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Crítica | Garfield: O Filme (2004)

por Roberto Honorato
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Você tem algum arrependimento?
Bem, talvez Garfield.
(Zumbilândia, 2009)

Existem dois tipos de filme envolvendo a interação entre personagens live action e animação. Um deles é cheio de coração, sabe como aproveitar a técnica em prol da narrativa e acaba sendo uma ótima experiência, seja em CGI como As Aventuras de Paddington ou no bom e velho estilo animado que demora mais tempo para ficar pronto do que lasanha quando estamos com fome e pressa, como em Uma Cilada Para Roger Rabbit. O outro tipo de filme é Garfield.

O ano era 2004 e todo amante de cinema lembra da diversão que era assistir o último lançamento da Pixar, Os Incríveis, ou o segundo volume do aclamado Kill Bill, de Quentin Tarantino, ou o melhor filme de super-heróis de todos os tempos, Homem-Aranha 2 (isso não está aberto para debate). Foi o ano de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Todo Mundo Quase Morto (um título que foi destruído completamente na tradução) e um marco desvalorizado pela indústria chamado Meninas Malvadas, mas ainda assim vou seguir com Garfield — me deixe ficar longe desse filme o máximo que puder.

Dirigido por Peter Hewitt, que já fez coisas como Contos da Cripta e a comédia absurda estrelada por Keanu Reeves, Bill e Ted – Dois Loucos no Tempo, Garfield é um momento decisivo em sua carreira, porque foi quando decidiu jogar fora qualquer pretensão de fazer um bom filme e preferiu desonrar o nome de sua família.

Baseado nas tirinhas de Jim Davis, o filme segue o cotidiano do gato guloso do título, um felino mimado e sarcástico que não recusa um prato de lasanha e odeia segundas-feiras. Ele vive em uma casa aconchegante, tem todo o conforto e a quantidade de comida que quiser disponível na menor distância possível. Mas essa vida mole começa a mudar agora que seu dono, Jon (Breckin Meyer), se apaixona pela veterinária e ex colega de classe, Liz (Jennifer Love Hewitt). Para impressioná-la decide adotar um cachorro, o ingênuo Odie. Não preciso dizer que essa atitude não agrada nem um pouco o gato, que planeja uma vingança, mas não imaginava que tudo acabaria em uma jornada para salvar a vida do pobre cão das mãos de sequestradores.

É uma proposta bem simples. Garfield só precisaria de um elenco competente, uns efeitos especiais convincentes, personagens carismáticos e um enredo limpo e despretensioso. Se está curioso sobre como seria pegar tudo isso e jogar no lixo sem dó, já sabe onde essa conversa vai dar. Esse é um dos filmes mais bagunçados que eu já assisti, e olha que eu assisti Para Maiores (2013). Mas preciso confessar que também nunca gostei das tirinhas originais, sempre muito repetitivas e piadas dependentes demais de frase de efeito (estou pronto para o ódio). Não me entenda mal, não me incomodo com um personagem tendo uma característica ou até bordão que volta em todos os capítulos, mas ele começa a perder a graça quando não chega à lugar algum. Mas isso é uma coisa pessoal e sei que tem muita gente que adora o personagem, ele é bastante popular até hoje, um dos motivos que rendeu um longa de oitenta minutos (estranho, parecia bem mais) estrelado pelo gato.

Quem empresta sua voz ao felino é Bill Murray. Sim, aquele Bill Murray. Nessa época o ator estava em uma ótima fase. Depois de conseguir fugir de mais desastres como Space Jam: O Jogo do Século e começar a trabalhar com diretores mais renomados como Wes Anderson ou Sofia Coppola, ele parece ter decidido que estava na hora de cometer um crime contra o bom senso e matar sua carreira de vez com Garfield. Vale lembrar que eu não estou exagerando quando falo que foi uma das piores decisões de sua carreira, e isso logo no começo, com o ator achando que estava trabalhando para a dupla de irmãos Coen (Murray confundiu o roteirista de Garfield, Joel Cohen, com Joel Coen). Até aí é um erro compreensível, mas continuar nele foi um arrependimento tão grande que o ator fez até piada com isso quando fez uma ponta surpresa no filme Zumbilândia.

Eu não vou perder tempo falando do enredo porque esse não faz mais do que o básico, então nem merece muita atenção já que não deram qualquer uma na produção desse filme. Por falar em falta de atenção, Garfield também tem um ótimo exemplo de efeitos especiais que envelheceram no momento em que foram utilizados. Dá para notar até pedaços do personagem atravessando e não interagindo de forma alguma com alguns elementos em cena. O que dizer? O filme é tão preguiçoso quanto o gato que serve de inspiração.

Se eu pudesse me livrar de três filmes da face da terra, um deles seria Garfield. Os outros dois seriam essa mesma opção, só pra garantir. Mas se é pra ser justo, pelo menos é uma obra esquecível e inofensiva o suficiente para você nunca ter que pensar mais nela, a não ser que você seja como eu e não aguente esse tipo de desperdício de tempo. Atores que parecem desconfortáveis por estar ali, personagens nem um pouco intrigantes, música e efeitos especiais datados e muitas piadas sem graça formam esse longa.

Ah, e eu já mencionei que existe uma continuação?

Garfield: O Filme (Garfield) — EUA, 2004
Direção: Pete Hewitt
Roteiro: Joel Cohen, Alex Sokolow, Jim Davis (criador do personagem)
Elenco: Breckin Meyer, Jennifer Love Hewitt, Bill Murray, Stephen Tobolowsky, Evan Arnold, Mark Christopher Lawrence, Vanessa Campbell
Duração: 80 longos minutos.

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