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Crítica | For All Mankind – 3X09: Coming Home

Perdido em Marte!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Confesso que a reviravolta no final de Coming Home me pegou completamente de surpresa e isso é algo bastante raro de acontecer comigo. Eu esperaria até mesmo um “robô sentinela” norte-coreano que fosse ativado pela proximidade da missão conjunta soviético-americana para obter peças para consertar o módulo de transporte da Phoenix, mas não um norte-coreano barbado e armado prestes a atirar nos dois. O que raios ele está fazendo ali e, mais ainda, há quanto tempo ele está em Marte? Chegou antes de Dani e Kuznetsov? Se sim, como é que ele sobreviveu esse tempo todo?

Essa novidade – que, em retrospecto, até faz sentido e é uma jogada sem dúvida interessante e com potencial, ainda que, com apenas um episódio faltante, não sei que efeito prático poderá ter – foi tão surpreendente que ela conseguiu eficientemente “apagar” tudo o que veio antes e, quando os créditos começaram a rolar, só conseguia pensar no périplo do sujeito perdido em Marte há sei-lá-quanto-tempo e sobrevivendo sei-lá-como e toda minha curiosidade, portanto, ficou e permanece direcionada a ele a ponto de eu muito sinceramente querer um episódio na forma de flashback dedicado ao sujeito. Sei que não teremos algo nessa linha, mas seria muito interessante ver a versão For All Mankind de Perdido em Marte, ou, melhor ainda, de Robinson Crusoé em Marte.

Eu simplesmente tinha que começar com o final, mas tenho consciência de que preciso rebobinar e voltar ao começo, até porque finalmente tivemos um grande desenvolvimento no que se refere à presidência de Ellen Wilson. Nada surpreendente, que fique bem claro, até porque eu previ exatamente isso em comentários anteriores: que ela compensaria seu passado em que escondeu sua homossexualidade e, durante a presidência, nada de efetivo fez para mudar a situação, convocando uma coletiva de imprensa para sair do armário na televisão mundial, tendo como exemplo o astronauta Will Tyler. Como disse antes, essa era, basicamente, a única saída se levarmos em conta a estrutura normal da série, que é promover saltos temporais significativos entre temporadas. Agora só resta saber se os showrunners terão um olhar positivo sobre a humanidade, acelerando a “normalização” da situação ou negativo, levando à basicamente uma guerra civil.

Ainda sobre esse ponto, gostei bastante do encadeamento de eventos desde a revelação de Will Tyler sobre sua sexualidade em New Eden. Teria sido simplista e irreal demais o salto desse ponto à coletiva de imprensa de Ellen, pelo que os eventos intermediários, todos eles basicamente gravitando ao redor de Larry e seu caso extraconjungal, que levam a presidente a tomar de assalto a coletiva de imprensa do marido em que ele assumiria toda a responsabilidade de forma a desviar a atenção de sua esposa. Claro que alguns poderão ainda achar que tudo se deu talvez rapidamente demais, mas, novamente, isso é um problema – que, aqui, não detectei de maneira tão preponderante, vale dizer – que vem da própria estrutura da série como um todo que precisa ficar “apertada” em razoavelmente breves 10 episódios para lidar com diversos núcleos em lugares muito diferentes.

Permanecendo por enquanto na Terra, outros dois núcleos mereceram destaque. Um deles é encabeçado por Aleida e sua obsessão em descobrir o responsável pelo vazamento das especificações técnicas do motor nuclear da NASA aos soviéticos levando-a a concluir, inexoravelmente, de que foi sua própria mentora Margo Madison. Sua consulta ao amigo Bill ratifica sua conclusão e precipita o contato com o FBI, fazendo com que a bola de neve que ela talvez tivesse esperança de adiar ou impedir, começasse a rolar a ponto de ela perder completamente o controle. Será interessante ver se o assunto será resolvido já no último episódio, eliminando Margo do tabuleiro e se, consequentemente, Aleida tomará seu lugar, ainda que ela, justamente por ser protegida de uma traidora, possa acabar sofrendo indiretamente.

Também na Terra, temos outra bola de neve descontrolada, desta vez na Helios, com Dev ainda entusiasmado com a ideia de explorar Marte, mas sem encontrar eco em sua diretoria. Karen sugere a venda da Phoenix para a NASA de maneira a resolver o problema imediato da solvência da empresa e isso a leva a chamar a atenção da diretoria, que decide tirar Dev do cargo de diretor executivo que, então, passaria a ela. Ela aceitando ou não, será crucial entender como é que isso levar a Helios de volta ao caminho de Marte, já que, ao que tudo indica – e muito na linha do que deseja o Congresso americano – o programa espacial está sendo paralisado como, aliás, foi na vida real por um tempo bastante razoável, só retomando interessante mais recentemente.

Em Marte, o que realmente me interessa saber no momento não é o parto do primeiro marciano sendo potencialmente acelerado e nem como os astronautas conseguirão voltar à Phoenix, mas sim como é que, no final das contas, Danny será responsabilizado pelo que fez. Afinal, o relatório oficial o isentou de qualquer culpa e, mesmo ele não tendo ficado exatamente feliz com isso, nada de efetivo foi feito para reverter o quadro. Meu medo maior é que ele acabe morrendo em um ato heroico no último episódio e toda sua irresponsabilidade seja enterrada de vez…

Coming Home foi um episódio movimentado, mas, mesmo assim, ainda há muito a ser abordado no capítulo que encerrará a temporada. Temos o mundo pós-saída do armário presidencial, a investigação do FBI, a sucessão na NASA, os novos caminhos da Helios sob o comando de Karen, a gravidez perigosa de Kelly, a responsabilização de Danny, o retorno para casa e, claro, o norte-coreano ilhado em Marte. Ao que tudo indica, o final de ano de For All Mankind passará em um piscar de olhos!

For All Mankind – 3X09: Coming Home (EUA, 05 de agosto de 2022)
Criação: Ronald D. Moore, Matt Wolpert, Ben Nedivi
Direção: Craig Zisk
Roteiro: David Weddle, Bradley Thompson
Elenco: Joel Kinnaman, Wrenn Schmidt, Krys Marshall, Shantel VanSanten, Sonya Walger, Casey W. Johnson, Jodi Balfour, Coral Peña, Cynthy Wu, David Chandler, Edi Gathegi, Piotr Adamczyk, Tony Curran, Robert Bailey Jr., Heidi Sulzman, Taylor Dearden, Lev Gorn, Vera Cherny, Pawel Szajda, Lenny Jacobson, Alexander Sokovikov, Meghan Leathers
Duração: 46 min.

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