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Crítica | Krypton – 1X05: House of Zod

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

House of Zod, episódio que marca a metade da primeira temporada de Krypton, nos dá uma visão mais detalhada do código de honra da família de Lyta, com flashbacks que lidam com Jayna e seu irmão treinando para ser guerreiros sob o olhar de seu rigoroso pai. É esse enquadramento que ganha reflexo na decisão de Jayna, já adulta, em relação à execução de sua filha e a oferta de Nyssa-Vex, em The Word of Rao, reiterada aqui, de aliar-se a Daron em seu planejado golpe de estado contra a Voz de Rao.

Sem dúvida previsível, essa trama, porém, é bem executada no capítulo, que consegue eficientemente introduzir uma relação amorosa surpresa entre o patriarca da casa Vex com a soldado Kol-Da, explicando sua influência sobre ela em relação ao testemunho falso contra Lyta, além de abordar com mais detalhes o amor platônico de Dev-Em por Lyta. O emaranhado das relações amorosas e políticas funcionam como um pano de fundo vivo para a execução e cria uma boa dinâmica na casta superior de Kandor, com potenciais consequências diretas para o futuro do planeta e, claro, da série.

Vale especial destaque para a direção de Julius Ramsay aqui, que imprime a cadência necessária para que o roteiro de Lina Patel ganhe o devido desenvolvimento, sem pressa e sem confusão que não seja a proposital em relação ao destino do irmão de Jayna no passado, considerando que a vemos, no presente, lutando contra a versão adulta dele que, melancolicamente, descobrimos ser um androide. Foi um toque de mestre para a personagem, sempre durona, revelando que sim, a honra é realmente importante para a casa Zod, mas o amor familial fala mais alto, mesmo que ele seja constantemente escondido debaixo do verniz estoico da matriarca.

E, se o passado de Jayna reflete em seu presente, informando sua decisão por salvar Lyta, mesmo que isso signifique aliar-se aos Vex, ele também ecoa na revelação da identidade do personagem de Colin Salmon, misteriosamente introduzido na série no episódio anterior como o líder de uma dissidência do Zero Negro. Trata-se, claro, do General Zod, o mesmo que seria exilado por Jor-El para a Zona Fantasma. A reviravolta que, confesso, me pegou de surpresa, acrescenta, pelo visto, mais um viajante do tempo na história, algo que certamente complica a narrativa e literalmente cria um dilúvio de perguntas que não vou nem começar a listar aqui. Será interessante ver como é que a presença do general na série afetará a história como um todo, pois nem mesmo sabemos de que momento do futuro ele vem. De certa forma, tenho receio que essa reviravolta seja muito mais fan service do que algo realmente útil para a narrativa, mas só o tempo dirá uma coisa ou outra.

Vocês devem ter reparado que não mencionei Seg-El até agora. Mas foi de propósito e certamente não é porque estou reservando o melhor para o final.

Independente da capacidade dramática nula de Cameron Cuffe, o problema, aqui, não é nem ele, coitado, mas sim o que o roteiro reservou a seu personagem. Se Patel faz um bom trabalho com a casa Zod, toda a trama envolvendo o único membro da casal El é, pela falta de um termo técnico mais adequado, absolutamente pífia. E falo de tudo mesmo: sua fuga pela neve, a volta para o esconderijo do general, libertação da prisioneira, chegada até o esconderijo da facção religiosa que odeia os El, fuga de lá e pela neve novamente, captura pelo general (de novo!) e, lógico, a chegada de último minuto de Deus, Ex e Machina. Até mesmo a sequência em que Lyta escuta a mensagem de despedida de Seg com direito a Nyssa entreouvindo é de revirar os olhos.

A principal razão para isso é que não sentimos nada pelo drama que Seg-El passa. Sim, toda série ou filme baseado em quadrinhos tem o problema inerente ao subgênero de que o protagonista dificilmente morrerá (não que protagonistas morram normalmente por aí, mas vocês me entenderam…) e isso é especialmente impossível quando estamos apenas na metade da primeira temporada de uma série que tem como premissa sua sobrevivência, pois, sem ela, Jor-El não nasce e, por consequência, nada do Superman. Mas isso não quer dizer que o roteiro não possa flertar com a morte de maneira eficiente, algo que o texto de Patel não consegue nem chegar próximo de fazer, deixando Ramsay completamente sem instrumentos para tentar pelo menos compensar um pouco do problema com sua direção. O resultado é frio como a neve falsa no rosto de Seg, soando genérico e bobo do começo ao fim.

Claro que o objetivo era permitir a revelação final, além da apresentação da facção religiosa, mas não precisa de muita imaginação para que o mesmo resultado fosse alcançado de maneira menos formular e simplista, tratando o espectador da mesma maneira que os Sagitari tratam os rankless. Com isso, a história que deveria ser a principal fica em segundo plano e torna-se desinteressante ao ponto de detrair fortemente do resultado final, como se fosse uma âncora que impede a decolagem da série.

House of Zod teria sido um ótimo episódio se tivesse se dedicado somente à Casa do título. Ao abordar Seg-El e suas patetices por Krypton como um veículo para o pretenso adensamento da trama, a história afunda e afasta o espectador. Tomara que a segunda metade da temporada minimize esse problema, senão começarei a torcer para que Brainiac tenha sucesso em sua empreitada…

Krypton – 1X05: House of Zod (EUA – 18 de abril de 2018)
Showrunner: Cameron Welsh
Direção: Julius Ramsay
Roteiro: Lina Patel
Elenco: Cameron Cuffe, Georgina Campbell, Shaun Sipos, Elliot Cowan, Ann Ogbomo, Aaron Pierre, Rasmus Hardiker, Wallis Day, Blake Ritson, Ian McElhinney, Gordon Alexander, Alexis Raben, Tipper Seifert-Cleveland, Andrea Vasiliou, Colin Salmon
Duração: 44 min.

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