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Crítica | Hannibal – 1ª Temporada

por Filipe Monteiro
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A produção de conteúdo televisivo nunca esteve tão saturada. Os roteiros originais se perdem em meio a tantas adaptações, remakes, reboots e afins. Eis que a NBC aparece com a mais ousadas das propostas, o resgate de Dr. Hannibal Lecter, desta vez como personagem de uma série de TV. Trazer de volta um dos psicopatas mais icônicos da história do cinema era uma ideia que por melhor ou pior que fosse, não passaria despercebida.

Ao futuro de Hannibal eram reservados dois caminhos iniciais: sucesso ou fracasso. Arrisco dizer que os fatores externos contribuíram significativamente para conduzir a série ao segundo caminho. As expectativas iniciais não foram animadoras, a série iria ao ar às sextas-feiras (considerado pior dia de audiência para séries americanas) e, além disso, o fãs estavam descrentes após a péssima versão Hannibal – a origem do mal ter ido ao ar em 2007.

Mesmo com uma avalanche de obstáculos, Bryan Fuller consegue fazer com que a série trace um caminho de sucesso. O grande trunfo de Fuller é pensar em um roteiro adaptado, mas autônomo e forte suficientemente para utilizar suas próprias pernas e tomar rumos inesperados. Essa talvez seja a grande sacada para ganhar visibilidade e originalidade em meio a tantas “novas” versões que andam pipocando por aí.

A série propõe uma nova ótica acerca da história tradicional do chefe de cozinha canibal mais famoso da história. Dessa vez o eixo da trama está em Will Graham, dessa vez vivido por Hugh Dancy. Os dilemas, medos e delírios do investigador são abordados como nunca havia sido feito antes. Agora, temos a oportunidade de nos aproximar de Graham, compreender seu método de investigação e compartilhar de seus problemas.

A Mads Mikkelsen (Cassino Royale) foi atribuído o mais difícil dos desafios. O ator dinamarquês conseguiu criar sua própria interpretação ao Dr. Hannibal Lecter, que curiosamente remete a algumas peculiaridades do eterno Hannibal de Anthony Hopkins, sem que para isso precise imitá-lo.

A primeira temporada da série se mostra madura e muito bem produzida. A narrativa é repleta de detalhes bem construídos tanto no enredo quanto na própria organização de elementos em cena que compõem uma rica fotografia, muito rara em séries de canal aberto. Mesmo que a construção de eventos da série pareçam caóticos devido à série de introspecções e confusões no cotidiano de Graham, o roteiro desenvolvido por Bryan Fuller e co-escrito pelo próprio Thomas Harris é organizado e denso, sem que isso seja indício de monotonia.

Dentro de um elenco muito bem selecionado e bem conduzido, quem perde bastante espaço ao longo da primeira temporada é o Chefe do Departamento de Análise Comportamental do FBI vivido por Laurence Fishburne. Espera-se que a personagem possa crescer ao decorrer da série, se novas temporadas forem confirmadas. Este aliás é um problema dos grandes que Hannibal tem pela frente. Apesar de críticas positivas à sua primeira temporada e à segunda que corre, os índices de audiência da primeira temporada não foram animadores. Na segunda, a situação em nada mudou e a NBC ainda não se posicionou quanto a uma possível terceira temporada.

O que nos resta é esperar e torcer para que a série não morra na praia nem se perca dentro de seu próprio universo. Hannibal é entretenimento garantido a todos aqueles que reconhecem o potencial dramático em uma história de terror e, é claro, não se importam em ver órgãos humanos indo parar na frigideira.

Hannibal (Hannibal, EUA, 2013)
Direção: David Slade, Michael Rymer, Peter Medak, Guillermo Navarro, James Foley, Tim Hunter e John Dahl
Roteiro: Bryan Fuller e Thomas Harris
Elenco: Hugh Dancy, Mads Mikkelsen, Caroline Dhavernas e Laurence Fishburne
Duração: 559 min.

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