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Crítica | Jurassic World: Acampamento Jurássico – 1ª Temporada

por Ritter Fan
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Acho até que demorou, mas finalmente decidiram expandir a franquia Jurassic Park para animações – fora Lego, claro – por meio de uma série infanto-juvenil cuja 1ª temporada de oito episódios nos apresenta a um grupo de adolescentes que vai para o Acampamento Cretáceo (e não Jurássico como a desnecessária alteração feita na versão nacional do título dá a entender), no outro lado da Isla Nublar, para passar uns dias refestelando-se com a fauna pré-histórica. Como todos os filmes desse universo com exceção do primeiro, a ideia é muito boa, mas a execução não consegue passar do razoável, ainda que o material seja sem dúvida divertido.

A premissa, aqui, é contar uma história paralela aos eventos de Jurassic World: O Mundo do Dinossauros, filme de 2015 que reviveu a propriedade cinematográfica spielberguiana, com seis jovens de origens e classes sociais diferentes tendo que se bandear para sobreviver às suas próprias aventuras que decorrem do descontrole do parque que o longa para o cinema aborda em detalhes. É como uma visão de bastidores em relação ao show principal acontecendo lá na frente. Com isso, somos apresentados a Darius Bowman (Paul-Mikél Williams) um dino-nerd cujo maior desejo na vida é conhecer o Jurassic World e que tem essa oportunidade por sair vitorioso em um videogame temático; Kenji Kon (Ryan Potter), um riquinho tirador de onda que já visitou o lugar diversas vezes; Yasmina “Yaz” Fadoula (Kausar Mohammed), atleta patrocinada pelo parque; Brooklynn (Jenna Ortega), vlogueira de viagens obcecada com sua redes sociais e única autorizada a ter um celular o tempo todo; Ben Pincus (Sean Giambrone), um garoto medroso e hipocondríaco que quer tudo menos estar ali e, finalmente, Sammy Gutierrez (Raini Rodriguez) uma filha de fazendeiros extrovertida, mas que guarda um segredo.

Como se pode ver, os personagens são basicamente arquétipos de adolescentes, cada um extrapolando características comuns em muita gente, o que torna fácil a identificação com o grupo heterogêneo, mas simpático que, não demora, e mesmo antes de os eventos do filme começarem a acontecer, arruma encrenca. Nessa linha, os três primeiros episódios servem como contextualização e apresentação de cada um deles, especialmente Darius, que é o foco da série, ganhando flashbacks e muito mais camadas que os demais, com uma estrutura de “problema com dinossauro da semana” que tem também o objetivo de guiar o espectador pelo parque e pelos dinossauros que lá vivem. A partir do quarto episódio até o final é que a aventura passa a ser uma só e consequência direta dos eventos do filme, eventos esses que nunca realmente vemos e que não são essenciais conhecermos (ou seja, quem porventura não tiver visto o filme não será prejudicado).

Sozinhos e perdidos, os adolescentes precisam deixar de lado suas diferenças e suas picuinhas e passar a trabalhar juntos em prol de um objetivo comum enquanto lidam com os mais diversos dinossauros. Sim, se você revirou os olhos lendo a frase anterior, foi de propósito. A série é, inafastavelmente, um clichê básico atrás do outro que só se segura razoavelmente em pé por ser curta – apenas oito episódios de 24 minutos de duração cada um – e, claro, por ter dinossauros, já que é fato científico devidamente comprovado que dinossauros tornam tudo automaticamente melhor. Os jovens em si são descartáveis por permanecerem rasos ao longo de quase todo o tempo, talvez com exceção de Darius e alguns momentos minimamente inspirados mais para o final, como na sequência do monorail, e a animação é desapontadora em tudo que se refere aos humanos, com texturas pobres e movimentos engessados. O que ajuda é o design de personagens, que, assim como suas caracterizações, fazem uso generoso e positivo de clichês visuais.

Com isso, o que resta mesmo são os dinossauros. Apesar de não ser computação gráfica de ponta, parece que todo o orçamento da série foi dedicada aos bichos, resultando em boas renderizações de velociraptores, procompsógnatos, um carnotauro, diversos saurópodes, pteranodontes e uma penca de dinossauros herbívoros, inclusive e especialmente um jovem anquilossauro que é adotado por Ben. Há até espaço para os “dinossauros-assinatura” de Jurassic World, o mosassauro e, claro, o indominus rex, tudo isso em uma ambientação viva e variada que mantém a novidade relativa de cada episódio.

O elenco original de voz é simpático e cumpre bem o seu dever de tornar os jovens palatáveis o suficiente para seus dramas funcionarem ainda que de maneira rasteira, sem maiores complexidades. Há as esperadas brigas, mágoas e reconciliações que emprestam dinamismo ao grupo, incluindo algumas cenas com boa tensão e sacrifício em uma produção que, apesar de fazer de tudo para esconder as mortes, deixa claro que elas existem e acontecem diante dos adolescentes.

Jurassic World: Acampamento Jurássico continua a tradição da franquia iniciada maravilhosamente bem 1993 de subaproveitar seu potencial. Tudo o que é necessário para a série ir além do básico está presente, mas o material simplesmente permanece na base do “olha lá um dinossauro” que, como disse, é sempre divertido, mas não basta para tirar a obra daquela incômoda linha logo acima da mediocridade.

Jurassic World: Acampamento Jurássico – 1ª Temporada (Jurassic World: Camp Cretaceous, EUA – 18 de setembro de 2020)
Showrunners: Aaron Hammersley, Scott Kreamer
Direção: Lane Lueras, Dan Riba, Zesung Kang, Michael Mullen, Eric Elrod
Roteiro: Zack Stentz, Scott Kreamer, Sheela Shrinivas, Rick Williams, M. Willis, Josie Campbell
Elenco: Paul-Mikél Williams, Sean Giambrone, Kausar Mohammed, Jenna Ortega, Ryan Potter, Raini Rodriguez, Jameela Jamil, Glen Powell
Duração: 192 min. (oito episódios)

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