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Crítica | Guerras Infinitas #1

por Ritter Fan
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  • spoilers.

Depois de enrolar infinitamente com os prelúdios Infinity Countdown e todos os seus tie-ins e com Guerras Infinitas Prime, que introduz a vilã Requiem que, por sua vez, mata Thanos (até que ele reviva, claro), a Marvel Comics finalmente dignou-se em começar a saga propriamente dita, claramente criada para surfar no sucesso de Vingadores: Guerra Infinita. A julgar pelo primeiro número, a editora parece ter algo mais do que uma história descartável em mãos, o que, por si só, é um excelente sinal, ainda que insuficiente para justificar o tratamento estendido que a saga vem recebendo.

Apenas para relembrar, as joias do infinito reapareceram nesse universo “desorganizado” pós-Guerras Secretas e cada uma delas está de posse de um personagem ou grupo de personagens: a joia do tempo com o Doutor Estranho, a do espaço com a Viúva Negra (que o Wolverine ressuscitado entregara para ela, que, por sua vez, para todos os efeitos, estava morta), a da alma com Adam Warlock, depois de arrancá-la de Ultron-Pym, a do poder com Peter Quill, depois que ele a “encolhe”, a da realidade com a Capitã Marvel e a da mente com o vilão chinfrim Turk Barret (ou Tucão, como queiram). Uma caçada intergalática à elas começa, com a misteriosa Requiem encabeçando-a, o que faz com que Estranho decida convocar os guardiões das joias para formar uma nova Guarda do Infinito.

É a primeira reunião desse “grupo” que é o foco central da primeira edição, depois de um prólogo em que vemos Gamora mais uma vez pedir a Quill que a deixe utilizar a joia do poder para forçar a entrada no SoulWorld da joia da alma de forma que ela possa reunir-se com o pedaço de sua alma – a Velha Gamora – que vive lá dentro desde a primeira vez em que a anti-heroína esteve por lá. O texto de Gerry Duggan é bastante inteligente aqui, estabelecendo uma forte conexão entre os dois que rima perfeitamente não só com a revelação de que Requiém é Gamora, em uma excelente decisão que evita manter esse mistério bobo por muito tempo, como principalmente com ela trespassando sua espada em Quill, aparentemente matando-o na última página. Mais uma morte que provavelmente ou não acontecerá de verdade ou será revertida em breve? Com certeza, mas, dramaticamente, ela funciona aqui.

Mas é a reunião da Guarda do Infinito no Central Park, que toma uma considerável parte da HQ, com Turk chegando cercado de vilões variados, mais precisamente Homem-Areia, Mercenário, Mary Tyfoid, Mancha e Lápide, é o ponto alto da narrativa por fazer algo extremamente inusitado: uma saga cósmica com base na Terra. Chega a ser até estranho ver algo assim, mas, pelo menos aqui nesse comecinho, não deixa de ser interessante ver essa pegada. Claro, a presença dos vilões logo torna inevitável a pancadaria, mas, mesmo ela, é razoavelmente discreta e mantida dentro de níveis de poder não muito exagerados para não destoar muito da abordagem terrena e da variedade de personagens com níveis de poder extremamente diferentes.

Calmaria e pancadaria.

Quando Requiém chega triunfalmente – acho que Mike Deodato Jr. deve se divertir imaginando maneiras diferentes de fazer isso com sua criação -, não demora para que a “grande” revelação aconteça, com a colocação de todos os participantes do conflito novaiorquino na mesma página em relação a sua existência, sua intenção e, claro, o assassinato de Thanos não muito tempo antes. A pergunta que faço, porém, é muito simples: será que Gamora como vilã é suficiente para uma história assim? Ainda é cedo para ter alguma ideia melhor, mas sua presença e seus atos até agora fazem sentido e são bem explorados.

Paralelamente aos acontecimentos na Terra, vemos Loki e Flowa (uma das bibliotecárias de Asgard) em busca do “universo original” no que eles chamam de god quarry, guardado por três bruxas milenares que preveem o “fim do infinito”, seja lá o que isso signifique. Lá, eles testemunham um universo paralelo em que Loki é digno de Mjölnir e que usa as seis joias do infinito para lutar contra um ser monstruoso chamado de Devorador de Almas. Desconfio que é dessa linha narrativa que a grande e verdadeira ameaça ao universo sairá, mas teremos que esperar para ver.

Deodato Jr. continua sua pegada sombria para a história, quase fazendo a saga cósmica parecer um filme noir, especialmente com suas sombras pesadas e com as cores emudecidas de Frank Martin para complementar. Como o objetivo de Duggan foi transportar para a Terra uma saga cósmica, os desenhos fazem todo sentido e são bonitos e dinâmicos nas lutas, ainda que o uso de desenhos digitais pelo artista por vezes impeça maior fluidez, o mesmo valendo para seu estilo de dividir quadros em uma página, com uma imagem apenas recortada. É algo que funciona em doses pequenas, mas que começa a incomodar quando se torna onipresente, como é o caso aqui.

O primeiro número de Guerras Infinitas tem seus problemas, mas é um baita início efetivo de uma saga que não prometia muita coisa. Resta saber se Duggan fará algo que realmente fuja dos clichês básicos e das jogadas de marketing para vender mais revistas. Se as mortes que aconteceram até agora durarem até o final, já será uma vitória. Querer mais do que isso é irreal.

Guerras Infinitas #1 (Infinity Wars #1, EUA – 2018)
Roteiro: Gerry Duggan
Arte: Mike Deodato Jr.
Cores: Frank Martin
Letras: Cory Petit
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: 1º de agosto de 2018
Páginas: 32

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