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Crítica | Kamen Rider Black (1987) – 1X01 e 02: A Metamorfose e A Festa dos Monstros

Focando na família.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 1
Número de episódios: 51
Período de exibição: 04 de outubro de 1987 a 09 de outubro de 1988.
Há continuação ou reboot?: Sim. Foi precedida por sete outras séries e sucedida por mais de 30 séries, especiais televisivos e longas-metragens que continuam sendo lançados até hoje em dia.

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Quando comecei minha jornada por Kamen Rider para ter algum estofo para escrever a prometida crítica de Kamen Rider Black Sun, meu objetivo primordial era chegar neste ponto aqui, em Kamen Rider Black, em razão das conexões entre as séries – uma ser inspirada na outra, quero dizer -, pelo que nutria um pouco de ansiedade da variedade positiva para assistir e criticar o começo da oitava série da franquia que veio nada menos do que seis anos depois que Super-1 (houve apenas um especial de TV neste interregno que apresentou a versão live-action do 10º Kamen Rider, introduzido originalmente em mangá, o Kamen Rider ZX). Considerando o quanto tenho me divertido com esse passeio pelo estranho universo dos ciborgues insectoides (sendo que Amazon é um lagartoide), essa ansiedade foi, aos poucos, se convertendo na expectativa de que Black seria algo realmente especial, talvez um retorno à forma mais ousada, violenta e bizarra que tanto apreciei em alguns dos exemplares da Era Showa.

E isso me fez cair na armadilha que expectativas – normalmente irreais – costumam armar e que eu, burro velho, já havia aprendido a evitar, mas que acabei escorregando aqui. Kamen Rider Black tem sem dúvida um começo muito interessante, um dos melhores das oito séries até o momento, mas ele não tem aquele “algo a mais” que eu esperava. Lembrando que tudo o que posso comparar são os pilotos, por vezes, como aqui, os dois episódios iniciais, não tenho como traçar comentários sobre o que está por vir, especialmente, no caso de Black, a chegada de Shadow Moon, que um leitor declarou ser algo como o melhor vilão já feito na história do audiovisual (ok, talvez eu tenha me excedido na paráfrase…), ainda que seja perfeitamente possível eu vislumbrar o potencial da série como base em seu começo, potencial esse que reputo ser pelo menos muito bom.

A principal razão para essa minha conclusão é que, pela primeira vez na franquia, o aspecto da família do protagonista ganha real destaque e não apenas uma abordagem perfunctória do tipo “todos morrem e deixam o herói tristonho e sozinho”. O fato de Kotaro Minami (Tetsuo Kurata) – ou Issamu Minami por aqui – não mais ter seus pais e ter sido adotado por Soichiro Akizuki (Kantaro Suga) que tem dois filhos biológicos, Nobuhiko (Takahito Horiuchi) e Kyoko Akizuki (Akemi Inoue), e que é membro da organização vilanesca da vez (que está mais para um culto), batizada de Gorgom, empresta ótimas camadas de complexidade a essa dinâmica familiar. Além disso, é bem vinda conexão de Kotaro com Nobuhiko e o mistério estabelecido logo no início sobre o paradeiro de Nobuhiko quando os dois são separados na mesa de operação gorgomiana para transformá-los em ciborgues com a anuência de ninguém menos do que o próprio Soichiro.

Funciona também muito bem a maneira como a história começa, com Kotaro fugindo de três figuras fantasmagóricas que imediatamente me lembraram do Lúcifer da série Battlestar Galactica original. Ou seja, no lugar de seguir uma ordem narrativa comum, o roteiro teve o cuidado de criar algo não linear nesse início que prende a atenção na mesma medida em que confunde um pouco o espectador, com a ordem sendo reestabelecida já no segundo episódio que usa um flashback estendido para deixar tudo bem claro. E, claro, é uma boa ideia fazer de Kotaro e Nobuhiko não apenas humanos normais que, basicamente do nada, são transformados em ciborgues, mas sim dois messias – imperadores, na verdade – do culto Gorgom, nascidos durante um eclipse, e que precisam tomar seus devidos lugares de poder.

No entanto, mesmo com um desenvolvimento inicial que acrescenta camadas ao que já havia sido feito diversas vezes antes na franquia, falta ousadia verdadeira nos dois primeiros episódios, algo que tentasse nem que seja um pouco reverter à qualidade quase surreal da série de 1971. Não que Black não se esforce para se levar a sério, pois ela definitivamente se esforça, algo que pode ser notado já a partir do uniforme mais sóbrio do super-herói, talvez o melhor até esse ponto, mas o roteiro não vai além e não cria algo que parece ser tão cativante por ser diferente, contentando-se com uma abordagem genuína, só que segura, em suas intenções.

Considerando, porém, o (quase completo) jejum de mais de meia década que foi imposto ao espectador japonês fã da franquia, A Metamorfose e A Festa dos Monstros resultam em um bom recomeço para Kamen Rider que – e isso é, no final das contas, o mais importante – aponta para algo que tem os predicados de ser um destaque. Black é mais uma série do gafanhoto robótico que eu gostaria de ter tempo de assistir o restante, mas que eu sei que terei que me contentar com esses dois capítulos aqui. Mas, quem sabe um dia?

Kamen Rider Black (1987) – 1X01 e 02: A Metamorfose e A Festa dos Monstros (仮面ライダーBLACKブラック / Kamen Raidā Burakku – Japão, 04 e 11 de outubro de 1987)
Criação: Shotaro Ishinomori
Direção: Yoshiaki Kobayashi (1×01), Makoto Tsuji (1X02)
Roteiro: Shōzō Uehara
Elenco: Tetsuo Kurata, Takahito Horiuchi, Masaki Terasoma, Akemi Inoue, Ayumi Taguchi, Takeshi Watabe, Shōzō Iizuka, Kiyoshi Kobayashi, Kantaro Suga
Duração: 25 min. (cada episódio)

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