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Crítica | Hércules: A Lendária Jornada – 1X01: A Diabólica

As madeixas loiras do mais famoso filho ilegítimo de Zeus.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 6
Número de episódios: 111 + 5 telefilmes
Período de exibição: 16 de janeiro de 1995 a 22 de novembro de 1999
Há continuação ou reboot?: A série foi precedida por cinco telefilmes que foram ao ar entre 25 de abril e 14 de novembro de 1994. Além disso, ela gerou o spin-off Xena: A Princesa Guerreira ainda em 1995 e o prelúdio O Jovem Hércules, de 1998, além do longa animado Hércules e Xena – A Batalha pelo Monte Olimpo, também de 1998.

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Precedida não por um ou dois, mas sim nada menos do que cinco telefilmes que foram ao ar entre abril e novembro de 1994 e que apresentaram Kevin Sorbo como Hércules, o lendário semideus filho de Zeus com uma humana e Michael Hurst como Iolaus, amigo e parceiro de aventuras, a série Hércules: A Lendária Jornada marcou sua época não só por seus próprios méritos (em retrospecto, bem duvidosos…), como também por ter gerado o spin-off Xena: A Princesa Guerreira, inicialmente uma vilã, mas transformada em aliada ao longo de três episódios da primeira temporada (precisamente os capítulos 1X09, 1X12 e 1X13) e também o prelúdio O Jovem Hércules, protagonizado pelo hoje super cotado canadense Ryan Gosling, então com 18 anos, vivendo a versão jovem do personagem de Sorbo. Criados por Christian Williams e Robert Tapert, com produção executiva de Sam Raimi, os longas e a série marcaram um revival do interesse por material de “magia, espada e sandália” nos anos 90, que contou com novas séries do Tarzan, Sinbad, Conan, Robin Hood e outros personagens clássicos.

Filmada na Nova Zelândia, a série acompanha as aventuras de Hércules ao lado de Iolaus, com o piloto – The Wrong Path originalmente; A Diabólica no Brasil – começando tragicamente com o assassinato da esposa e filhos do protagonista pela ciumenta deusa Hera, esposa de Zeus, como vingança pelo adultério do marido que gerou o semideus. Isso leva o enraivecido Hércules a se afastar do amigo em uma jornada de destruição dos sete templos de Hera até que a história faz os dois convergirem novamente ao redor da “Diabólica” do título brasileiro, uma variação de uma górgona, metade mulher sedutora, metade cobra, com seu chocalho de cascavel transformando homens em estátuas de pedra.

É uma historinha básica que só serve para reiterar o lado puramente heroico, destemido e completamente altruísta desta versão do herói grego cujo charme repousa em seus defeitos gritantes: atuações medonhas de tão canastronas por parte de Sorbo e Hurst, o primeiro parecendo um surfista mendigo e o segundo um duende alívio cômico, diálogos hilários de tão cheios de chavões de autoajuda, obviedades e todo tipo de filosofia de botequim e efeitos práticos e de computação gráfica que mesmo para a época era consideravelmente datados. Pelo menos é perceptível que o piloto não se leva a sério, apesar da tragédia sofrida pelo protagonista, parecendo ser autoconsciente de suas limitações e do tipo de herói unidimensional que estabelece para gerar momentos constrangedores de pancadaria de todo tipo, de socos e pontapés, passando pelo uso de uma mulher que ele salva como “arma” e chegando ao bom e velho “nó na cobra” que vemos tanto em desenhos animados clássicos.

Como a série tem Raimi por trás, fica a impressão que o cineasta quis imprimir seu estilo trash à série propositalmente, criando algo que se assemelha, em espírito, a uma mescla da abordagem camp de Flash Gordon, de 1980, com a “tosquidão” de O Príncipe Guerreiro, de 1982. Há um bom uso da paisagens naturais da Nova Zelândia, algo que qualquer estagiário de diretor de fotografia saberia capturar diante da beleza do país que faria as vezes da Terra-Média de Peter Jackson e um razoável cuidado – e variedade – com os figurinos, mesmo que o “uniforme” do Hércules seja um tanto quanto anacrônico, algo em que é acompanhado pelas madeixas loiras e lisas de Sorbo, como se ele, em todas as situações, tivesse acabado de passar por um completo tratamento capilar.

O episódio piloto de Hércules: A Lendária Jornada é uma completa e rasa bobagem que, talvez exatamente por isso, consiga até divertir dentro daquela categoria infame de “tão ruim que acaba sendo bom”. Lembrando apenas de longe a mitologia grega e mostrando-se despretensiosa e autoconsciente, a série teria uma curiosa vida longa e acabaria criando seu próprio miniuniverso juntamente com seus derivados e contaria alguns atores ilustres que apareceriam aqui e ali, incluindo Bruce Campbell e o grande Anthony Quinn. Ou seja, todo mundo gosta de uma tosquice!

Hércules: A Lendária Jornada – 1X01: A Diabólica (Hercules: The Legendary Journeys – 1X01: The Wrong Path – EUA, 29 de janeiro de 1995)
Criação: Christian Williams, Robert Tapert
Direção: Doug Lefler
Roteiro: John Schulian
Elenco: Kevin Sorbo, Michael Hurst, Clare Carey, Mick Rose, Elizabeth Hawthorne, Nicky Mealings, Tawny Kitaen
Duração: 44 min.

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