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Crítica | Kickboxer: O Desafio do Dragão

por Ritter Fan
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Depois de Jean-Claude Van Damme fazer sucesso com O Grande Dragão Branco, seu primeiro papel principal em um longa, o “ator” amargou dois filmes absolutamente terríveis, Contato Mortal e Cyborg – O Dragão do Futuro que, inexplicavelmente, colocaram as lutas marciais em segundo plano. Kickboxer: O Desafio do Dragão, portanto, foi o esperado retorno de JCVD ao que ele faz de melhor: encher gente de pancada enquanto exibe impossíveis espacates entre chutes e socos fazendo cara feia.

Sob qualquer ponto de vista, porém, Kickboxer não é mais do que um remix menos inspirado de O Grande Dragão Branco, descaradamente pegando emprestado as mesmas inspirações de Retroceder Nunca, Render-se Jamais, ou seja, Karatê Kid: A Hora da Verdade e Rocky IV. No longa, depois que seu irmão campeão de kickboxing é paralisado pelo cruel lutador Tong Po (Michel Qissi) em uma luta na Tailândia, Kurt Sloane (Van Damme) parte para treinar muay thai com o pouco ortodoxo e recluso kru Xian Chow (Dennis Chan) de forma que ele possa se vingar e derrotar Po no ringue.

Portanto, como se pode esperar, o filme capitaneado pelos diretores indigentes Mark DiSalle e David Worth é uma sucessão de lutas entremeadas por sequências de treinamento. Na verdade, minto. Eu gostaria que fosse assim, algo equilibrado entre uma coisa e outra como é Bloodsport, mas Kickboxer erra na dose ao focar demais no treinamento, o que inclui a antológica sequência da “dancinha” de Van Damme, esquecendo de realmente colocar o lutador que acha que é ator em situações que lhe permitam mostrar a que veio, com suas sempre divertidas e impossíveis acrobacias.

Ao empurrar as lutas para um segundo plano hesitante, mesmo o treinamento à la Sr. Miyagi, na base do bate e assopra, perde rápido a graça não só porque já vimos isso antes dezenas e dezenas de vezes sendo executado de maneira muito mais interessante (até em Bloodsport é melhor), como essas sequências alongadíssimas que tomam pelo menos um terço do filme acabam não acrescentando elementos à história que seja proporcionais ao tempo empregado a elas. Em outras palavras, não havia história para ser contada no roteiro de Glenn A. Bruce (outro zero à esquerda nesse ofício), baseado em ideias super originais de DiSalle e do próprio Van Damme. E, infelizmente, no lugar de largar de lado a tentativa patética de dar contornos mais complexos aos personagens, inclusive apelando para um estupro off camera completamente desnecessário e enxertar o máximo possível de lutas, Bruce enrola até chegar ao que realmente importa, dando a sensação de que o filme se arrasta mais do que deveria.

Claro que, em termos comparativos, Kickboxer é muito superior a tudo o que Van Damme fez antes menos O Grande Dragão Branco, o que não é lá algo tão maravilhoso assim, obviamente. Mas o filme é inegavelmente divertido se o espectador estiver no espírito correto, algo que, aliás, é pré-requisito para quase todas as obras de que o belga faça parte, encontrará material suficiente para passar um pouco menos de 2 horas com o cérebro completamente desligado, salivando para envolver os punhos em uma corda, passar cola e mergulhá-los em vidro moído.

O lado realmente bom da coisa toda é que se trata de Van Damme voltando ao tipo de papel que nunca deveria ter se desviado enquanto sua forma física permitisse, sem inventar qualquer outro tipo de personagem. Kickboxer é uma repetição do que veio antes na própria filmografia então ainda incipiente do The Muscles from Brussels, mas entre treinamentos violentos, dancinha desengonçada e punhos com cacos de garrafa, há o que apreciar aqui.

Kickboxer: O Desafio do Dragão (Kickboxer – EUA, 1989)
Direção: Mark DiSalle, David Worth
Roteiro: Glenn A. Bruce (baseado em história de Mark DiSalle e Jean-Claude Van Damme)
Elenco: Jean-Claude Van Damme, Dennis Alexio, Dennis Chan, Michel Qissi, Ka Ting Lee, Rochelle Ashana, Haskell Anderson, Richard Foo, Wong Wing Shun
Duração: 97 min.

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