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Crítica | Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

por Rafael W. Oliveira
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Como fã, é difícil para mim falar sobre Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, terceiro filme da série Harry Potter, baseados nos livros de J.K. Rowling. Como cinema, é um dos melhores da série, pelo fato de apresentar uma grande evolução em relação aos seus antecessores. Porém, como adaptação, é um tanto decepcionante devido a pouca fidelidade do filme com a obra que originou. Mas como sabemos que Literatura e Cinema são duas linguagens completamente diferentes, analisemos o filme sob o ponto de vista cinematográfico.

Chris Columbus, diretor das duas aventuras anteriores, desta vez assume apenas o cargo de produtor, devido ao desgaste após tanto trabalho. Assim sendo, foi chamado para comandar esta terceira aventura o diretor mexicano Alfonso Cuáron, mais conhecido pelo filme E Sua Mãe Também. Logo de cara, era possível perceber que seria um trabalho difícil, já que o terceiro livro é um dos mais complexos e desafiadores da série, não apenas por sua trama mais madura, mas porque é neste aqui que os personagens começam a lidar mais intensamente com seus sentimentos de adolescentes. Felizmente, Cuáron superou todos estes obstáculos, e criou um dos melhores filmes da série, mais divertido e sombrio.

Harry Potter está no terceiro ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Quando está a voltar de férias, um perigoso bruxo, Sirius Black, foge da prisão Azkaban (uma espécie de prisão de segurança mais do que máxima). E justamente Sirius era um grande amigo de “Você-Sabe-Quem”, e está de volta para terminar o que “Você-Sabe-Quem” começou: matar Harry Potter.

Apesar de trabalhar com a mesma equipe dos anteriores, Cuáron faz a produção evoluir em muitos quesitos, a começar pelo visual. Enquanto nos primeiros filmes os figurinos, apesar de criativos, soaram um pouco repetitivos, o diretor fez uma acertada escolha ao permitir que os protagonistas usassem roupas próprias e esta opção funciona perfeitamente, uma vez que sentimos que os atores estão mais à vontade em seus papéis. Isso deixa o filme com um visual mais moderno, além de causar maior identificação com a maioria dos fãs adolescentes.

E se existe uma coisa que Cuáron faz bem é inserir sua marca no filme sem deixá-lo soar “autoral demais”. Utilizando sua câmera com mais intensidade que Columbus, o diretor opta por closes e movimentos criativos, além da utilização de planos mais abertos, que traduzem toda a beleza e imponência dos cenários de Hogwarts. O diretor enfatiza no clima vazio e sombrio das paisagens, sempre nublados, que ajudam a criar o tom sombrio ideal.

Cuáron também confere um ritmo delicioso ao filme, tornando-o bem menos enfadonho que os dois primeiros. A costumeira abertura na casa dos Dursley, por exemplo, é rápida, mas define bem o que Potter é agora, um sujeito que está crescendo, que está começando a adquirir características de adolescente (reparem como ele quase sempre está irritado), em suma, está começando a amadurecer.

Os novos elementos inseridos também tornar o filme muito mais atraente. Desta vez, as criaturas mágicas surgem em maior quantidade e vão desde Hipogrifos (uma espécie de mistura entre um cavalo e uma águia), passando por bicho-papão e chegando aos Dementadores, seres que sugam a alma das pessoas. Estes, aliás, se mostram criaturas pouco originais (quantos filmes já mostraram seres sugadores de almas?), e donos de um design que lembram muito os Espectros do Anel, criaturas da trilogia O Senhor dos Anéis.

Novamente, o filme chama atenção pela quantidade de nomes conhecidos do cinema e do teatro britânico. Enquanto Maggie Smith e Alan Rickman dispensam elogios, algumas novidades surgem, como Michael Gambon, que substitui o falecido Richard Harris na pele de Albus Dumbledore. Gambon traz um ar muito mais ativo ao personagem, apagando a imagem lenta que Harris havia construído para o bruxo. David Thewlis interpreta Remus Lupin com muita simpatia, enquanto que Gary Oldman constrói uma composição fantástica para Sirius Black, o prisioneiro do titulo.

E como já foi dito, Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson surgem bem mais à vontade em seus papéis, especialmente Radcliffe, que aqui começou a apresentar seu talento dramático, ao encarnar bem todas as angustias e medos do bruxinho. Mas me incomodou o fato de Rupert Grint e seu personagem não terem recebido mais atenção, e a impressão que acaba ficando é de que Rony Weasley foi completamente descartável para a trama, assumindo apenas a função cômica.

E mesmo com sua considerável queda de ritmo nos últimos 20 minutos, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban se firmou como um dos grandes exemplares da série, aquele que será eternamente lembrado pela nova cara que deu às aventuras do jovem bruxo.

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, EUA/Reino Unido, 2004)
Roteiro
: Steve Kloves, baseado em livro de J.K. Rowling
Direção: Alfonso Cuarón
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Gary Oldman, Michael Gambon, Alan Rickman, Maggie Smith, Julie Christie, Timothy Spall, David Thewlis, Fiona Shaw, Emma Thompson, Richard Griffths, Robbie Coltrane, Tom Felton, Julie Walters, Mark Williams, Pam Ferris, Harry Melling, David Bradley
Duração: 142 min.

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