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Crítica | Feito na América

Tom Cruise em mais uma de suas aventuras.

por Fernando JG
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Inspirado livremente na vida do traficante Barry Seal, Feito na América, de Doug Liman (A Identidade Bourne e Sr. e Sra Smith), é um filme dos gêneros de ação e comédia, estrelado por Tom Cruise no papel de Barry. Cooptado pela CIA para fazer fotografias aéreas do território de inimigos políticos, ele acaba se vendendo ao Cartel de Medellín numa dessas viagens. Com o livre acesso tanto do lado norte-americano quanto do lado colombiano, Berry vê nesta possibilidade de trânsito uma chance de fazer dinheiro sem que ninguém desconfie, isto é, enquanto tira as fotos para a CIA, faz seu pé de meia levando cocaína da Colômbia para os Estados Unidos. No entanto, as coisas se complexificam na medida em que outros agentes oficiais e não oficiais são envolvidos no esquema, que se torna um esquema de comércio em triângulo. 

Com direção rotineira de Doug Liman, que já está acostumado a lidar com enredos desta espécie, o longa trabalha em cima de um roteiro extenso, apostando em múltiplas ações que dão volume ao filme, conferindo à peripécia um papel importante no desenrolar das coisas, ligando um ato ao outro de maneira coerente e coesa, ainda que enchendo a fábula fílmica de episódios, inchando o filme. De certo, embora haja uma sucessão de fatos correndo de maneira incessante no tempo de tela, a mensagem que se passa é uma só e diz respeito ao caráter duvidoso do governo estadunidense. O filme não requer outra coisa senão isso: os Estados Unidos da América estão do lado de quem os convém, seja criminoso ou não. Isso é muito claro no decorrer do enredo. Embora fale também de ambição, e ela seja bem representada pela figura de Barry, é notório que o personagem é só mais uma peça do tabuleiro e não uma pessoa distinta que faz proezas notáveis sem ser pega. 

Aqui, tudo é muito pastelão. A utilização do gênero comédia justifica esse aspecto mais solto do filme, o que acho, pessoalmente, uma belezura. Há um tom de humor inocente, embora o assunto seja tenso, que vai guiando o filme para perto de uma situação sempre risível, dando leveza ao curso enredísco. Inúmeras cenas são divertidas e quando o longa-metragem está próximo de cair no limbo, é este coelho que o cineasta tira da cartola para poder dar um ‘up’ à película. 

É um argumento de ação, mas o estilo é comédia, que ganha corpo pela liberdade empregue numa espécie de found-footage medíocre, em cuja montagem fílmica segue um ritmo descompromissado com qualquer seriedade, com uma estrutura dinâmica que confere velocidade à narrativa. E a velocidade narrativa, como se sabe, é um ponto chave do gênero, não deixando a gente se apegar afetivamente aos personagens e às tramas.

Tom Cruise… tenho a impressão de que a cada ano que passa, a cada velhice que chega, o homem fica mais cansado e preguiçoso, fazendo papéis que não demandam absolutamente nenhum esforço para um ator que já protagonizou filmes perfeitos como Magnólia e De Olhos Bem Fechados. Sim, são gêneros diferentes, mas ele tem escolhido ficar nessa zona de conforto bem mediana e o resultado é também um meio tom insuperável. O seu papel aqui é seguro, ele domina o seu personagem, não faz nada demais e se garante por meio de um roteiro que lhe indica cada passo que tem de seguir. 

American Made conclui seu arco-dramático de modo que todas as tramas abertas sejam solucionadas prontamente, isto é, eliminando o grande problema que movimentou todo o enredo do filme. Eliminando-o, encerram-se os arcos sem precisar justificar coisa alguma ou elaborar um encerramento ficcional de feição mais complexa. É divertido, rende algumas boas risadas, te prende pelas infinidades de ações que vão se desenrolando com as múltiplas peripécias geradas e, enfim, conclui de maneira facilitada mas coerente o curso de um filme da série C do cinema. 

Feito na América (American Made, EUA, 2017)
Direção: Doug Liman
Roteiro: Gary Spinelli
Elenco: Tom Cruise, Domhnall Gleeson, Sarah Wright, Jesse Plemons, Caleb Landry Jones, Jayma Mays, Lola Kirke, Connor Trinneer, Mauricio Mejía, Alejandro Edda, Benito Martinez, Fredy Yate, E. Roger Mitchell, Jed Rees
Duração: 115 min.

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