Home TVTemporadasCrítica | Justified – 5ª Temporada

Crítica | Justified – 5ª Temporada

Raylan acaba atraindo os Crowe para Harlan.

por Kevin Rick
483 views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas das demais temporadas da série e, aqui, de todo o material envolvendo o personagem Raylan Givens.

Meu colega Ritter Fan, depois de criticar as quatro temporadas iniciais de Justified, além dos livros da franquia, acabou decidindo me deixar assumir as temporadas finais, começando pelo quinto ano, que já dá sinais do encaminhamento para o final da série. Se o quarto ano apostava em um mistério central quase detetivesco, a temporada seguinte retoma a fórmula clássica da produção, com máfias locais, famílias criminosas e a corrupção em Harlan, mas sem conseguir a mesma coesão narrativa. Ao mesmo tempo, é uma das temporadas mais importantes porque começa a preparar o terreno para a reta final, deixando claro que a história caminha para um inevitável acerto de contas entre Raylan Givens e Boyd Crowder.

O eixo narrativo principal é a chegada da família Crowe, traficantes da Flórida que tentam expandir seus negócios para o Kentucky. Daryl Crowe Jr. (Michael Rapaport) é o líder e junto dele surgem figuras como Wendy (Alicia Witt) e Danny (A. J. Buckley), cada um com sua carga de disfunções. É uma tentativa de criar uma nova dinastia criminosa para ocupar o espaço deixado por vilões marcantes das temporadas anteriores, mas a execução não atinge o mesmo nível de magnetismo de nomes como Mags Bennett ou Robert Quarles. Ainda assim, o caos dos Crowe gera bons conflitos, especialmente quando se cruzam com Boyd e Ava.

A relação entre Boyd e Ava é, aliás, o núcleo mais potente da temporada. Com Ava presa e enfrentando um ambiente hostil dentro da cadeia, Boyd se vê obrigado a negociar cada vez mais fundo com criminosos e traficantes para tentar libertá-la. Essa linha dramática humaniza ainda mais os dois, mostrando a fragilidade de Boyd diante da impotência e a força de Ava tentando sobreviver em um mundo ainda mais brutal do que aquele de fora, com o amor da dupla encontrando obstáculos nas consequências de suas próprias escolhas erradas. Se a temporada tem um coração emocional, é aqui que ele pulsa.

Já Raylan passa a enfrentar o dilema de sempre: até onde está disposto a ir em nome da lei e o que isso significa para sua vida pessoal. A paternidade volta a ser um tema incômodo, com Winona e a filha orbitando sua consciência, enquanto ele continua a mergulhar no mesmo Harlan que o moldou e do qual nunca consegue escapar. Nesse sentido, a temporada não apresenta uma “grande transformação” para o personagem, mas reforça sua condição de homem preso a um ciclo que inevitavelmente se fechará.

Visualmente, a quinta temporada mantém o estilo seco, poeirento e marcado pelo realismo rural que sempre caracterizou a série. O problema maior está no ritmo: a trama dos Crowe se arrasta em alguns momentos, e certas subtramas acabam soando mais como desvios bizarros do que contribuições reais ao arco maior. Ainda assim, quando a série acerta, como nos embates tensos entre Boyd e Wynn Duffy, ou nos confrontos éticos de Raylan, recupera a força que a tornou singular.

O final da temporada cumpre sua função de ponte: Ava liberta-se da prisão, mas sob circunstâncias que a colocam diretamente no centro do conflito final; Boyd, cada vez mais acuado, radicaliza suas escolhas; Raylan percebe que o tempo de adiamentos acabou. Não há a catarse de temporadas anteriores, mas há um senso de inevitabilidade que prepara o terreno para o desfecho.

Em suma, a quinta temporada de Justified é desigual, com vilões que não chegam à altura dos melhores momentos da série, mas consegue manter relevância ao investir no drama íntimo de Ava e Boyd e ao pavimentar o caminho para o último ano. É uma temporada de transição, e como toda transição, pode frustrar quem busca impacto imediato, mas vista no conjunto da obra, funciona como o silêncio tenso antes do duelo final.

Justified – 5ª Temporada (EUA, 07 de janeiro a 08 de abril de 2014)
Criação e desenvolvimento: Graham Yost (baseado em obras de Elmore Leonard)
Direção: Michael Dinner, Bill Johnson, Jon Avnet, Peter Werner, Don Kurt, John Dahl, Gwyneth Horder-Payton, Dean Parisot, Adam Arkin, Michael Pressman
Roteiro: Graham Yost, Dave Andron, Benjamin Cavell, Taylor Elmore, Fred Golan, VJ Boyd, Ingrid Escajeda, Chris Provenzano, Keith Schreier, Leonard Chang, Keith Schreier
Elenco: Timothy Olyphant, Nick Searcy, Joelle Carter, Jacob Pitts, Erica Tazel, Walton Goggins, Jere Burns, Sam Anderson, Patton Oswalt, Rick Gomez, John Kapelos, James Le Gros, Edi Gathegi, A.J. Buckley, Matt Craven, Jason Gray-Stanford, Damon Herriman, David Koechner, Jacob Lofland, Jesse Luken, Don McManus, Amaury Nolasco, Max Perlich, Stephen Root, Will Sasso, Alicia Witt, Karolina Wydra, Ron Yuan, Natalie Zea, Michael Rapaport, Xander Berkeley, Riley Bodenstab, Gabrielle Dennis, Kaitlyn Dever, Steve Harris, Wood Harris, Amy Smart, Mickey Jones, Justin Welborn, William Gregory Lee, Jonathan Kowalsky, Scott Anthony Leet, Bill Tangradi, Cathy Baron, David Meunier, Danny Strong, Adam Arkin, Alan Tudyk, Justin Huen, Dale Dickey, Greg Bryan, James Kyson, Kyle Bornheimer, Joshua Harto, Eric Roberts, Danielle Panabaker, Mary Steenburgen
Duração: 611 min. (13 episódios)

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais