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Crítica | It: Bem-Vindos a Derry – 1X05: Rua Neibolt, 29

Alô criançada, o Pennywise chegou!

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e de tudo sobre It.

Apesar de tecnicamente desnecessário, por todo mundo já conhecê-la, gostei que a produção escolheu esconder a Coisa na sua forma mais clássica do palhaço Pennywise, vivido por Bill Skarsgård, até o quinto episódio da série, mesmo que isso tenha levado ao uso de substitutos nem sempre – ou quase nunca… – interessantes. Essa estratégia economizou o aterrador avatar da criatura extradimensional que se alimenta do medo e fez de sua aparição, aqui em Rua Neibolt, 29, um momento eficiente e relevante, especialmente em razão do retorno de um pálido Matty para servir de isca para capturar vítimas, algo que ficou evidente desde o primeiro segundo de sua aparição, claro, mas que não creio que o objetivo tenha sido fazer algo realmente inesperado. É um episódio que, como o anterior, consegue muito gradativamente, quase engatinhando, subir levemente o nível da temporada inaugural da série que, pelo menos para mim, ainda precisa de uma injeção de algum complexo multivitamínico para realmente parecer mais do que uma compilação de “cenas deletadas” dos filmes de Andy Muschietti.

Como no episódio precedente, há um equilíbrio maior da importância dos núcleos de adultos e crianças que, aqui, convergem fisicamente no esgoto da cidade, o primeiro entrando pela poço na casa mal-assombrada da Rua Neibolt e o outro por um túnel escolhido pela própria criatura maligna que veio do espaço disfarçada de Matty e que o Clube dos Perdedores, agora somado de Marge, que nem mesmo perdeu o olho, sequer imagina desconfiar que talvez, sei lá, possa ser uma armadilha parecida com que as várias outras que o grupo caiu (essas crianças, mesmo sendo crianças, estão me parecendo particularmente burrinhas, mas tudo bem…). É curioso que haja tanto destaque para a casa extraída diretamente por Dick da mente de Taniel como ponto de entrada para os pilares que servem de fronteiras para o monstro, já que, ao que tudo indica, as diversas outras entradas de esgoto da cidade dão no mesmo lugar, mas esse é outro aspecto que eu vou só fechar os olhos e deixar passar, mesmo lá no fundo achando que não custava nada os roteiros terem tido mais cuidado com a lógica interna.

A direção de Emmanuel Osei-Kuffour Jr. emula a de Muschietti em seu segundo filme, mas sem a vantagem da novidade, pelo que toda a caçada de Pennywise no sistema de esgoto pareceu-me burocrática, quase que completamente sem graça, mas valendo por sua entrada triunfal – e ululantemente óbvia, mas sem problema -, bem do jeito que o bicho gosta. Fica evidente que It: Bem-Vindos a Derry é uma série de horror em que o termo “horror” precisa ser encarado da maneira mais liberal possível, sem nenhuma pretensão de construção de tensão, claustrofobia ou aquela coisinha básica chamada susto. E olha que o diretor tinha a faca e o queijo na mão por boa parte da ação se passar em túneis escuros com água quase até o joelho, algo que, com uma pequena ajuda de roteiro, seria facilmente aproveitado pelo mais inexperiente dos cineastas. Infelizmente, porém, os túneis escuros assustam tanto quanto os de parques de diversão dos anos 70 e qualquer senso de ameaça é substituído por uma apatia levemente curiosa. E olha que o grande vilão é um palhaço sinistro que, como se sabe muito bem, é facilmente mais assustador do que qualquer outro tipo de monstro.

Por outro lado, Dick Hallorann tem ganhado destaque merecido, com Chris Chalk completamente dedicado a essa versão jovem do personagem que foi inicialmente introduzido em O Iluminado (tanto na literatura quanto no audiovisual), destaque esse substancialmente maior do que o que recebeu de Stephen King em It – A Coisa. Não só ele é peça fundamental para a equivocada estratégia do general Francis Shaw de usar a Coisa como arma para “acabar com a Guerra Fria”, como sua iluminação não tem recebido tratamento trivial. Ao contrário, a forma como ele mergulhou na mente de Taniel no episódio anterior foi assustadora e, agora, em embate com a criatura, é levado para dentro de sua própria mente, com a caixa de seus “poderes esquecidos” sendo reaberta, o que o leva à habilidade de ver gente morta, como o final do episódio sinaliza. Se a produção da temporada não fosse tão tumultuada e insegura do material que tem em mãos, ela poderia ser uma fenomenal história de “origem” do Hallorann que ajudaria Danny a lutar contra seu pai possuído no Hotel Overlook, ainda que definitivamente haja tempo para isso.

A narrativa paralela sobre Hank Grogan, seu envio para Shawshank, o acidente no ônibus causado pela Coisa, a revelação de quem é sua amante branca (outra obviedade, mas que foi muito bem feita) e, ao final, a conexão de Ingrid com Charlotte (assim como Chalk, Taylour Paige vem arrebentando em seu papel), é outra que funciona muito bem em um segundo plano esperto, bem conduzido, que não deixa o tema do racismo sumir da série que é o que de verdadeiro horror a produção tem. E o melhor é que, nas entrelinhas, ficou a promessa de que haverá ainda mais destaque para esse núcleo nos próximos episódios, o que pode ajudar a suavizar o uso constante das bengalas narrativas da temporada, apoiada demais em fogos de artificio de computação gráfica sem que a direção de arte seja capaz de criar algo efetivamente assustador. O Pennywise pode ter finalmente chegado, mas a verdade é que já passou da hora de Dick e Charlotte assumirem de vez o protagonismo dessa palhaçada!

It: Bem-Vindos a Derry – 1X05: Rua Neibolt, 29⁩ (It: Welcome to Derry – 1X05: 29 Neibolt Street – EUA, 23 de novembro de 2025)
Desenvolvimento:
Andy Muschietti, Barbara Muschietti, Jason Fuchs (baseado em romance de Stephen King)
Showrunners:
Jason Fuchs, Brad Caleb Kane
Direção:
Emmanuel Osei-Kuffour Jr.
Roteiro:
Brad Caleb Kane
Elenco: 
Clara Stack, Amanda Christine, Blake Cameron James, Arian S. Cartaya, Matilda Lawler, Taylour Paige, Jovan Adepo, Chris Chalk, James Remar, Peter Outerbridge, Rudy Mancuso, Stephen Rider, Alixandra Fuchs, BJ Harrison, Kimberly Norris Guerrero, Joshua Odjick, Madeleine Stowe, Miles Ekhardt, Bill Skarsgård
Duração:
56 min.

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