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Crítica | Júpiter (2019)

Uma jornada pouco inspirada.

por Felipe Oliveira
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Fazendo sua estreia em um longa de ficção, o cineasta Marco Abujamra apresenta Júpiter, um filme familiar e que busca contar uma história intimista ao apostar num misto de drama e comédia falando sobre as descobertas de novos laços em nossas relações. Porém, para seu primeiro trabalho longe das temáticas propostas nas produções documentais que viam de títulos como Paulo Autran – O Senhor dos Palcos e Jards Macalé: um morcego na porta principal, se resulta em uma entrega boba demais para uma premissa que reflete sobre amadurecimento e chacoalhadas inesperadas da vida.

Seguindo o personagem título interpretado por Rafael Vitti em seu primeiro papel principal em um filme, conhecemos um jovem que descobre que precisará morar com seu pai, que até então acreditava estar morto. Figura essa vivida por Orã Figueiredo, que em sua rotina esgotada como detetive particular em casos de adultério e um casamento estagnado, também não imaginava desempenhar a paternidade. Neste contraste de duas pessoas desconhecidas, a história imprime um relato sobre descobertas e criações de vínculos em tempos que remodelar parece cada vez mais impossível.

No entanto, Júpiter se revela mais um daqueles casos em que os elementos e a boa intenção são notáveis, mas que ainda não chega lá, e nem mesmo consegue atingir o potencial além do esboço que apresenta. Em entrevistas, Marco contou sobre o processo que foi conceber o seu filme em 2018 baseado em uma ideia original, pensando em falar de família se diferenciando de retratos tradicionais. Embora a carreira de Márcio como detetive tenha funcionado, a subtrama sobre xadrez foi um dos aspectos que mais fez a premissa desandar. O problema é que mesmo sendo um arco autobiográfico por compor um esporte da infância do diretor, dentro do filme, a ideia de ser algo em comum entre Júpiter e o pai, o plot não convence como uma característica do universo do jovem tímido, atrapalhado e esperançoso.

Dentre as muitas discrepâncias entre o filho e o pai, a subtrama de xadrez deveria ser a ponte que poria um fim em suas diferenças e traria uma conciliação, mas termina colocando a narrativa em hesitações desnecessárias, além de jogadas tolas para a comédia que tinha atingido níveis proveitosos dentro da proposta. Como boas intenções não medem acertos nem qualidades, Marco tinha um foco a ser debatido de maneira leve e bom humor, mas faltou definir mais os aspectos que dariam personalidade a figura principal de sua história: Júpiter. Depois de tantos papéis que ficavam muito no estereótipo de galã, Rafael casa com esse personagem mais introspectivo, mas em algum momento o roteiro deixa de favorecer esta composição ao se perder entre as peças de xadrez e uma busca aleatória da juventude por novas emoções e romances.

Para mundos distintos, Júpiter se encaixa como um passatempo otimista sobre se adaptar e estar disposto a mudanças nesta representação de vínculos inesperados.

Júpiter (Brasil, 2019)
Direção: Marco Abujamra
Roteiro: Marco Abujamra
Elenco: Rafael Vitti, Orã Figueiredo, Guta Stresser, Brenda Sabryna, Augusto Madeira, Bruce Gomlevsky, Patricia Selonk, Marcelo Rodrigues Filho, Maurício Pianco
Duração: 97 minutos

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