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Crítica | I Am Your Father

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Darth Vader é, sem a menor sombra de dúvidas, um dos, se não o maior vilão do cinema e da cultura pop como um todo, podendo ser reconhecido por qualquer um somente pela sua silhueta. Mas e quanto ao homem por trás da máscara? Quantos são aqueles capazes de olhar para David Prowse e reconhecê-lo como a pessoa que vestiu a icônica armadura negra? Por meio do documentário I Am Your Father, os diretores e roteiristas Toni Bestard e Marcos Cabotá buscam mostrar a importância desse homem para toda a saga, como ele foi injustiçado em O Retorno de Jedi e provar que ele não é apenas uma pessoa alta e que, somente por isso, foi capaz de viver o antagonista.

Coletando depoimentos tanto de pessoas envolvidas na produção da Trilogia Original, como Gary Kurtz, Kenny Baker e, é claro, o próprio Prowse, além de fãs e outros atores, como Lou Ferrigno, o documentário nos leva em uma jornada pelos três filmes da trilogia clássica, pincelando a narrativa com algumas informações acerca da cobertura da mídia na época, eventos e outros aspectos que fizeram parte da vida daqueles envolvidos com Star Wars. Desde cedo sentimos que a obra é extremamente partidária de Prowse, que ficara de fora da icônica cena de Vader retirando seu capacete – isso, naturalmente, não chega a ser um defeito, já que toda obra reflete a mente de seu criador. O problema em se realizar um documentário que defende tão abertamente o ator é que seria preciso argumentos fortes que sustentem essa posição, o que de fato não há.

Intercalando as entrevistas, narração e material de arquivo, Bestard e Cabotá inserem alguns trechos claramente encenados de Cabotá chegando em determinado lugar ou simplesmente andando enquanto a voz em off  de Colm Meaney continua falando. Essa escolha do roteiro cria uma nítida teatralidade, inserida, evidentemente, para dar um tom triste ao documentário, visto que são acompanhadas de uma lenta melodia no piano. Fica claro que os realizadores buscavam tocar o espectador através desse recurso dramático barato, mas tudo o que conseguem é causar estranhamento, o que dilata o tempo de projeção com sequências que não acrescentam em absolutamente nada.

Com isso em mente, enxergamos que os dois diretores não demonstraram muita confiança naquilo que buscavam defender e, no fim, continuamos acreditando que Prowse foi realmente só uma pessoa facilmente substituível que vestiu a armadura de Vader. Não há valor em sua interpretação por baixo da fantasia? Claro que há, mas o principal aspecto que define o icônico vilão é a direção dos filmes. Se tomarmos como exemplo O Retorno de Jedi enxergamos isso com clareza: na sequência de Vader decidindo se salvará Luke ou não, entendemos sua angústia e sua dúvida através da decupagem e esse momento é um em que o antagonista se demonstra mais expressivo. O mesmo pode ser dito nos instantes que precedem a sua morte: mesmo com o capacete, vemos que ele está derrotado e não passa mais o mesmo terror de outrora.

Não é à toa que I Am Your Father encontrou dificuldade em ser distribuído. O filme pinta um retrato praticamente maniqueísta de toda a produção da Trilogia Original, colocando George Lucas e os produtores da Lucasfilm como vilões que cometeram uma grande injustiça em relação a Prowse, como se ele merecesse ser o rosto e a voz por trás da máscara. Chega a ser triste constatar como a obra busca fomentar essa briga, apontando dedos ao invés de efetivamente provar que David fora um dos responsáveis pelo sucesso da franquia. Chega a ser ridículo como ele é pintado como herói, enquanto trechos de péssimos Filmes B são passados, ou comerciais do ator ensinando as crianças a atravessarem a rua. A impressão passada é que os realizadores contavam com uma paixão pelo ator e que não conseguiram pintá-la efetivamente na tela.

Apesar disso, I Am Your Father traz algumas ótimas entrevistas e detalhes sobre Star Wars e suas influências na cultura pop. Falhando em defender a sua posição, o filme vale justamente por esses trechos que nos permitem reviver toda a euforia causada pela Trilogia Original, além, é claro, de aprender mais sobre a sua produção. Uma pena que Prowse não tenha sido bem retratado nesse documentário e que continuemos enxergando mais Vader do que o homem por trás da máscara.

I Am Your Father — Espanha, 2015
Direção:
 Toni Bestard, Marcos Cabotá
Roteiro: Toni Bestard, Marcos Cabotá
Elenco: Kenny Baker, Jeremy Bulloch, Benjamin A. Burtt, Marcos Cabotá, Lou Ferrigno,  Marcus Hearn, Gary Kurtz, Colm Meaney, Julian Owen,  David Prowse
Duração: 83 min.

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