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Crítica | Homeland – 8X07: F**ker Shot Me

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas das demais temporadas.

Na crítica anterior, mencionei que fiquei preocupado que o restante da temporada seria uma busca ao Max e à caixa preta por Carrie, agora fugitiva. F**ker Shot Me é exatamente isso, mas nem de longe há indicação de que os próximos episódios ficarão girando em torno desse assunto. E, mais do que isso, devo dizer que, se o episódio sob análise é o sinal do tipo de abordagem para a caçada, então não tenho do que reclamar se todo o restante for nessa mesma direção.

O mais interessante de tudo até agora é o grau de mistério que os showrunners estão conseguindo imprimir na temporada. Não sabemos exatamente o que Carrie passou durante seu cativeiro na Rússia e se ela está sendo de alguma forma manipulada; não sabemos qual é a exata relação dela com Yevgeny ou mesmo as verdadeiras intenções do espião russo; não temos ideia mais concreta sobre o que aconteceu com o helicóptero dos presidentes e, se houve algum atentado, não há pistas de quem exatamente passou as informações (Carrie seria a escolha mais ousada, mas há outras opções, como até mesmo David Wellington, o assessor do presidente americano). Portanto, estamos já no sétimo episódio e Howard Gordon e Alex Gansa estão nos fazendo caminhar quase que completamente no escuro, mas, ao mesmo tempo, sem parecer que a temporada está emperrada por causa disso.

E isso resulta em tensão, ansiedade e, claro, uma excelente maneira de se contar uma história. Afinal, com F**ker Shot Me, basicamente lida com Carrie e Yevgeny correndo atrás de Max, com direito a um tour pela 4ª temporada da série quando a agente da CIA mandou bombardear um vilarejo com o objetivo de assassinar Haissam Haqqani. Coincidência ou um ato sacana de Yevgeny, nunca saberemos, mas tenho para mim que o russo não é flor que se cheire e mesmo parecendo sincero com Carrie, não consigo acreditar em uma palavra que sai de sua boca.

Claro que a localização de Max pareceu um pouco fácil  demais e isso eu reputo a uma conveniência proposital de roteiro, somente para conectar Carrie com ele de forma que ele passasse informações sobre o paradeiro da caixa preta, o que pode significar que o último personagem coadjuvante da série pode não ter lá um final feliz… Seja como for, a conexão dessa história com Jalal Haqqani, também razoavelmente conveniente, cria um bom movimento circular dentro da própria temporada e recoloca o filho do líder dos talibãs dentro da narrativa, talvez apontando – apenas especulação! – para sua participação na morte do presidente Warner.

Falando na presidência americana, a conexão do novo e inexperiente presidente Benjamin Hayes com o manipulador presidente G’ulom é mais um elemento que gera temor e ansiedade dentro da temporada, além de, claro, pois isso não fica apenas nas entrelinhas, a óbvia e devida conexão com o mundo real, com resultados que conhecemos. Ou seja, o lado político macro da temporada tem peso e vem ganhando cada vez mais relevo, levando Saul Berenson a maquinar de maneira independente para frustrar os planos da dupla de novos presidentes, ainda que, pelo menos até aqui, sem muito sucesso, só para usar um eufemismo.

Se a morte de Haqqani efetivamente acontecer agora, muito do que a série pode abordar – já que duvido que uma nova guerra no Afeganistão e/ou Paquistão está dentro do orçamento (e esse caminho potencialmente retiraria o foco da protagonista) – será esvaziado, pelo que espero que ele continue vivo por mais alguns episódios. Como isso acontecerá diante daquele julgamento “justíssimo” por que ele passou, não faço a menor ideia, mas essa é mais uma maneira que a série joga com a tensão, algo que os melhores roteiristas de Homeland e que estão presentes nesse episódio e, ainda bem, quase nesta última temporada inteira – Patrick Harbinson e Chip Johannessen – trabalham com absoluta maestria.

F**ker Shot Me pode até ser considerado como um pouco “magro” de história, mas o que ele coloca em tela é essencial para o futuro da temporada e mantém a narrativa bipartida – mas não desconectada – entre o aspecto micro envolvendo Carrie e o macro envolvendo a presidência americana. Jogando com suspense, tensão e mantendo o espectador completamente envolto em mistérios, a série entrega mais um grande exemplar da televisão moderno.

Homeland – 8X07: F**ker Shot Me (EUA, 22 de março de 2020)
Showrunner:
 Howard Gordon, Alex Gansa (baseada em série criada por Gideon Raff)
Direção: Lesli Linka Glatter
Roteiro: Patrick Harbinson, Chip Johannessen
Elenco: Claire Danes, Mandy Patinkin, Maury Sterling, Linus Roache, Costa Ronin, Numan Acar, Nimrat Kaur, Sam Trammell, Hugh Dancy, Mohammad Bakri, David Hunt, Cliff Chamberlain, Andrea Deck, Sitara Attaie, Elham Ehsas
Duração: 55 min.

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