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Crítica | King Kong 2

por Guilherme Coral
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Não é de hoje que Hollywood nos faz o favor de nos presentear com continuações que não entendemos como conseguimos viver todos esses anos sem elas. King Kong 2, ou King Kong Lives, no original, é a prova de que a mania de realizar remakesreboots e sequências desnecessárias já está encrustada no cinema americano há algum tempo – estamos falando de um daqueles filmes que, sinceramente, não entendemos como foi aprovado, já começando da péssima premissa de reviver, de alguma forma, o gorila gigante que fora morto no final da obra de 1976, que, por sua vez, já é uma refilmagem do clássico de 1933.

A história tem início imediatamente após o término de King Kong, com essa continuação chegando a nos mostrar os minutos finais de seu antecessor. Após ter sido baleado, o macaco gigante é movido para um laboratório, onde passa dez anos em coma, sendo cuidado pela Drª. Amy Franklin (Linda Hamilton). Uma grande complicação, contudo, emerge: Kong necessita realizar um transplante de coração, trocando o seu orgânico por um mecanizado e para isso vai precisar de uma transfusão de sangue, mas não existem possíveis doadores. Isso tudo muda quando Hank Mitchel (Brian Kerwin) descobre uma versão feminina do gorila, batizada de Lady Kong.

King Kong 2 é um filme que já morre em sua premissa, exigindo uma suspensão de descrença gigantesca do espectador, que deve simplesmente aceitar que o macaco não morreu e que havia um laboratório em perfeitas condições de funcionar como uma UTI para gorilas gigantes. Evidente que os problemas do fato de ressuscitar Kong não param por aí, já que realizar tal absurdo destrói completamente o desfecho da obra original, tirando todo o peso da morte da criatura. E sequer entraremos na questão de um transplante de coração ser o suficiente para impedir a morte de um animal que se tornara um queijo suíço na obra anterior.

Mas, é claro, que não basta que a premissa do longa seja péssima, os atores precisam ter total consciência disso para fazer dessa experiência ainda mais aterradora. Embora não tenhamos atuações dramáticas como no tenebroso A Fuga de King Kong, todo o elenco soa verdadeiramente desmotivado, como se participassem da obra única e exclusivamente pelo dinheiro. Linda Hamilton, mais conhecida pelo seu papel como Sarah Connor em Exterminador do Futuro 12, está verdadeiramente apática e não é ajudada pelos péssimos diálogos que preenchem toda a projeção, aumentando ainda mais a sensação de artificialidade da trama.

O longa-metragem consegue ainda estragar completamente a figura de Kong (e sua contraparte feminina) através de efeitos práticos que, mesmo tendo sido feito dez anos após seu antecessor, soa como se a continuação tivesse sido realizada décadas antes. Não é por acaso que os efeitos visuais da obra foram indicadas à Framboesa de Ouro do ano, que certamente não deixou passar a terrível cena final do filhote de Kong pulando de cipó em cipó, com direito à sua mãe sorrindo na floresta. Naturalmente que a direção de John Guillermin, que retorna de King Kong, não ajuda, não conseguindo disfarçar na maioria das sequências a artificialidade dos gorilas, que não passam de atores vestindo fantasias.

King Kong 2 é uma verdadeira tragédia, um filme que jamais entenderemos como foi levado adiante e que nos faz ter a completa noção de que jogamos quase duas horas de nossas vidas no lixo. Com uma terrível premissa, atores completamente desmotivados, roteiro tenebroso e efeitos visuais que fazem o filme de 1933 parecer mais atual, fica muito difícil defender a mania de Hollywood de trazer às telonas essas sequências desnecessárias, visto que não somente não acrescentam em nada, como tiram de nós um pouco do gosto pela vida, visto que a vontade é de cortar os pulsos enquanto assistimos esse terror.

King Kong 2 (King Kong Lives) — EUA, 1986
Direção: John Guillermin
Roteiro: Ronald Shusett, Steven Pressfield
Elenco:  Peter Elliott, George Antoni, Brian Kerwin, Linda Hamilton, John Ashton, Peter Michael Goetz, Frank Maraden, Alan Sader
Duração: 105 min.

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