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Crítica | Fullmetal Alchemist – Vol. 3

por Guilherme Coral
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estrelas 5,0

Obs: leia também as críticas dos demais volumes do mangá, aqui.

A busca pela Pedra Filosofal continua após os dramáticos eventos da segunda edição de Fullmetal Alchemist. A autora, Hiromu Arakawa, porém, ainda tem muito de seu universo para nos apresentar e consegue fazê-lo de forma a não soar extremamente didática, sempre justificando tudo através de sua narrativa coesa e coerente, o que chega a me deixar em uma posição bastante estranha, pois dos três primeiros volumes, nenhum deles contou com menos que quatro estrelas e meia, mas garanto que a qualidade da obra é incontestável, antes que eu seja acusado de favoritismo.

fma-capa-3Após serem derrotados por Scar, Edward e Alphonse Elric regressam à sua cidade natal para consertarem o automail do irmão mais velho pela vovó Pinaco. Lá eles se reencontram com  Winry Rockbell, a neta e ajudante da senhora especialista nas próteses mecânicas. Arakawa utiliza, portanto, esse trecho inicial para nos mostrar um pouco mais do passado dos dois irmãos, revelando o desaparecimento de seu pai e o quão determinados foram desde pequenos. É interessante como a escritora não se perde em flashbacks muito extensos, afinal, está os inserindo no meio de um diálogo entre a vovó e o Major Armstrong, um dos melhores alívios cômicos de todo o mangá.

Sabiamente, porém, ela não limita esse segundo volume à reminiscência apenas e logo retoma o caráter investigativo que a história assume, quando os Elric vão para a cidade central tentar encontrar as pesquisas do Dr. Marcoh. Chega a ser impressionante como, no meio disso, ela consegue não se esquecer de personagens já apresentados e insere alguns trechos a fim de mostrar o que eles fazem, ao mesmo tempo que cria em nós a noção de passagem de tempo dentro do roteiro. Tudo funciona de maneira bastante dinâmica, ao passo que não cria momentos desnecessários dentro da trama – tudo tem seu papel bastante claro na narrativa e não nos distancia da trama principal, visto que tudo está conectado.

A edição ainda conta com sua dose de ação nos capítulos finais e, como de costume, Arakawa sabe trazer confrontos que bastante se diferenciam dos que já vimos antes. Há uma criatividade notável aqui, não se trata apenas do velho soco para cá e chute para lá, a mangaká coloca sempre novas condições em cada combate, seja pela vulnerabilidade dos personagens principais ou pelas características do antagonista. Além disso, ela emprega diálogos que criam pontos a serem explorados em edições posteriores, gerando dúvidas e novas subtramas dentro da história.

Naturalmente não poderia me esquecer do caráter nefasto da “receita” para se fazer a Pedra Filosofal, o que altera completamente a trama, já que ela funciona como um grande macguffin para os dois irmãos. A autora aqui já insere uma pista para os eventos maiores que irão ocorrer no decorrer do mangá, mostrando o quão sombrio pode ser esse universo.

Algo digno de nota, também, é o amadurecimento do traço da autora, cada vez mais sentimos como se ela contasse com um domínio maior sobre sua obra, trazendo linhas mais limpas e uma maior expressividade dos personagens. Vale ressaltar que muito do humor acontece justamente em virtude das reações dos indivíduos, claro que apoiado pelo texto que forma uma mistura bastante homogênea com a imagem. Isso sem falar, é claro, na facilidade que Hiromu tem em migrar do drama para a comédia em poucos instantes, sabendo perfeitamente o que cada situação pede e impedindo que a história fique muito sombria ou exageradamente descontraída.

Fullmetal Alchemist continua, portanto, em seu sexto volume, a nos surpreender, nos trazendo um enredo que caminha sempre para frente, fazendo pontuais pausas justificadas, que ajudam a construir os personagens já conhecidos. Temos aqui uma história que segue de forma tão fluida que chega a nos impressionar, com um acontecimento sempre levando a outro, criando uma percepção de que estamos diante de um longo filme, apesar de sua estrutura capitular. Certamente não é uma edição tão dramática quanto a anterior, mas conta com um importante valor narrativo de qualquer forma.

Fullmetal Alchemist – Vol. 3 – Japão, 2002
Roteiro: Hiromu Arakawa
Arte: Hiromu Arakawa
Editora (no Japão): Square Enix (originalmente Enix)
Editora (no Brasil): Editora JBC
Páginas: 192

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