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Crítica | Halo – 1X05: Reckoning

Ação empolgante prejudicada por um ritmo atropelado.

por Iann Jeliel
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Reckoning

  • COM SPOILERS. Acompanhe por aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Relativamente mais curto que seus antecessores, Reckoning retoma a ação de gameplay (que foi demonstrada até então somente no piloto) para destacar a evolução das tramas e personagens. Infelizmente, no processo de amarrar as subtramas que geram essa nova grande set piece, os novos avanços soaram um tanto atropelados e apressados. Por mais que, no fim das contas, as escolhas de progressos também sejam diretamente responsáveis por dar tempero a esse meio clímax da temporada, traz também o único episódio de Halo até o momento que tem pontos negativos fortes bem evidenciados.

O primeiro deles, pode-se dizer que é a presença do núcleo de Soren (Bokeem Woodbine) e Kwan (Yerin Há). Até acho bacana a ideia de quebrar a linha lógica da progressão com a moto parando de funcionar no meio do deserto, criando uma situação de sobrevivência que desenvolvesse ainda mais a química da dinâmica dos dois personagens antes deles chegarem ao referido povo misterioso que seu pai estava envolvido. Porém, isto não aconteceu. Soren desiste da missão (de novo), prende e a abandona Kwan na moto enquanto sai no meio do nada para procurar outro veículo e volta não muito tempo depois (obviamente, sem outro veículo, porque não tinha nada por lá em muitos quilômetros… e ele deveria saber disso) para levar uma coronhada da menina que, sem muita dificuldade, se libertou e aponta a arma para sua cabeça desacordada como se isso fosse um gancho interessante para a continuidade do núcleo.

Se mostrassem ela matando-o repentinamente, aí sim, poderia ser justificável trazer esse núcleo nesse episódio, apresentando esses “avanços” sem parecer uma perda de minutos preciosos, pois ao menos seria uma reviravolta inesperada, embora completamente arbitrária. O certo era esses minutos terem sido dedicados a Makee (Charlie Murphy), que ficou sem destaque no episódio passado e isso fez falta aqui. Poder-se-ia muito bem ter colocado a primeira cena dela em Madrigal em Homecoming para não parecer que sua chegada no campo de batalha, no final, foi simplesmente repentina. Existe um princípio que essas cenas passam em temporalidades diferentes e distantes, afinal, Reckoning começa com um mini salto temporal já para apresentar toda a equipe da UNSC instalada no planeta Natal de Master Chief (Pablo Schreiber) para tentar remover o segundo artefato da rocha que está preso. Fora que tem uma lógica rápida de movimentação especial neste universo que foi bem estabelecida. O problema é que a montagem não consegue contextualizar bem essas temporalidades.

O fato de a cena de Makee em Madrigal surgir só agora dá a impressão que ela demorou para chegar lá e, quando chega ao planeta de Chief no mesmo episódio, faz parecer que eles eram praticamente um do lado do outro, ou que, convenientemente, essa lógica de viagem espacial rápida não foi aplicada anteriormente. É um detalhe besta, eu sei. Até porque poderia ficar confuso separar a cena de Makee sentindo onde está o segundo artefato sem a cena que o mostra criando um distúrbio de energia, mas ainda acredito que a montagem poderia ter criado uma manipulação dessa cena com a cena de Hasley (Natascha McElhone) e Chief encontrando o artefato pela primeira vez. Assim,  sobraria espaço em Reckoning para explorar mais a personagem, eventualmente desenvolvendo-a no caminho antes da batalha para sabermos um pouco mais do seu plano (deixado como gancho de maneira meio jogada) de se infiltrar na UNSC fingindo ser uma humana indefesa. Fica os questionamentos do por quê ela não fez isso antes, quando invadiu aquela outra nave em Emergence; e qual o sentido de estar fazendo isso agora que os Covenant conseguiram o artefato.

