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Crítica | Fotos Proibidas (1970)

por Luiz Santiago
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Embora tenha entrado para o cinema como diretor de 2ª unidade ainda no início dos anos 1950, Luciano Ercoli só viria a assinar a direção de um filme em 1970, com este Fotos Proibidas. O novato no cargo, todavia, passou toda a década de 60 produzindo filmes, de modo que sua visão para o cinema (e muito de seu estilo) veio através de uma frequente observação, desenvolvimento e discussão das obras que produziu. A carreira de Ercoli como diretor foi curta, com apenas oito títulos assinados, sendo os três primeiros os principais e mais conhecidos de sua filmografia. Todos os três classificados como giallo.

O roteiro de Ernesto Gastaldi e Mahnahén Velasco procura desenvolver o drama em torno de Minou (Dagmar Lassander) utilizando um caminho de jogo erótico, não apenas envolvendo fotos, mas também uma representação submissiva da personagem diante de seu algoz, interpretado por Simón Andreu. Assim como em muitos outros gialli, o bom uso da libido serve para criar camadas paralelas de problemas, especialmente quando se fala da classe burguesa, que sempre tem muita coisa para esconder, disfarçar e impedir que chegue ao grande público. E é com esse aspecto de máscaras sociais que o texto joga aqui, só que de uma forma quase irresponsável.

E digo “quase irresponsável” porque o mistério em cena (não muito difícil de se resolver, porque é uma recorrência no gênero), se aproveita pouco das “fotos proibidas“. Elas acabam servindo como um condutor dramático interessante, inserem a personagem num ambiente que lhe é estranho (de alguma forma me lembrou os tormentos de Mimsy Farmer em O Perfume da Senhora de Negro), serve como parte de um processo de chantagem e aparece como citação cômica e muitíssimo deslocada no final da obra, mas fora isso, não é um elemento narrativo que o espectador verá ganhar toda a atenção do texto. E em torno do qual as coisas vão girar.

Na verdade, é o que foi registrado nessas fotos (nudez, ato sexual) que serve como principal impulso para o enredo. E mesmo assim, o espectador atento notará que há algo oculto se desenvolvendo… algo que ainda não sabemos, a surpresa que deve ser desvendada pela parcial investigação que então se dá. Como sempre, é a graça e uma das decisões dramáticas recorrentes do giallo. Entretanto, essa apresentação das fotos e suas possíveis consequências não se fortalece no decorrer da obra. Os problemas ligados ao estupro da protagonista, as atitudes cada vez mais estranhas do marido e da amiga é que passam a cumprir um papel de destaque, com Minou descendo aos infernos do abuso, cercada por cenários que contrastam entre o clean fortemente iluminado e o barroco sombrio.

A ganância mascarada é o principal “agente nas sombras” de Fotos Proibidas, que faz uma representação interessante do Gaslighting. Os ingredientes gerais do gênero estão aqui, mas é justamente o processo de transformação psicológica da protagonista que interessa ao diretor, e isso se vê na forma como ele apenas ensaia os assassinatos; além da forma como dirige o elenco (Dagmar Lassander faz um ótimo trabalho com a personagem, especialmente no ato final). No lugar dos esperados assassinatos estilosos, temos abuso físico e psicológico e uma exibição clara da ausência de moral e humanidade naqueles que fazem qualquer coisa para obter lucro. Mesmo que seja destruir a vida de alguém.

Fotos Proibidas (Le Foto Proibite di Una Signora per Bene / The Forbidden Photos of a Lady Above Suspicion) — Itália, Espanha, 1970
Direção: Luciano Ercoli
Roteiro: Ernesto Gastaldi, Mahnahén Velasco
Elenco: Dagmar Lassander, Pier Paolo Capponi, Simón Andreu, Osvaldo Genazzani, Salvador Huguet, Nieves Navarro
Duração: 96 min.

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