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Crítica | For All Mankind – 3X08: The Sands of Ares

Da tragédia à cooperação.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Depois de uma escorregada rítmica em Bring It Down, For All Mankind reergue-se com The Sands of Ares, episódio que lida, claro, com o resgate dos sobreviventes em solo – e subsolo – marciano, ainda que não seja ainda o retorno da abordagem mais direta do astronauta Will Tyler que, a essa altura do campeonato, suspeito que foi personagem de uso único mesmo, com função bem específica. Seja como for, as escolhas equivocadas que povoaram o episódio anterior estão ausentes aqui, que conta com uma abordagem interessante, curiosa e, em última análise benvinda para o que poderia ser uma história movimentada clichê.

Apesar de grande parte do episódio ser focado em Marte, o que já era de se esperar, um de seus mais delicados momentos acontece na Terra, com a conversa entre Ellen e sua ex-namorada Pam. Ver Jodi Balfour e Meghan Leathers atuando uma oposta à outra foi como realmente ver duas mulheres que há muito tempo foram apaixonadas, mas que a ambição de uma levou à separação. As duas atrizes, além da direção de Dan Liu, souberam o usar o silêncio a seu favor e trabalharam unicamente como micro expressões faciais para transmitir seus respectivos sentimentos para além do que foi dito. Pam fez, ao que tudo indica, a única coisa que poderia mesmo fazer, considerando que ela, mais cedo ou mais tarde, perderia Ellen em razão de suas decisões. Ellen sabe que aquilo que Pam diz para ela é a verdade e não há muita escapatória disso, mas o que fica evidente é que Pam queria que pelo menos esse sacrifício – que ela sabe que não foi só dela – pagasse dividendos com Ellen no poder. Pam queria ver mudanças na situação daqueles que não se enquadram na “norma” em termos de orientação sexual e gênero e tudo o que ela viu foi Ellen chegando a meios-termos, o mais recente deles a legislação do “não pergunte, não conte”.

Como estamos apenas a dois episódios do final da temporada e, se o padrão da série se mantiver com um salto temporal, esse final será a última oportunidade para que algo radical aconteça e fica a pergunta se uma Ellen saindo do armário em rede nacional, que é o que vejo que pode ser feito de maneira direta e abrangente em tão pouco tempo, e pedindo mudanças radicais de comportamento e legislação, será o suficiente para, a médio e longo prazo causar as mudanças necessárias nessa História Alternativa. O perigo das elipses temporais é justamente de “roubar” o tempo de desenvolvimentos mais orgânicos dentro da história, exigindo momentos “dá ou desce”, mas temos que convir que For All Mankind tem acertado bastante nesse quesito.

Também na Terra, pela primeira vez as três maiores forças no planeta – os EUA, a URSS e o setor privado – realmente sentam para trabalhar juntos para solucionar o problema que se tornou focal em Marte: salvar Ed e Danny que estão presos no Hab da Phoenix que, por sua vez, está enterrado por toneladas de areia e terra. Eu gostei muito que o momento foi usado para abrir um pouco mais de espaço para Dev em uma sequência bonita em que ele se abre a Margo, contando o lado sombrio da história de seu pai que ele é obrigado a esconder porque os americanos só gostam de histórias de sucesso. E também gostei que, quando Dev está em seu ponto mais baixo, em que ele basicamente está próximo de perder a empresa que construiu em razão de um problema atrás do outro na Corrida Espacia, ele chega à solução que eventualmente salva a dupla de astronautas, cavando não de cima para baixo, mas usando os tubos de lava para chegar embaixo do Hab.

Lá dentro, acompanhamos um pouco da conversa entre Danny e Ed que, de certa forma, ecoa a de Karen e Jimmy na Terra, com o jovem finalmente lutando para enxergar seus problemas e fazendo de tudo para ajudar Ed. Quando ele assume parte da responsabilidade pela morte de Shane ao afirmar que ele, Danny, sempre foi o líder das bagunças que os dois faziam e que, não fosse isso, Shane jamais estaria de castigo naquele dia e que, portanto, não sairia de bicicleta, percebemos que Danny entendeu o tamanho do problema em que se encontra e que ele sabe que precisa de ajuda novamente. Eu só espero que isso não signifique que sua responsabilidade sobre o que ocorreu em Marte não seja convenientemente esquecida…

Finalmente, não sei muito bem o que pensar da gravidez de Kelly. Não que ela não possa acontecer ou devesse ocorrer, mas sim qual será o efeito disso em relação à agora conjunta missão espacial. Eles terão que voltar antes do tempo planejado, o que significa voltar à procurar água para produzir combustível, ou será que teremos o primeiro bebê espacial? Eu só espero que não exista uma disputa idiota entre quem fica com o bebê, se Kelly ou os pais do astronauta morto por pressão da KGB…

Seja o que for, The Sands of Ares encaminhou bem a temporada para sua estirada final. Muito foi dito, muito foi sentido, muito se perdeu, mas todo mundo ali sabe que é necessário seguir em frente de uma maneira ou de outra, nem que seja carregando nos ombros suas responsabilidades e culpas.

For All Mankind – 3X08: The Sands of Ares (EUA, 29 de julho de 2022)
Criação: Ronald D. Moore, Matt Wolpert, Ben Nedivi
Direção: Dan Liu
Roteiro: Joe Menosky, Eric Phillips
Elenco: Joel Kinnaman, Wrenn Schmidt, Krys Marshall, Shantel VanSanten, Sonya Walger, Casey W. Johnson, Jodi Balfour, Coral Peña, Cynthy Wu, David Chandler, Edi Gathegi, Piotr Adamczyk, Tony Curran, Robert Bailey Jr., Heidi Sulzman, Taylor Dearden, Lev Gorn, Vera Cherny, Pawel Szajda, Lenny Jacobson, Alexander Sokovikov, Meghan Leathers
Duração: 62 min.

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