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Crítica | Jonah Hex: Weird Western Tales #12 a 25

O lado maldoso e desumano do Velho Oeste.

por Luiz Santiago
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A revista Weird Western Tales começou como uma substituta de All-Star Western Vol.2, que em seu número 10 trouxe a estreia de Jonah Hex. Na edição seguinte o título foi cancelado, e a revista criada para substituí-la começou com o cumulativo numérico, ou seja, a primeira edição da Weird Western Tales foi a número 12, trazendo histórias de Jonah Hex, El Diablo, Bat Lash e Pow-Wow Smith. A partir da décima sétima edição (agosto de 1973), a revista colocaria o nome de Hex bem grande na capa e apresentaria apenas histórias com o personagem, histórias um pouquinho maiores que as anteriores (de 15 para 20 páginas, chegando a 24 em apenas uma edição). A partir da edição 39 (abril de 1977), as capas trariam em destaque o nome Scalphunter/Brian Savage (esta, inclusive, é a edição de estreia do personagem nos quadrinhos) e Hex não apareceria mais na revista a partir daí, até o cancelamento do título na edição 70, em agosto de 1980.

As primeiras seis edições da WWT seguem muitíssimo de perto o estilo de narração apresentado por John Albano na All-Star Western #10 e 11, ou seja, contos isolados, bastante focados em momentos de ação e pouco marcados por uma exploração do personagem ou expansão da história, cenário e intenções do texto. Não coloco isso aqui como algo negativo. Entendo que para introdução de um personagem de quadrinhos, num gênero que já não era mais tão popular nos anos 1970 (o faroeste), o autor deveria conduzir histórias que chamassem a atenção do leitor, que mostrasse o Universo impiedoso e cheio de desumanidade desse protagonista, para então partir para algo além da superfície.

No presente compilado, esse mergulho começa a acontecer a partir da edição 22, quando os roteiros passam para as mãos de Michael Fleisher. O caráter isolado das histórias sai de cena e uma ligação maior entre as tramas passa a acontecer. Vemos, portanto, um acontecimento que é referido ou conceitualmente completado na edição seguinte; mas também pequenas citações de cidades, personagens ou grandes eventos que já conhecíamos e que sugerem um Universo mais coeso, unido, dando a oportunidade de o leitor se familiarizar com algumas coisas e aproveitar o que o autor preparou para o seu protagonista, que passa a ser devidamente contextualizado e aprofundado.

Tony DeZuniga e Noly Panaligan são os desenhistas responsáveis por essas edições, e ambos apresentam incríveis abordagens para tudo aquilo que torna o western visualmente interessante: exploração da paisagem em cenas de cavalgada, perseguição ou passagem de diligências; brigas, jogos ou conversas em saloons; e, claro, cenas de tiroteio ou duelo entre o protagonista e os bandidos que ele está caçando. O nível de detalhe nas roupas e nos rostos dos personagens (mesmo os coadjuvantes) chamam bastante a nossa atenção, assim como a ótima aplicação de cores e as expressões faciais nos mais diversos momentos dramáticos.

Nas mãos de Michael Fleisher, Hex não foi apenas um caçador de recompensas, ávido por grana e indiferente a todas as outras coisas. O autor mostrou facetas do pistoleiro, com ações que vão desde a ajuda que ele resolveu prestar para algumas pessoas até o modo levemente cômico como tentava esconder qualquer tipo de sentimento para com outro indivíduo. Não significa que deixou de ser um bruto, um violento, um carniceiro, mas o leitor consegue ver muito mais tons dramáticos em seus diálogos e histórias — apesar de o elemento maniqueísta ainda persistir como construção do enredo. Contudo, nesse ponto, eu não vejo problema, porque Hex já é um anti-herói, então vejo como necessário o outro lado ser “verdadeiramente malvado” para que não haja dispersão na hora de finalizar o drama. Ainda assim é possível ver uma ou outra motivação mais complexa dependendo do que está sendo contado.

As histórias aqui possuem variados temas, abordando diferentes problemas que as cidades do Oeste americano passaram de meados para final do século XIX. Fugitivos da prisão, ladrões de banco, ladrões de trem, xerifes e militares corruptos, assassinos contratados e valentões de ocasião são algumas das pessoas que cruzam o caminho de Hex e recebem o devido tratamento, muitas vezes em histórias com mais de um problema para ser resolvido e que o autor consegue fechar muito bem, às vezes com uma vingança ou uma conclusão que nos dá uma pontinha de grande prazer, especialmente quando fez alguém muito ruim provar do próprio veneno.

Jonah Hex: Weird Western Tales #12 a 25 (EUA, julho de 1972 a dezembro de 1974)
Roteiro: John Albano (#12 a 19; 21) e Arnold Drake (#20), Michael Fleisher (#22 a 25)
Arte: Tony DeZuniga, Noly Panaligan
Arte-final: Tony DeZuniga
Letras: John Costanza
Capas: Joe Kubert, Tony DeZuniga, Nick Cardy, Luis Dominguez
Editoria: Joe Orlando, Mark Hanerfeld, E. Nelson Bridwell, Russell Carley
15 a 24 páginas (cada edição)

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