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Crítica | Jackass 3

Três não é demais!

por Ritter Fan
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Sei que vão me achar maluco por afirmar isso, mas Jackass consegue se superar a cada nova continuação. O filme original de 2002 não foi muito mais do que um episódio estendido da série da MTV, com exatamente a mesma falta de qualidade audiovisual que se pode esperar de um produto televisivo da época. Quatro anos depois e com orçamento dobrado (de 5 para 11,5 milhões de dólares), o segundo longa veio com um verniz consideravelmente mais sofisticado, se é que posso usar esse adjetivo, o que resultou em uma obra mais bem acabada. Mais quatro anos se passaram e, em 2010, quase toda a equipe retorna (as exceções ficaram por conta novamente de Raab Himself em razão de sua luta contra o alcoolismo e Brandon DiCamillo, que brigou com alguns integrantes) para o que em tese seria o último filme da franquia – que só retornaria aos cinemas 12 anos depois, com Jackass para Sempre -, novamente dobrando o orçamento, agora de nada menos do que 20 milhões de dólares, o que significou mais qualidade ainda que se mostrou um belo investimento considerando que o filme teve a bilheteria mais vultosa, de mais do que 170 milhões de dólares.

A essa altura do campeonato, não havia razão para mudar absolutamente nada na fórmula vencedora que Jeff Tremaine, Johnny Knoxville e Spike Jonze criaram no ano 2000 e o que temos é, mais uma vez, uma sucessão de esquetes cômicas na forma de autoflagelação da equipe em brincadeiras perigosas, dolorosas, nojentas e escatológicas e de pegadinhas entre eles e com terceiros desavisados. Estruturalmente, o único elemento novo é que a abertura em câmera lenta é, agora, o encerramento do longa, abrindo lugar para um início semi-musical, por assim dizer, além do uso da estereoscopia para surfar na moda insana iniciada por James Cameron e seu Avatar, no ano anterior.

Assim como no segundo filme, há um acabamento mais cuidadoso tanto em termos de design de produção (quando isso se aplica, claro), quanto em termos de fluidez narrativa (não que haja uma narrativa verdadeira…) e de sofisticação das peraltices do grupo, que, aqui, conta com uma mais do que realista fantasia de gorila para fazer o casal April e Phil Margera, pais de Bam Margera, quase terem um ataque cardíaco ao entrar em um quarto de hotel. Mesmo mantendo a crueza – e crueldade – de muitas das pegadinhas, valendo destaque para a simples, mas extremamente violenta “Rocky”, “Rocky II” e assim por diante, percebe-se um trabalho de câmera que faz o possível – quando o cinegrafista não está vomitando, lógico, o que acontece algumas vezes – para registrar as imbecilidades com um mínimo de rigor técnico, com direito a travellings e até tomadas de grua.

As esquetes são, novamente, dos mais variados níveis de humor, mas todas invariavelmente exigindo o estado de espírito correto do espectador, que precisa ter sobretudo estômago forte para aguentar o nível acentuado de escatologia e nojeira, potencialmente o mais alto de todos os três filmes. E, nesse aspecto, tenho que tirar o chapéu para Steve-O. Não sei, mas ele deve ser muito doente, tadinho, ou completamente louco (o que não deixa de ser uma doença), mas, de toda forma, ele merece algum tipo de prêmio. Ele já havia mostrado propensão a lidar com nojeiras variadas, mas, em Jackass 3, ele ultrapassa todos os limites que um ser humano tem direito de ultrapassar, seja bebendo o suor pegajoso do obeso Preston Lacy depois de literalmente retirá-lo com as próprias mãos do corpo de seu colega, ou mordendo uma maça que estava entre os glúteos do mesmo Lacy ou, claro, participando do suprassumo da escatologia: o bungee jump de banheiro químico repleto – REPLETO – de fezes.

Jackass 3 é mais um acerto grotesco de Knoxville e equipe, provavelmente os mais destemidos “atores” do cinema que fazem quaisquer outros atores que dizem que não precisam de dublês para cenas perigosas parecerem codornas despenadas. Afinal, não há atos maiores de macheza (leia-se: loucura) do que encarar a potência da turbina de uma avião sentado em um sofá, colar-se com supercola em seu colega na posição de 69, enfrentar um touro de peito aberto, levar uma bola de futebol americano chutada por um jogador profissional direto na cara e sem proteção ou simplesmente chegar desavisado no escritório da produtora levando uma bandeja de sopa.

Jackass 3 (Jackass 3D – EUA, 2010)
Direção: Jeff Tremaine
Roteiro: Jeff Tremaine, Johnny Knoxville, Bam Margera, Steve-O, Chris Pontius, Ryan Dunn e demais (baseado em criação de Jeff Tremaine, Johnny Knoxville e Spike Jonze)
Com: Johnny Knoxville, Bam Margera, Chris Pontius, Steve-O, Ryan Dunn, Dave England, Wee Man, Ehren McGhehey, Preston Lacy, The Dudesons, Loomis Fall, Brandon Novak, April Margera, Phil Margera, Jess Margera, Rake Yohn, Terra Jolé, Mike Judge, Will Oldham, Rip Taylor, Half Pint Brawlers, Will “The Farter” Bakey, Manny Puig, David Weathers, Jason Deeringer, Erik Ainge, Jared Allen, Josh Brown, Mat Hoffman, Tony Hawk, Kerry Getz, Eric Koston, Parks Bonifay, Seann William Scott, Edward Barbanell, Jack Polick, John Taylor, Angie Simms, Dana Michael Woods, Andy Bell, Erik Roner, Tommy “Streetbike Tommy” Passemante, Rivers Cuomo, Brian Bell, Scott Shriner
Duração: 94 min.

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