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Crítica | Jovens Titãs: Ano Um (2008)

por Luiz Santiago
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Trabalhos destinados a recontar origens ou ampliar eventos do passado, “preenchendo buracos” e mostrando “cenas nunca vistas” são sempre muito divertidos nos quadrinhos, ao menos em sua concepção. Como leitor de quadrinhos desde a infância, tenho um misto de nostalgia e certa curiosidade de ver como cada autor irá renovar, reescrever ou revisar elementos canônicos de uma Era ou grupo. No caso deste olhar para o passado realizado por Amy Wolfram, em 2008, intitulado Teen Titans: Year One, ficamos no meio do caminho em termos de diversão e aproveitamento da proposta.

Porque ainda que traga cenas hilárias, encontros calorosos e alguns bons momentos, essa minissérie de seis edições parece ter sido feita unicamente para zombar de Aqualad, fazer a Moça-Maravilha parecer uma bobinha apaixonada e frágil e dividir a atenção dada ao Robin em duas categorias, a primeira, apelona e narrativamente chata, e a segunda, amplamente trevosa e perturbada pela “sombra do Batman” (trocadilho não intencional). O único personagem para o qual a autora manteve a essência, pelo menos a maior parte do tempo, foi Kid Flash. Diante desse tratamento dado aos personagens, fica realmente difícil aproveitar a minissérie sem se incomodar aqui e ali com algumas escolhas da roteirista e isso cabe em diversos caminhos, seja em cenas de luta que terminam do nada, seja em um encontro entre Donna e Ricardito.

Como de praxe nas histórias de sob a tag “ano um”, temos a memória de acontecimentos narrados em HQs clássicas da equipe em cena e, no presente caso, Wolfram até consegue colocar bem algumas coisas, como a banda The Flips, que aparece em O Retorno dos Jovens Titãs (O Desafio). Tirando a grande ação do grupo, à primeira vista, ela coloca seus membros em uma exposição midiática, uma espécie de “banda do momento”. Pena que na mesma cena vemos Donna agindo como alguém absurdamente infantil e boba diante de seus ídolos. Se fosse Kid Flash fazendo algo parecido, funcionaria. Mas com Donna, não. Ao longo da revista, vamos encontrando diversas outras revisões ou locações de aventuras sob uma nova perspectiva, com destaque para Os Mil e um Perigos do Senhor Ciclone e os eventos da última edição (#53) da Teen Titans Vol.1.

dois momentos da minissérie jovens titãs ano um plano critico

O crossover com a Liga da Justiça é um dos pontos da minissérie que tinha tudo para ser interessante, mas acaba tendo uma resolução abrupta e por um caminho que nos faz olhar algumas vezes os quadrinhos para constatar: “foi exatamente isso que a autora fez!“. Quando passamos daí para o projeto artístico, as coisas mudam consideravelmente. A arte de Karl Kerschl (finalizada de maneira muito suave por Serge LaPointe) traz um contraste notável para a história. Com uma composição de quadros mais simples e forte apelo cartunesco, a minissérie ganha uma cara que combina com a idade dos personagens retratados e traz aquele pendor simpático de traços que esperamos numa trama assim.

É possível se divertir parcialmente com este Ano Um, mas boa parte dos leitores deverão encontrar dificuldades de digerir o tratamento dado ao Peixosinho e à Amazona (muito mais ela do que ele, por sinal), e a resolução de alguns conflitos internos e externos ao novo grupo. A trama tem sim bons momentos entre os jovens heróis e traz alguns esperados comportamentos de adolescentes como eles. Infelizmente, a maioria não termina bem — ou porque encontra o exagero ou pela falta de algo para completar a cena, que se funde a uma outra de maneira tão rápida que não acompanha bem a sugestão de passagem do tempo através dos quadros. E entre coisas boas e ruins, ficamos com um Jovens Titãs: Ano Um medíocre. Poderia ser pior? Ah, sim, poderia. Mas os Jovens Titãs mereciam uma revisão muito melhor.

Teen Titans: Year One (EUA, 2008)
No Brasil: Revista Novos Titãs #55 a 60 (Panini Comics, 2009)
Roteiro: Amy Wolfram
Arte: Karl Kerschl
Arte-final: Serge LaPointe
Cores: Stephane Peru, John Rauch
Letras: Nick J. Napolitano
Capas: Karl Kerschl, Serge LaPointe
Editoria: Adam Schlagman, Eddie Berganza
24 páginas (cada edição)

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