Home FilmesCríticas Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Sem Spoilers)

Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Sem Spoilers)

Promessas sem inspiração.

por Felipe Oliveira
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Inicia-se uma nova fase para o Universo Cinematográfico da Marvel, e os ruídos são sempre os mesmos: há um horizonte inédito tomando forma para a narrativa expansiva. E bem, o desfecho da Fase 4 apontava para o implacável Kang, o Conquistador, e depois de causar temor com uma de suas variantes em Loki, o vilão recebe a tão esperada introdução que fizesse jus a sua vilania em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, longa que vinha também com outra gama de expectativas para a audiência: a quinta Fase do MCU. E pensando por este lado, tudo isso não poderia ser menos empolgante por preparar o terreno com novos desafios e uma ameaça que aterrorize mais que os vislumbres da chegada lenta de Thanos. Contudo, dentre tudo o que Quantumania executa, só não mostra a que veio.

Seguindo a linha das recentes sequências de Thor: Amor e Trovão e Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, o roteiro de Jeff Loveness também aborda os efeitos pós Thanos, e se há o que possa ser extraído da maneira instantânea e disfarçada pelo humor infantil com que a trama se desenrola, Quantumania é um filme sobre tempo, vingança e reparação, mas isso de longe de qualquer peso real que o texto consiga atingir. Muito porque a dramaticidade está presa a um desenvolvimento que não empolga pelos personagens, principalmente para Janet (Michelle Pfeiffer), que ganha mais destaque como ponte para Kang (Jonathan Majors) e Cassie (Kathryn Newton) a filha adolescente de Scott. E o que mais impressiona aqui é o quanto Peyton Reed acredita estar dirigindo um filme mais maduro e objetivo para o início de uma nova era para o MCU, visto que é só outra ponta postiça do que o estúdio vem fazendo: “o humor mais sutil e mais drama”, além de vários repetecos de outros filmes como composição de mundo.

Então, chega a ser terrivelmente cômico quando adentramos no Reino Quântico e percebemos que há acenos visuais e narrativos que remetem a Arthur e os Minimoys, Vida de Inseto, Sharkboy e Lavagirl, Avatar e Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith, mas não há nada que aponte para um esforço do estúdio em ser criativo, ou de fato, que esteja buscando ter mais identidade. A ideia ao beber de outros filmes de fantasia e ficção científica é levar a ilusão de que novos elementos estão sendo trabalhados no MCU, porém, tudo se resume mais a preguiça e conveniência de fazer um longa visualmente e narrativamente calculado, levado à exaustão de sua fórmula. Nisso, não sobra empolgação para um filme que trata também do campo das possibilidades e espelha pedaços de outros filmes em vez de criar, no mínimo que fosse, uma característica própria.

Certo que quando o assunto é um filme solo do Homem-Formiga, a sensação é sempre do ele que poderia ter sido, mas Quantumania consegue ser o mais fraco e tornar o papel de galã com falas idiotas de Paul Rudd um show ultrapassado que não percebe que carece de maturidade, mas isso também é consequência de um mega universo compartilhado de filmes e séries que não cogita amadurecer já que, por fim, “o resultado de um será o complemento de outro, ou a cena pós-crédito de outro” e basta apenas manter a conhecida fórmula por perto, com tentativas frustradas de querer ser engraçado — pois claro, além de heróis, os personagens do MCU são aspirantes a comediantes — que o hiper conectado mundo da Marvel poderá ser continuado tranquilamente.

A grande ironia que faz o filme ser tão fraco e decepcionante é por ser a entrada de uma nova Fase e ainda sim, parece nunca ter saído da anterior. Há trechos que tentam emular até mesmo a composição de personagem de Peter Parker de Homem-Aranha 2 — o que Loveness não entende ao fazer “referências” é que o Parker do Maguire foi um personagem com desenvolvimento —, há a tentativa de “substituir” os easter-eggs com Stan Lee, e o pior de todos os esforços do roteiro, visto a complexidade da trama, é dedicar tempo para explicar o uso de foreshadowings para o suposto clímax, como se isso foi sinal de alguma sacada mirabolante e inteligente, ou como os impressionados por qualquer detalhe gosta de chamar, reviravolta.

Como o terceiro capítulo de uma trilogia isolada de um universo compartilhado, ironia é o que não falta para Quantumania, e como estava fazendo falta ver o Homem-Formiga crescer, diminuir e falar bobagens, na teoria, o filme era mais sobre a introdução de um vilão enquanto também tenta solucionar as questões pessoais do personagem título. E ainda que as motivações para apresentar o Reino Quântico sejam preguiçosas, é sempre excitante ver Majors como um vilão persuasivo, mas até quando essa performance vai durar dentro das promessas de desenvolvimento do MCU? A essa altura, não dá mais para sair dessa sombra, e o que temos aqui é o início da Fase 4.1.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Ant-Man and the Wasp: Quantumania – EUA, 16 de fevereiro de 2023)
Direção: Peyton Reed
Roteiro: Jeff Loveness
Elenco: Paul Rudd, Evangeline Lilly, Michelle Pfeiffer, Kathryn Newton, Jonathan Majors, Michael Douglas, William Jackson Harper, Katy M.O’Brian, David Dastmalchian, Bill Murray
Duração: 125 min.

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