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Crítica | Futuro Imperfeito (Tie-In de Guerras Secretas – 2015)

por Pedro Cunha
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  • Leia a crítica da saga aqui e dos demais tie-ins aqui.

A iniciativa de ter histórias que correm em paralelo com a saga principal, Guerras Secretas, é algo muito interessante. Além do fato de o escritor ter total liberdade sobre o conteúdo que está a criar, ter uma trama com um início, meio e fim é algo que nem todo o roteirista de quadrinhos possui. Hoje vemos histórias que não possuem nenhuma intenção de terminar sua narrativa. Mas nem tudo são flores, assim como esses quadrinhos, chamados Zonas de Guerra, entregaram plots muito interessantes, em alguns casos eles também não tiveram êxito na sua missão.

No case de Futuro Imperfeito, minissérie que dá continuidade para a saga com o mesmo nome, onde Hulk (que agora é chamado de Maestro) é um líder supremo da terra pois conseguiu derrotar a maioria do outros heróis, temos uma obra que não se encaixa nem na parte boa, nem na parte ruim das “Zonas de guerra”.

No quadrinho, Maestro tem a chance de ser alguém maior do que já é. O verdão, além de dominar a terra, também quer expandir seu domínio para todo o universo, mas para fazer isso ele deve derrotar o Destino. Não se espante se você não encontrar toda essa trama logo no início do quadrinho. Na primeira edição acompanhamos um grupo de rebeldes, liderados por Coisa, tentando destronar o Hulk.

Com muitos socos e chutes, artifício indispensável para um quadrinho do herói verde, o líder dos rebeldes é derrotado por Maestro. Todos se espantam quando vêem que Hulk não quer matar e nem prender o Coisa, o ditador está propondo uma aliança entre os dois, para que juntos derrotem o rei do universo Destino.

Quando refletimos sobre a trama, vemos que ela é muito mais complicada do que aparenta ser, porém, o roteiro entrega algo muito simples,  mas simplificar não é sempre a melhor opção. Parece que Peter David obrigou-se a escrever uma grande luta para cada edição do quadrinho, é claro que estamos em uma HQ do Hulk e que a maior característica do personagem é o seu visceral combate. Todavia, quando se esquece de contar e desenvolver a narrativa, a luta deixa de ser épica para virar algo massante.

David esquece de desenvolver grandes grupos de personagens em sua história. Quando se trabalha com um número limitado de edições, e o escritor se propõe a trabalhar com muitos personagens, ele deve se dar o trabalho de explicar os motivos de cada grupo. O roteiro parece esquecer dos rebeldes que acompanha o Maestro e, simplesmente, decide focar apenas no Hulk e no Coisa. Se Peter retirasse um pouco das suas muitas páginas de combate e as utilizasse  para o aprimoramento da trama, com certeza o quadrinho teria um brilho muito maior.

A HQ até nos proporciona uma rasa profundidade no final, temos um argumento que é muito usado por escritores, mas Peter o coloca de uma forma que não o deixa tão clichê. Mas, quando somos apresentados a algo realmente interessante, o tempo dedicado à esse fato é tão mísero que faz com que a qualidade vire defeito, por ser mau explorada.

Se o roteiro fica na média, a arte também o acompanha em sua mediocridade, utilizando de movimentos e traços reaproveitados de outras histórias, Greg Land e Jay Leisten não conseguem mostrar a que vieram. O clima apocalíptico, desértico e até fantasioso, davam uma grande margem criativa para os dois desenhistas. Poderíamos ser inseridos com muito mais facilidade na história se os traços e principalmente as cores, de Nolan Woodard, fossem tratados com mais esmero.

Os desenhos até cumprem seu papel de inserção em alguns momentos, principalmente quando temos a utilização de páginas únicas, para destacar lutas ou até mesmo personagens. Os combates variam muito de qualidade, nos socos e chutes que têm mais importância na narrativa temos traços e continuidades muito coerentes,  porém, quando vemos brigas que não são relevantes, a importância que a dupla dá para esses momentos condiz com a relevância que eles têm para a narrativa, nenhuma.

Com um roteiro que exagera nas lutas, e uma arte que parece uma montanha russa de qualidade, Futuro Imperfeito está longe de ser a melhor tie-in publicada pela Marvel. O leitor terá sim um bom momento quando estiver virando as páginas do quadrinho, mas, a trama criada por Peter David não o fará refletir sobre a sua profundidade no final. Futuro imperfeito é uma obra que se resume à socos e chutes, como se o personagem fosse só isso, mas ele é muito mais profundo do que apenas pancadarias gratuitas.

Futuro Imperfeito  (Future Imperfect) — EUA, 2015
Roteiro: Peter David
Arte:  Greg Land e Jay Leisten
Cores:  Nolan Woodard
Letras: Joe Sabino
Editora original: Marvel Comics
Datas originais de publicação: 2015
Editora no Brasil: Panini
Data de publicação no Brasil: setembro de 2016
Páginas: 116

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