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Crítica | Frasier – 1X01: The Good Son

Um brinde para a verdadeira herdeira de Cheers.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 11
Número de episódios: 264
Período de exibição: 16 de setembro de 1993 a 13 de maio de 2004
Há continuação ou reboot?: A série é um spin-off de Cheers, série em que Frasier Crane é introduzido. O personagem faz também uma única participação especial na série Wings. Há um revival anunciado de Frasier, que será lançado ainda em 2022.

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Cheers fez um sucesso estrondoso ao longo dos prolíficos 11 anos em que ficou no ar, ajudando a modernizar as sitcoms americanas. The Tortellis, seu primeiro spin-off, lançado em 1987 enquanto a série original ainda estava sendo transmitida, porém, foi um fracasso retumbante, sobrevivendo por apenas uma magra temporada de 13 míseros episódios. Foi apenas em 1990 que o Cheersverso ganhou um membro de sucesso, De Pernas pro Ar, ainda que a série não seja propriamente um spin-off, mas sim, apenas, uma obra que compartilha o mesmo universo, com o mesmo acontecendo com a série médica St. Elsewhere. É Frasier, portanto, a verdadeira herdeira de Cheers, servindo não só de obra derivada, mas também de continuação, iniciando alguns meses depois do fim da série mãe e focando no psiquiatra radialista Frasier Crane, vivido por Kelsey Grammer.

Introduzido na terceira temporada de Cheers como interesse amoroso da co-protagonista Diane Chambers (Shelley Long), Frasier ganhou vida própria não muito tempo depois, permanecendo na série como um dos mais importantes coadjuvantes até seu final. Quando sua série solo começa, o psiquiatra não está mais em Boston, mas sim do outro lado do país, em Seattle, ainda com seu programa na rádio, mas divorciado de Lilith Sternin (Bebe Neuwirth), com o gatilho narrativo da série sendo até prosaico, mas muito eficiente: seu irmão Niles Crane (David Hyde Pierce) convence Frasier a abrigar seu pai, Martin (John Mahoney), que tem problema de mobilidade em razão de um tiro que levou como policial, em seu apartamento onde planejava começar sua vida de solteiro. E, como se isso não bastasse, o protagonista ainda se vê forçado a contratar uma ajudante que se materializa na forma da excêntrica (código para doidinha de pedra) imigrante britânica Daphne Moon (Jane Leeves), que também passa a dividir o apartamento com os dois Cranes.

Assim como Cheers, The Tortellis e De Pernas pro Ar, há o uso extensivo de um cenário principal, no caso o amplo apartamento de Frasier com vista panorâmica da cidade, inclusive a famosa armadilha de turista batizada de Space Needle. Não há a dinâmica de entrada e saída de personagens variados como na série original, claro, mas o cuidado na criação do ambiente sofisticado que é “quebrado” pela presença do pai, que faz questão de enfiar sua poltrona surrada no meio dos móveis grifados do filho (lembrando muito os do Narrador, em Clube da Luta) é uma preciosidade, permitindo excelente desenvoltura dos personagens e das câmeras que trabalham como se estivessem acompanhando uma peça de teatro.

Mas a verdadeira joia de Frasier é a dinâmica entre os personagens. Mesmo pessoalmente não gostando tanto de Kelsey Grammer e David Hyde Pierce, sou o primeiro a reconhecer que os dois como Frasier e Niles, irmãos psiquiatras que competem em tudo, funcionam muitíssimo bem tanto um com o outro quanto um ou os dois com os ótimos John Mahoney e Jane Leeves (além do cachorrinho do pai, claro). O trunfo é o uso inteligente de um tropo clássico de filmes e séries, as personalidades opostas que entram em conflito. Frasier é bem-sucedido e sofisticado, mas Niles considera-se superior, mantendo seu nariz em pé com constância, algo que é visto logo nos primeiros segundos de The Good Son, quando os dois estão conversando em um bar sobre o pai. Martin é o veterano grosseiro, de classe média, que não tem a menor preocupação com as frugalidades da vida. Daphne, finalmente, é a cola que liga os três Cranes com medidas iguais de doçura e doideira – e sotaque britânico – que faz tudo funcionar no final um tanto quanto brusco do episódio piloto.

Frasier, nesse “episódio de origem”, não é tão refrescante e brilhante quanto Cheers foi em Give Me a Ring Sometime, mas o DNA é inegavelmente o mesmo, ainda que com naturezas bem diferentes, e as sementes são cuidadosamente plantadas para que o show germinasse como germinaria ao longo de seus 11 anos de vida. Sem dúvida um ótimo começo para uma série que, como a que lhe deu origem, marcou sua época.

Frasier – 1X01: The Good Son (EUA, 16 de setembro de 1993)
Criação e desenvolvimento:
David Angell, Peter Casey, David Lee
Direção: James Burrows
Roteiro: David Angell, Peter Casey, David Lee
Elenco: Kelsey Grammer, David Hyde Pierce, Jane Leeves, John Mahoney, Peri Gilpin
Duração: 24 min.

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