Se guardasse o núcleo de Kwan e Soren para depois, poderíamos também ter uma melhor contextualização ao destaque tardio de importância na história dado ao Capitão Keyes (Danny Sapani). Acho legal colocá-lo inicialmente numa posição de ambiguidade semelhante a Hasley, mas sinto que faltou material trabalhando as suas relações com os personagens. Com a sua filha, a comandante Miranda Keyes (Olive Gray), sabemos que existe um afeto misturado com o teor controlador de suas ações, tanto que ele a tira do projeto do artefato sem antes a consultar. Com o Master Chief, sabemos que há uma relação de respeito e confiança do soldado para com ele, mas não sabemos se é recíproco. Quando Chief o procura pedindo ajuda para encontrar a verdade sobre  suas memórias, ele promete que vai investigar, mas pouco tempo depois compartilha indignação com o espartano andando por aí demonstrando emoções, o que o deixa numa posição de não concordar totalmente com a metodologia de Hasley, mas também de ter prioridade em protegê-la.

São pontas interessantes, mas meio que são que irrelevantes depois que Chief descobre que Hasley o sequestrou quando criança, algo que imaginava ser guardado para acontecer somente numa season finale. Tal descoberta de tamanha relevância se dá de maneira meio empurrada pelo roteiro e não gera um problema imediato por conta de acontecer pouco antes da batalha. Ela se reflete na resolução da batalha, quando Chief sacrifica a missão do artefato, desobedecendo ordens para salvar Kai-125 (Kate Kennedy) paralisada de medo pela primeira vez durante a guerra, agora que não tem o chip de controle de emoções. Contudo, é bem mais impactante pensar esse ato de heroísmo como puro reflexo emocional do soldado salvando a companheira que tinha proibido de ir à batalha mais cedo (por conta de não saber como ela iria lidar, agora que foi “despertada”) do que propriamente uma resposta iracunda por  ter descoberto a verdade. Embora aquela cena do espancamento do Covenant deixe claro que a atitude de Chief foi causada pelo misto emocional dos dois motivos.

A cena da batalha em si é ótima. Empolgante o suficiente para compensar os problemas do restante. Não só pela escala emocional envolvida pelos antecedentes e entornos que a envolvem, como também na escala visual. É grandioso, filmado de maneira aberta para capturar toda a dimensão geográfica complexa do ataque, mas com trocas pontuais precisas de frames em planos mais aproximados, retratando a violência da guerra de maneira visceral. Ainda faltam peso aos bonecos digitais em alguns frames de corrida e acrobacias, mas, de modo geral, a computação gráfica corresponde ao tamanho da produção televisiva que é, tendo vários planos isolados deslumbrantes. Destaque para aquele passeio da câmera acompanhando Keyes observando aquela gigantesca nave caindo e explodindo e das tomadas em primeira pessoa que não só replicam o sentimento de jogar o game, como aqui, também foram usadas para destacar dramaticamente o choque de Kai com as imagens perturbadoras de morte acontecendo em sua frente e a raiva de Chief descontada contra as criaturas.

Para quem estava reclamando que a série estava muito parada, não tem como reclamar mais depois do que foi entregue em Reckoning, que poderia ser o melhor episódio da temporada caso não tivesse acelerado tanto as outras coisas na ânsia de chegar nessa grande sequência de ação. No fim, os pontos muito positivos se equilibram com os muito negativos e o deixam num nível semelhante aos demais episódios da temporada.

Halo – 1X05: Reckoning | EUA, 21 de Abril de 2022
Criação: 
Kyle Killen, Steven Kane
Direção:
Jonathan Liebesman
Roteiro: 
Steven Kane
Elenco:
Pablo Schreiber, Shabana Azmi, Natasha Culzac, Olive Gray, Yerin Ha, Bentley Kalu, Kate Kennedy, Charlie Murphy, Danny Sapani, Jen Taylo, Bokeem Woodbine, Natascha McElhone, Ryan McParland, Isaura Barbé-Brown, Casper Knopf, Hans Peterson
Duração: 39 min.

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