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Crítica | Invencível – Vol. 14: A Guerra Viltrumita

Space Opera da melhor qualidade!

por Kevin Rick
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Na crítica do volume anterior, eu falei de como as edições envolvendo Nolan e Allen no espaço tinham um pezinho no subgênero da ficção científica de space opera. Com a dupla recrutando Mark, Oliver e Tech Jacket (um personagem muito bacana de uma série em quadrinhos largamente desconhecida do Kirkman), o grupo vai para Talescrian para organizar o ataque aos Viltrumitas, no que é possivelmente um início de transição, ou pelo menos mistura, de estilo narrativo na série. Kirkman começa a trazer a linguagem da obra mais para o lado da Ópera Espacial com batalhas interplanetárias, impérios galácticos e civilizações alienígenas, do que “apenas” um quadrinho de herói.

O volume quatorze, por exemplo, nem parece uma história de heroísmo. É uma narrativa de proporções épicas, naves e armas futuristas, combates no vazio do espaço, planetas sendo destruídos e invasões interplanetárias. Há, sim, um pouco do estudo de moralidade de Mark diluído na história, como quando ele finalmente assassina Conquest, mas, pelo menos por agora, é algo bem sutil no arco. O foco é realmente esta guerra de impacto universal entre a Coalizão de Planetas e o Império Viltrumita. No entanto, diferente de obras mais famosas de space opera, como Star Wars Star Trek, Kirkman mantém a violência e o gore como uma constante, garantindo um senso de urgência ao longo da guerra, além de construir uma história que é menos uma aventura e mais ação.

Como sempre, Kirkman tem uma estrutura de escalonamento de tensão que deixa a leitura extremamente dinâmica, com a ajuda, claro, da arte magnífica de Ottley. Eu sempre fico bobo de como a dupla dá uma aula sobre fazer ação na Nona Arte. Pouquíssimos quadrinhos com heróis superpoderosos conseguem ter o dinamismo visual e narrativo de Invencível. A violência tem seu nível de importância, até porque se tornou característica da obra, mas é a construção dos momentos, do peso antagônico e a diagramação que me deixam embasbacado. A luta com Conquest, por exemplo, tem uma gravidade de perigo só no aparecimento do personagem, e o mesmo vale para a introdução do fantástico regente Thragg. Ottley faz um trabalho irreal nas lutas, considerando quão pouco ele dispõe de cenários e pano de fundo – quase todos os combates se dão no espaço negro. O artista compõe muito bem a sensação de voos, de movimento dos personagens no espaço e é extremamente criativo com a “coreografia” das lutas, como a memorável forma que Mark derrota Conquest enforcando-o enquanto toma socos no corpo ou então o nível de escala para a guerra – aquele painel do planeta Viltrum sendo dizimado é um absurdo.

Ademais, o roteiro do volume desenvolve muito bem os seus personagens principais. Os momentos pré e pós a guerra com as conversas entre Nolan e Debbie, e Mark e Eve, são dramaticamente muito eficientes, com bons diálogos, emoção e conflito – o “zoom” de Ottley no rosto de Eve em prantos é especialmente emocionante considerando a gravidez da personagem. Aventura intergaláctica e dramas familiares? Isso é space opera da melhor qualidade. Também é preciso pontuar a ótima sacada de manter Mark machucado por meses, dando o tempo necessário para desenvolver Oliver, criando peso para quando o personagem quase morre, além de enriquecer a conexão familiar no trio de homens da família Grayson. A série realmente é sobre essa família sofrendo, seja com o heroísmo, seja agora com eventos interplanetários. No mais, A Guerra Viltrumita parece um endgame para a HQ, então a perspicácia de Kirkman em “terminar” a guerra e manter os Viltrumitas na Terra é um fechamento muito inteligente para manter o conflito em aberto, circulando na história sem confronto direto. Como Mark diz, eles não ganharam a guerra. Apenas trouxeram o inimigo para casa.

Invencível – Vol. 14: A Guerra Viltrumita (Invincible – Vol. 14: The Viltrumite War) – EUA, 2011
Contendo:
Invencível #71 a 78
Roteiro: Robert Kirkman
Arte: Ryan Ottley
Colorista: Cliff Rathburn, FCO Plascencia
Letras: Rus Wooton
Editora original: Image Comics
Páginas: 198

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