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Crítica | Hackers: Piratas da Informática

Trama reflete os primórdios da democratização da internet e o surgimento dos hackers.

por Leonardo Campos
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Com status de filme cult, Hackers: Piratas da Informática é aquele filme cheio de irregularidades, mas que possui estrutura narrativa que nos permite refletir sobre as relações humanas num dos primeiros momentos de impacto da informática na sociedade dos anos 1990, uma era de turbilhões tecnológicos que formatou o mundo tal como o conhecemos e vivenciamos na contemporaneidade, isto é, uma fase onde todos vivem cotidianamente conectados, dependentes de recursos virtuais para exercer as questões que demarcam as nossas agendas: entretenimento, informação, saúde, educação, finanças, dentre outros. Aqui, temos ao longo de 105 minutos, uma trama sobre os indivíduos que se dedicam com bastante intensidade ao universo de dominação dos conhecimentos acerca de dispositivos, programas e redes de computadores: os hackers. Vistos na ficção, na maioria das vezes, como personagens maléficos, responsáveis pela destruição da ordem e arrebatamento de reputações, os hackers não são todos necessariamente vilões. Esta, na verdade, é uma denominação para os crackers.

Figuras da era da virtualidade que usam os seus conhecimentos em tecnologia para fins pessoais de vingança, ações criminais envolvendo roubo de dados e dinheiro, etc. Controverso, o termo nesta narrativa denomina aqueles que se colocam diante do gozo psicanalítico de estar sempre à frente dos pobres mortais usuários que conhecem apenas a ponta do iceberg da esfera virtual pública. Na trama, um grupo de jovens hackers é colocado numa situação desafiadora, momento do presente que mudará para sempre as suas vidas. Quem dirige a empreitada é Ian Softley, cineasta guiado pelo roteiro mediano de Rafael Moreu, ambos na função de radiografar a visão da sociedade em relação aos elementos em prol e contrários ao advento da internet em nosso tecido social. O filme é uma narrativa sobre como a cibercultura ainda passava por um momento de compreensão na década em questão, uma era cheia de incertezas, de espera ansiosa pelo bug do milênio, dentre outros pontos de articulação contextuais.

Com aura de heroísmo, os hackers daqui são diferentes do transtorno vivido por Sandra Bullock no dinâmico A Rede, da mesma época, se aproximando mais de Piratas da Informática, salvaguardadas as devidas proporções, lançado dois anos depois. Em Hackers: Piratas da Informática, o protagonismo é de Dade Murphy (John Lee Miller), jovem subversivo que aos 11 anos de idade, hackeou um determinado conjunto de sistemas e estabeleceu uma gigantesca crise econômica envolvendo operações corporativas. No tribunal, a sentença e as declarações deixaram os seus pais de cabelo em pé, convictos da inocência do jovem que disfarçava na suposta atração por jogos as suas ações cibernéticas. Com a passagem do tempo, ele a mãe se mudam, encontram novas perspectivas numa outra cidade, o que define também a transformação do cotidiano de Dade, agora atraído por um grupo de jovens rebeldes da nova instituição de ensino em que se encontra, pessoas desajustadas segundo o olhar dos “tradicionais”.

Numa manobra ousada, ele participa desta comunidade e se envolve em frenéticas aventuras, como todo filme que mescla elementos do suspense e de ação que se preze. Ao receber uma missão contra Plague (Fisher Stevens), agente criminoso que o coloca numa situação complexa com o FBI, Dade e sua trupe, incluindo Kate Lily (Angelina Jolie), candidata ao posto de par romântico do rapaz, acabam se envolvendo numa extensa rede de intrigas que modifica a sua rotina e o coloca em mais um processo evolutivo no mundo físico, bem como nas teias da virtualidade. Acompanhamos esta história por meio da imersiva direção de fotografia de Andrzej Sekula, setor eficiente, tal como o design de produção de John Beard e a música da dupla Simon Boswell e Guy Pratt. Como entretenimento, tem suas limitações, como reflexão, traz pontos de articulação interessantes, como mencionado anteriormente, mas falta um pouco mais de habilidade na condução do ritmo entre os atos. Funciona bem, como dito, na perspectiva diacrônica de compreensão dos impactos da internet em nossas vidas. E só.

Hackers – Piratas de Computador (Hackers – EUA, 1995)
Direção: Iain Softley
Roteiro: Rafael Moreu
Elenco: Jonny Lee Miller, Angelina Jolie, Jesse Bradford, Matthew Lillard, Laurence Mason, Renoly Santiago, Fisher Stevens, Alberta Watson
Duração: 105 min

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