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Crítica | Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Trilha Sonora Original)

por Guilherme Coral
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estrelas 3,5

Quando falamos da trilha sonora de Guardiões da Galáxia, seja o primeiro ou o segundo, nossa mente automaticamente vai de encontro aos Awesome Mixes, as duas coletâneas de músicas setentistas que preenchem o espaço sonoro desses longa-metragens. A obra de James Gunn, contudo, traz mais melodias que somente aquelas já previamente existentes. Encabeçado por Tyler Bates, que já trabalhara no primeiro filme, a trilha de Guardiões da Galáxia Vol. 2, ainda que não seja especialmente memorável, garante o tom das sequências da obra, dialogando com o roteiro a fim de construir principalmente os momentos mais dramáticos do longa, afinal, o Awesome Mix já mais que dá conta dos trechos bem-humorados.

Seguindo o logo da Marvel Studios a primeira imagem que vemos no filme são os guardiões no planeta dos Soberanos e, acompanhado deles, temos a melodia que abre o álbum, Showtime, A-Holes, que, desde já, introduz o tema do grupo, o mesmo do longa anterior. A melodia é continuada em vs. The Abilisk, que funciona perfeitamente como uma parte 2 da faixa de abertura. Curiosamente, esse é um dos poucos momentos do álbum no qual encontramos esse tom de heroísmo, já que rapidamente as melodias encaminham para tons mais dramáticos, alguns trazendo fascínio pelo desconhecido enquanto que outros buscam retratar o emocional dos personagens centrais.

Há de se notar que, os trechos finais dessa segunda faixa, assumem algumas notas que remetem ao bom-humor do filme, algo que se apresenta, também, em Groot Expectations, que corresponde ao trecho do longa no qual Groot tenta tirar seus amigos da cela. A trilha original de Guardiões da Galáxia Vol.2 , contudo, se destaca pelos seus tons mais dramáticos, alguns melancólicos, como é o caso de The Mantis Touch, que apresenta um ar de desconhecido através das cordas, acompanhadas pelo sutil piano, que se faz ouvir de maneira mais espaçada.

O primeiro ponto alto do álbum certamente é Family History, uma melodia que perfeitamente retrata o caráter surreal, onírico da chegada dos Guardiões no planeta de Ego. Ouvimos nessas notas, com clareza, a ilusão que Peter constrói em volta de seu pai e, por tras desse ar de fascinação, não podemos deixar de sentir um elemento estranho, como se algo estivesse fora do lugar, uma tristeza, que simboliza muito bem os anos nos quais Peter se considerara órfão, algo bem marcado pelo som do piano. Ao mesmo tempo, há um toque de aventura nessa música, definindo a experiência de conhecer novos locais pela galáxia.

Do outro lado, temos faixas como Ego, que resumem muito bem a ancestralidade, as proporções do antagonista que os heróis precisam enfrentar. O coro de vozes, aqui, se faz essencial, elevando o vilão às alturas, remetendo-nos imediatamente a melodias eclesiásticas, criando, portanto, o vínculo de Ego com o divino – afinal, ele é um Celestial, que melhor maneira de retratá-lo no campo sonoro? É preciso ressaltar que melodias como essa contribuem consideravelmente para a urgência do longa-metragem, da mesma forma que The Expansion, tocada enquanto os planetas são engolidos pela gosma azul no filme. Com apenas pouco mais de um minuto, essa música faz o excelente trabalho de garantir peso às ações do antagonista, demonstrando a catástrofe que ele almeja.

O auge do álbum, porém, se encontra em Dad, uma melodia que nos pega de surpresa, assim como o filme o fizera nos minutos finais. Trata-se de uma faixa dramática, essencial para a construção dos momentos finais do clímax, nos atingindo de tal maneira a nos causar arrepios. Tyler Bates não poupa qualquer esforço aqui, trazendo instrumentos metálicos e vozes para tornar a música tão grandiosa quanto pode. A Total Hasselhof, que vem a seguir, apesar do título bem humorado, continua de onde Dad nos deixou, assumindo o necessário tom melancólico. Temos, aqui, duas faixas essenciais para a construção da obra e suas sequências correspondentes muito perderiam não fossem elas.

Apesar desses destaques levantados aqui, a grande parte das melodias de Guardiões da Galáxia não assumem uma posição tão memorável assim, funcionando mais para preencher o espaço sonoro das sequências do que ajudar a construir a narrativa em si. Dito isso, salvo específicas situações, não há muito da trilha de Guardiões da Galáxia Vol. 2  a ser destacado. Ela cumpre, sim, seu papel, mas poderia fazer mais e Tyler Bates demonstra que tinha potencial, nos entregando algumas faixas específicas indispensáveis para a trama. O que faltou foi uma maior ousadia. Felizmente, temos a Awesome Mix Vol. 2  para ajudar o compositor.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Trilha Sonora Original)
Artista: Tyler Bates
País: Estados Unidos
Lançamento: 21 de abril de 2017
Gravadora: Hollywood Records
Estilo: Trilha Sonora

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