniel é tão desnecessário em Odessa que ele sequer tem destaque. Sua história – se é que posso chamar assim – não é mais do que um detalhe em meio à tentativa de Madison e June de converter a jovem do título para sua causa e os flashbacks de origem dos irmãos Debi e Lóide. Falando nessa duplinha do barulho, estamos diante de mais um exemplo – o terceiro seguido! – de, como um leitor bem classificou em comentário em minha crítica anterior, “ladainha do segredo secreto”. Novamente uma personagem – no caso Debi, ou melhor, Shrike – repete mil vezes que não pode contar seu segredo e, como de costume, ela acaba contando, com o agravante dos já mencionados retornos ao passado em que somos apresentados a seu pai e seu irmão em uma sucessão de eventos que já vimos dezenas de vezes antes.

Diria até mesmo que, dentre todos os “segredos secretos” até agora, esse é o que menos ecoa e o que menos tem peso dramático, pois simplesmente não conhecemos Shrike e sua família, além de ser completamente inverossímil – não que isso verdadeira importante nessa altura do campeonato – o desenvolvimento de órfãos tristonhos a líderes secretos de uma comunidade sequestradora de crianças. A própria lógica para os dois perpetuarem as mentiras sobre os pais das crianças que eles sequestram é completamente bobalhona e insustentável se pararmos por um segundo para pensar, algo que, como disse em meus comentários em Blue Jay, é algo que a temporada vem implorando para não fazermos.

E olha que eu até reconheço o esforço de Andrew Chambliss e Ian Goldberg para criar linhas narrativas novas para a última temporada da série, mas, infelizmente, como em quase tudo que fizeram desde que assumiram o controle de Fear, eles simplesmente não conseguem sair do básico ou do mais do mesmo, ainda que, aqui e ali, haja lampejos de boas ideias. Entre Daniel à deriva, Madison tentando dar uma de durona e sabichona e June choramingando pelos cantos por “tudo o que ela foi forçada a fazer”, sem contar com Morgan que sempre pode aparecer para soltar sua filosofia de boteco, quer parecer que a série vai mesmo acabar da mesma maneira que começou: irrelevante.

Fear the Walking Dead – 8X03: Odessa (EUA, 28 de maio de 2023)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Ron Underwood
Roteiro: Ian Goldberg, Andrew Chambliss
Elenco: Kim Dickens, Jenna Elfman, Rubén Blades, Maya Eshet, Zoey Merchant, Jayla Walton, Daniel Rashid, Jayla Walton, Gavin Warren, Jennifer Christa Palmer
Duração: 43 min.

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