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Crítica | iZOMBIE – Vol. 4: Repossession

por Ritter Fan
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estrelas 3,5

Obs: Há spoilers somente dos volumes anteriores.

iZOMBIE teve vendas claudicantes desde seu início e, no começo de 2012, Chris Roberson e Michael Allred, os criadores da série, anunciaram seu cancelamento para agosto daquele ano, durante a Emeral City Comicon. Não foi algo inesperado e, segundo os autores, essa possibilidade já existia há algum tempo.

E, se olharmos para trás, realmente é possível fisgar pistas aqui e ali do futuro da série publicada pela Vertigo Comics. Em Morri pro Mundo, Roberson e Allred não tem pressa e apresentam seus personagens com vagar e tranquilidade, dando apenas tênues pistas de uma trama maior, mais abrangente envolvendo a simpática zumbi Gwendolyn, a fantasma sessentista Ellie e o terrieromem Scott/Spot.

O mesmo acontece no volume seguinte – uVampire – que se concentra em contar as origens de basicamente todos os personagens, menos a de Gwen. Aprendemos sobre Ellie, Scott, o avô de Scott e as vampiras. Além disso, uma narrativa lovecraftiana começa a se formar, envolvendo Galatea, antiga inimiga de Amon, ser imortal que fica amigo de Gwen e sua turma – não sem segundas intenções, claro – logo no primeiro volume.

izombie v4 coverMas, no terceiro volume, cujos números foram publicados originalmente entre maio e outubro de 2011, provavelmente na mesma época em que Roberson e Allred começaram a receber sinais de que sua série não ia bem em termos de vendas, há uma pronunciada aceleração na história, com a apresentação do grupo Presidentes Mortos que trabalha para uma espécie de FBI sobrenatural batizado de V.E.I.L. e a revelação, para os humanos normais, da existência de zumbis, com um ataque em larga escala na cidadezinha natal de Gwen, Eugene, no Oregon. Nesse mesmo compasso, o segredo de Gwen é revelado e Horácio, o caçador de monstros que ela namora, fica chocado com a descoberta, sumindo do mapa.

É nos estertores da invasão zumbi que o quarto volume começa. A Guarda Nacional já tomou controle da cidade e os Presidentes Mortos, liderados pela zumbi Kennedy e os Fossors (caçadores de monstros), liderados por Diógenes, continuam com sua relutante aliança para exterminar os últimos bolsões de monstros. Gwen fugiu para sua cripta e Scott foi capturado por Amon, que começa a colocar as engrenagens de seu plano maior contra a chegada de Xitalu, um deus lovecraftiano que Galatea deseja controlar.

A calma momentânea é logo substituída pelos primeiros sinais de que Xitalu está realmente próximo. Monstros extra-dimensionais começam a invadir a cidade, tornando a invasão zumbi anterior uma brincadeira de criança. Com isso, os Presidentes Mortos e os Fossors continuam sua aliança e eles são ajudados também por um espectro chamado simplesmente de Fantasma (introduzido no volume três e que toma o corpo de Gavin, irmão de Gwen) e por uma espécie de arauto do apocalipse que toma o corpo de Horácio, transformando-o em um ser de pele verde empunhando duas adagas (glaives). Mas esses personagens apenas arranham a superfície, pois Roberson e Allred não deixam de abordar as vampiras, Amon, Ubasti (a versão humana da esposa de Amon), Galatea, Francisco (o monstro de Frankenstein), o avô de Scott e, claro, a trinca principal: Scott, Ellie e Gwen.

Mas, de alguma forma, apesar de restritos em termos de espaço, Roberson e Allred conseguem dar coesão à narrativa. Há personagens demais talvez e alguns sem função específica, como o avô de Scott e Ellie, mas, em linhas gerais, a história que os autores querem contar faz sentido e gera interesse ao leitor nem que seja pelo inusitado da situação e pela reunião de tantos personagens sobrenaturais simultaneamente. É como ver um filme reunindo todos os mais famosos “monstros da Universal” sob um só teto e a chance de os autores perderem as rédeas eram grandes. Daí minha surpresa quando constatei que, apesar da “super-população”, o resultado final é satisfatório.

Satisfatório, não espetacular. A questão é que Gwen – afinal ela é a protagonista, não é mesmo? – não ganha destaque nem mesmo no derradeiro volume, pelo menos não até o último segundo quando ela finalmente tem que entrar em ação. Mas esses momentos finais são, de certa forma, desapontadores, pois acontecem muito rapidamente, sem maiores detalhamentos. Ela finalmente age, tudo acaba e ponto final. Pareceu-me o maior problema da “falta de espaço” de Roberson e Allred, que lutam para não deixar pontas soltas e acabam subaproveitando Gwen e diversos outros personagens.

Mesmo com problemas, o volume final de iZOMBIE diverte pela ação desenfreada e pelos traços de Allred, que abrilhantaram a obra desde seu início e, agora, alcançam seu ápice cataclísmico sem confundir a progressão narrativa e permitindo muita fluidez à história acelerada imposta pelo roteiro de Roberson. Sem dúvida, a série teria se beneficiado de mais tempo para respirar, com pelo menos mais um volume para o devido encerramento da história de Gwen, mas o trabalho autoral de Roberson e Allred nesse universo fantástico deixará saudades mesmo assim.

iZOMBIE – Vol. 4: Repossession (Idem, EUA – 2011/12)
Conteúdo: iZombie #19 a 28
Roteiro: Chris Roberson
Arte: Michael Allred, J. Bone, Jim Bugg
Cores: Laura Allred
Letras: Todd Klein
Capa: Michael Allred
Editora (nos EUA): Vertigo Comics
Data original de publicação: novembro de 2011 a agosto de 2012
Editora (no Brasil): Panini Comics
Data de publicação no Brasil: não publicado no Brasil na data de lançamento da presente crítica
Páginas: 223

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