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Crítica | Halo – 1X03: Emergence

A origem de Cortana em holograma.

por Iann Jeliel
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Emergence 

  • COM SPOILERS. Acompanhe por aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Halo segue num compasso coerente com o que foi elaborado em seus dois primeiros episódios, neste Emergence, que apresenta a verdadeira dinâmica principal da série, assim como é nos games, entre Chief (Pablo Schreiber) e sua ajudante digital Cortana (Jen Taylor – a mesma dubladora da personagem em todos os jogos da franquia). Considerando a ausência da contagem detalhada desta origem nos jogos, é bem interessante acompanhar o passo a passo da criação da inteligência artificial em live-action. Desde a transformação da face humanoide para um holograma da cabeça do Chief – a cena do olho me deu profunda agonia, diga-se de passagem –, passando pelos primeiros contatos conturbados com o super-soldado descobrindo seus sentimentos.

Gosto de como o episódio alia o estabelecimento dessa relação com a progressão orgânica da investigação do artefato principal. Com o auxílio da inteligência artificial, Chief remove seu chip de controle de emoções e entende as memórias que tem ao tocar o artefato, descobrindo seu possível planeta de origem, intuindo que nele está o segundo artefato mencionado, que também vem sendo buscado pelos antagonistas. Aliás, temos também um pouco da origem de Makee (Charlie Murphy), a humana aliada aos alienígenas. Igual ao episódio passado, Emergence se inicia com um flashback da infância precária da aparente vilã, contextualizando um pouco das suas motivações para ter ranço da humanidade, embora, não deixe claro o que ela é exatamente para fazer com que os Covenants a procurassem desde pequena.

Pensava que a personagem seria um bode expiatório dentro da UNSC, mas não. Ela até utilizá da artimanha de mulher indefesa para conseguir entrar em uma de suas naves patrulhas, contudo, tenta adquirir a informação de onde está o artefato a ferro e fogo, demonstrando uma habilidade ameaçadora de controlar um exército de aliens semelhante a vermes (denominadas Lekgolo) dominando completamente a tripulação. Possivelmente, ela e Chief são equivalentes em termos de predestinação dentro desse universo, resta saber como, exatamente. O ritmo em que a série vem progredindo em suas informações não permite julgamentos tão concretos para os caminhos destacados. Pego como exemplo a trama de Soren (Bokeem Woodbine) e Kwan (Yerin Há), dada aparentemente como congelada sem a presença de Chief, mas que parece que vai seguir uma progressão sem ele, com a pequena negociando com o ex-soldado para levá-la novamente a Madrigal e participar da resistência da guerra civil por lá.

Parece ser uma digressão focar nesse núcleo durante o episódio, mas ao final, vemos que Mekee está a caminho deste planeta (onde o artefato fora encontrado pela primeira vez), o que intui que ela poderá encontrar os personagens e usá-los para tentar chegar no artefato, logo, a Chief. O roteiro vem sendo muito perspicaz nesse amarrar das tramas e desenvolvimentos. Gosto de como trabalham a ideia da semelhança visual de Cortana com a Dr. Hasley (Natascha McElhone) de modo a criar uma extensão do desenvolvimento de como é sua relação materna com o Chief, como também, trazer um conflito interno para a I.A perante a própria função que lhe é designada. Ela obedece a sua criadora pela programação, mas questiona seu papel como monitora dos comportamentos do espartano para doutora (sem o consentimento do espartano) e questiona o porquê de não ter ainda controle total sobre o corpo do soldado. É perceptível aqui o implante de sua compreensão independente do mundo que possivelmente a fará num futuro próximo ser a parceira incondicional do protagonista, que termina o episódio já confiando mais nela, sem fazer a menor ideia de estar sendo manipulado por ela, igualmente é manipulado por Hasley.

Tudo a partir disso é muito promissor, especialmente quando o vínculo entre “máquinas” for fortificado e a verdade venha à tona dentro desse espectro mais sentimental do Master Chief. Sinto que faltou ao episódio explorar mais cenas dele nos arredores da UNSC tentando sentir as emoções humanas das pequenas coisas (ouvir música, acariciar cachorros, observar as pequenas rotinas), ainda que o recorte rápido escolhido tenha rendido uma cena bem bonita. Contudo, imagino que outras situações semelhantes serão exploradas pelos próximos episódios. Bem como a presença pouco marcante dos outros soldados companheiros de Chief será mais importante agora que pelo menos uma delas sabe que o líder retirou o chip de controle de emoções. Em suma, Emergence segue provando que Halo vem para ser uma adaptação sólida dos universos dos games num audiovisual não interativo.

OBS: Vale comentar um pouco sobre a computação gráfica da Cortana, que, dentro da tentativa de design mais realista, sem a sexualização presente em alguns jogos do material fonte, cai um tanto naquele “vale da estranheza”. Contudo, se pensarmos no efeito global do digital em forte presença na série, onde a estética remete constantemente às cutscenes do jogo, é um visual que se encaixa bem na proposta.

Halo – 1X03: Emergence | EUA, 07 de Abril de 2022
Criação: 
Kyle Killen, Steven Kane
Direção:
Roel Reiné
Roteiro: 
Steven Kane
Elenco: 
Pablo Schreiber, Shabana Azmi, Natasha Culzac, Olive Gray, Yerin Ha, Bentley Kalu, Kate Kennedy, Charlie Murphy, Danny Sapani, Jen Taylor, Bokeem Woodbine, Natascha McElhone, Ryan McParland, Fiona O’Shaughnessy, Julian Bleach, Karl Johnson, Hilton McRae, Billy Marlow, Zazie Hayhurst, Gábor Nagypál, Anna Trokán, Matt Devere
Duração: 58 min.

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