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Crítica | Glee – 5X15: Bash

por Rafael W. Oliveira
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Lembram quando Glee, lá em suas primeiras temporadas, sempre abordava questões sociais e bastante pertinentes do nosso cotidiano? Questões envolvendo homossexualidade, religião e até mesmo violência doméstica passaram pela série e surpreenderam por, se não tão bem trabalhadas, se fazerem presentes num seriado tido, inicialmente, como voltado para o público jovem. Mas Glee sempre foi um seriado adulto e maduro demais para manter o público jovem como seu único alvo.

No chegar da quarta temporada, tal costume da série em abordar temas importantes se perdeu, e a série caiu na redundância e na falta de assunto. Agora, com a mudança de foco apenas para o cenário de NY, Glee parece estar voltando aos eixos, e se New New York funcionou quase como um novo piloto para a série, Bash retoma os ares mais sérios e aborda novamente a questão do preconceito, e desta vez não apenas contra os homossexuais.

Já vi e ouvi muitas pessoas afora afirmarem que o preconceito racial é coisa do passado, que é algo que não existe mais. Mas basta olharmos ao nosso redor para perceber que o preconceito racial ainda existe, sim. No caso deste episódio, o tema é abordado através do envolvimento entre Sam e Mercedes, casal que divide opiniões sobre a suposta química entre Amber Riley e Chord Overstreet. Mas o mais interessante não é esta discussão tola sobre “com quem tal personagem combina”, e sim a forma ousada e corajosa com que Ryan Murphy, criador do seriado, chega a criticar até mesmo seus próprios espectadores. Ora, que atire a primeira pedra quem nunca viu ou ouviu alguém criticar a união do casal apenas pela diferença da cor de suas peles. Por mais que muitos batam o pé com o casal, admiro a coragem de Ryan Murphy em bater nesta tecla e investir no envolvimento entre os dois, provando que o amor não é definido pela cor de nossa pele, e que o sentimento transcende qualquer diferença que possa existir entre duas pessoas. E convenhamos, nada tão maravilhoso quanto ter Amber Riley novamente como uma personagem fixa em Glee.

Outra polêmica envolvendo este episódio foi a decisão de Rachel em, sem mais nem menos, abandonar as aulas de NYADA por causa de todo o seu trabalho envolvendo Funny Girl. Sua discussão com Carmen Tibideaux após sua apresentação em dueto com Blaine no Midwinter Critique, mas que deveria ter sido individual, rendeu algumas boas verdades ditas para Madame Tibideaux, mas também levou Rachel a uma espécie de estado irracional, levando-a a tomar uma decisão que, certamente, a fará quebrar a cara lá na frente. Mas como estamos falando de Rachel, é sempre ótimo que os roteiristas analisem a personagem de acordo com a pessoa que ela realmente é: ambiciosa e também egoísta, que faria de tudo para conseguir chegar aos holofotes e ter a atenção unicamente para si. Veremos o que isso poderá render até o fim da temporada.

Sobre a questão da homofobia, Glee demonstrou um notável amadurecimento. Vimos que o preconceito não se esconde apenas nos corredores dos colégios, mas também está presente lá fora, no mundo real, e pode vir mesmo dos lugares aparentemente mais seguros. Kurt novamente veio para dizer que não tem vergonha de sua orientação sexual, que é corajoso o suficiente para sempre levantar a bandeira da causa e lutar por seus direitos, e também pelos direitos daqueles semelhantes a ele. Não há como segurar a tensão na sequência em cada um dos personagens é informado sobre o ocorrido, assim como não há como segurar o choque ao vermos o rosto de Kurt machucado. O melhor momento, entretanto, acontece justamente quando Burt surge em cena. O diálogo entre pai e filho é tocante, inspirador e verdadeiro, algo ressaltado pela ótima interação entre Chris Colfer e Mike O’Malley.

Assim, Glee começa a retomar sua boa forma, trazendo temas pertinentes e intimistas para serem discutidos e debatidos, e a julgar pelo mundo em que vivemos, tais temas deverão ser trazidos à tona novamente.

Músicas e Performances

No One Is Alone (Rachel, Kurt e Blaine) – A música abre bem o episódio, com uma performance econômica, porém bastante emocional, que já traduz muito do sentimento que iremos ter ao longo do episódio.

(You Make Feel Like) A Natural Woman (Mercedes) – Embora tenha sido um tanto estranho o cenário de carrossel, ver Amber Riley ganhando novos solos já é algo digno de nota, especialmente quando escolhem a música certa para a voz da atriz.

Broadway Baby (Rachel e Blaine) – Música ao estilo Broadway de ser, muito divertida e contagiante. E mesmo que a voz de Darren Criss já tenha cansado há tempos, seus vocais com Lea Michele sempre funcionam,.

Not While I’m Around (Blaine, Rachel, Mercedes e Sam) – Embora a versão lançada tenha sido cantada por quatro personagens, foi extremamente adequado e correto que apenas Darren Criss tenha cantado sua parte na performance, especialmente se levarmos em consideração o momento pelo qual os personagens estavam passando.

Colour Blind (Mercedes) – Mais um solo para Amber Riley, e desta vez com uma música de sua autoria. Não tinha como dar errado.

I’m Still Here (Kurt) – Já estava sentindo saudades destes solos enérgicos e inspiradores de Chris Colfer. Sua performance encerra o episódio com chave de ouro.

Glee – 5X15: Bash
Showrunner: Ryan Murphy
Roteiro: Ian Brennan
Direção: Bradley Buecker
Elenco: Lea Michele, Darren Criss, Chris Colfer, Amber Riley, Kevin McHale, Chord Overstreeet, Mike O’Malley, Whoopi Goldberg
Duração: 43 min.

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