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Crítica | Histórias Maravilhosas – 1X12: Vanessa in the Garden

por Ritter Fan
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Apesar de seus papeis na televisão, especialmente o de Rowdy Yates, em Rawhide, terem contribuído fortemente para a carreira cinematográfica de Clint Eastwood como ator, quando ele começou a aventurar-se na cadeira de diretor, ele apenas voltou para essa mídia por duas vezes. A primeira foi na versão original de Histórias Maravilhosas (Amazing Stories), no episódio Vanessa in the Garden, objeto da presente análise, e a segunda e até agora última foi em um episódio da série documental The Blues.

A antologia oitentista idealizada por Steven Spielberg primou por trazer fascinantes, mas simples histórias de fantasia e/ou ficção científica de pouco mais de 20 minutos, muitas vezes comandadas por grandes nomes da época (ou nomes que se tornariam grandes ao longo do tempo), incluindo o próprio Spielberg, Martin Scorsese, Burt Reynolds, Joe Dante, Robert Zemeckis, dentre outros. Eastwood, então já veterano na direção, foi chamado para capitanear o 12º episódio da 1ª temporada, que foi ao ar em 29 de dezembro de 1985 e que marcou a metade exata do ano inaugural da série que, infelizmente, até o reboot de 2020, só teria dois.

Contando com Harvey Keitel, além de Sondra Locke, companheira de Eastwood à época (e Jamie Rose, sua amante!), o episódio é uma bela história de amor que se passa no começo do século XX, com Byron Sullivan (Keitel), um pintor prestes a expor suas obras em uma galeria de renome, perdendo sua esposa e musa inspiradora Vanessa (Locke) para uma tragédia, mas descobrindo que ele pode de certa forma revivê-la por meio de seus quadros. O elenco está muito bem, especialmente Keitel e Eastwood empresta um ar lírico e onírico à narrativa que é essencialmente visual, criando um episódio, que foi escrito pelo próprio Spielberg, muito bonito visualmente, como se realmente os quadros de Sullivan ganhassem vida.

A reconstituição de época, apesar da natureza razoavelmente confinada do episódio, é cuidadosa, amplificando a abordagem de sonho que a história exige, algo que a fotografia ajuda ao usar filtros para dispersar a luz. Os figurinos são detalhados e o interior caótico da casa de Sullivan, refletindo seu mergulho na amargura e tristeza pela perda da amada, mostra o porquê de Histórias Maravilhosas ser até hoje uma série que traz boas lembranças a quem a assistiu, mesmo que nem sempre os episódios sejam de alta qualidade. Vanessa in the Garden usa a simplicidade a seu favor, evitando arroubos de ação ou mesmo grandes surpresas, mas sempre funcionando como um romance impossível que conversa bem com a relação do artista com sua arte.

Vanessa in the Garden não tem a ambição de fazer o queixo do espectador cair, contentando-se com um olhar simpático ao artista que é metaforizado pela forma como ele dá vida à sua esposa falecida. Só mesmo Spielberg para vir com uma mensagem tão bonita que economiza palavras e prende a atenção do espectador primeiro pela ótima atuação de Harvey Keitel e, depois, pela qualidade da abordagem técnica de Clint Eastwood, em uma de suas menos características obras.

Histórias Maravilhosas – 1X12: Vanessa in the Garden (Amazing Stories, EUA – 29 de dezembro de 1985)
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Steven Spielberg
Elenco:  Harvey Keitel, Sondra Locke, Beau Bridges, Margaret Howell, Randy Oglesby, Jamie Rose, Milton Murrill
Duração: 25 min.

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