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Crítica | Ilha das Aranhas (Tie-In de Guerras Secretas – 2015)

por Pedro Cunha
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  • Leia a crítica da saga aqui e dos demais tie-ins aqui.

O que são os tie-ins: Em Guerras Secretas, saga de 2015, o Doutor Destino – agora Deus Destino – recriou o mundo ou, como agora é conhecido, Mundo Bélico, a seu bel-prazer, dividindo-o em baronatos, cada um normalmente refletindo de alguma forma um evento ou uma saga passada da Marvel Comics. Com isso, a editora, que, durante o evento, cancelou suas edições regulares, trabalhou como minisséries – algumas mais auto-contidas que as outras – que davam novo enfoque à situação anterior já conhecida dos leitores, efetivamente criando uma saga formada de mini-sagas, com resultado bastante satisfatório, muitas vezes até superior do que as nove edições que formam o coração de Guerra Secretas.

Crítica

O que está acontecendo com os quadrinhos de Heróis? Não é de hoje que sentimos que o gênero dos “supers” está se desgastando, afinal, as editoras estão lidando com personagens com mais de 50 anos de história. Se não bastasse a idade avançada, os conflitos trabalhados e vividos por eles são, cada vez mais repetitivos. Batman sempre estará de luto, Capitão América sempre lutará pelos ideais de vida americano, Peter Parker tem, e nunca deixara de ter, problemas financeiros (mesmo sendo um gênio).

É difícil vermos HQs com os selos Marvel e DC que fujam de seus conhecidos chavões. Até nas já conhecidas tie-ins, vemos autores tendo que desenvolver tramas que já foram previamente desenvolvidas e resolvidas. Porém, Ilha das Aranhas é um quadrinho sobre o herói aracnídeo que foge totalmente do formato criado para as histórias do homem aranha. Não vemos Tia May ou algum problema financeiro, mas, nesse caso eu até preferiria que os velhos clichês fossem reutilizados.

Um vírus se espalha sobre a ilha de Manhattan, transformando todos os seus habitantes em meio humano, meio aranha. Liderados pela Rainha Aranha, heróis que foram contaminados, deixam de ser aquilo que já conhecemos e se tornam meros fantoches nas garras da vilã. É claro que existem alguns que não foram contaminados, esses liderados pelo Agente Venom (que já é uma desconstrução do personagem original), querem acabar com o reinado aracnídeo.

Sim, esse é o plot do quadrinho. Mesmo sendo um tanto quanto inusitado, já vimos histórias que tinham tudo para dar errado se transformarem em grandes arcos graças a capacidade de seus autores. Entretanto, esse não é o caso dessa Tie-in. O roteiro ficou nas mãos de Christos Gage, autor já conhecido do universo do Aranha, já tendo trabalhado com Homem-Aranha Superior, Aranha-Verso e alguns outros títulos. Infelizmente, Gage não faz um dos seus melhores trabalhos em Ilha das Aranhas. Com uma trama fraca, o roteirista faz dos diálogos, e personagens os verdadeiros pilares de sua história. Todavia, Christos prefere apostar em dilemas fracos, e um desenvolvimento de personagens ainda pior.

Escrever um quadrinho de apenas cinco edições tem seu lado bom, como a história se limita à um número fechado, o autor pode abusar da criatividade e se desprender de toda a cronologia do personagem que está sendo escrito. Porém, se essa liberdade não for bem administrada pelos criadores, aquilo que era pra ser o bom, acaba sendo a ruína de toda a história.

Gage não tem tempo de fazer com que seu receptor tenha um vínculo emocional com seus protagonistas, sendo eles Venom, Mulher-Aranha e Homem-Aranha. Com seu público frio, todos os dilemas, discursos e motivações caem por terra. Discursos esses que o escritor faz questão de inserir em todas as suas cinco edições, deixando o leitor cada vez mais enfadado.

A arte é de Paco Diaz, que faz um bom trabalho durante as primeiras edições, com traços interessantes, quadros bem posicionados e cores, de Frank D’Armata, bem trabalhadas. Porém, conforme a trama vai se desenvolvendo, e piorando, a arte de Diaz também perde seu apelo. Os personagens que no começo tinham bons traços, são substituídos por expressões grosseiras, cores indiferentes e quadros apressados e sem propósito.

Além de tudo isso, o quadrinho possui inúmeros erros de continuidade, no final de uma página vemos um diálogo se encerrando e no quadro seguinte temos outra cena, completamente diferente da anterior. Com certeza, Paco e Christos tiveram que cortar muito de sua obra para que ela pudesse se encaixar no modelo da editora.

Ilha das Aranhas é um quadrinho com uma trama totalmente nova, que repete inúmeros clichês do gênero. Parece que a indústria de quadrinhos de herói sabe que ela precisa se reformular, porém não sabe como, ou não tem a coragem de largar aquilo que fez sucesso por muitos anos, e mirar no novo, que é incerto.

Guerras Secretas: Ilha das Aranhas (Secret Wars: Spider Island) — EUA, 2015
Roteiro: Christos Gage
Arte: Paco Diaz
Cores: Frank D’Armata
Letras: Travis Lanham
Editora original: Marvel Comics
Datas originais de publicação: 2015
Editora no Brasil: Panini Comics
Data de publicação no Brasil: setembro de 2016
Páginas: 124

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