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Crítica | Lanternas Verdes: Planeta da Raiva (Renascimento)

por Guilherme Coral
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estrelas 3,5

O mais novo reboot do universo DC, Renascimento, trouxe inúmeras mudanças para todos os heróis da editora, encerrando a fase dos Novos 52, abrindo espaço para que mais publicações fossem lançadas, algumas simplesmente reiniciando a numeração, enquanto outras seriam criadas do zero. Lanternas Verdes é uma dessa séries estreantes, protagonizada pelos mais novos membros da tropa dos lanternas, Jessica Cruz e Simon Baz. Embora o encadernado de Planeta de Raiva contenha a edição #1 de Renascimento, esta crítica irá contemplar os números de 1 a 5 da revista desses heróis. Caso queira ler sobre rebirth, basta clicar aqui.

Cruz e Baz, responsáveis pelo planeta Terra, ainda têm muito o que aprender, sabendo disso, Hal Jordan os forçara a trabalharem juntos ao fundir as baterias dos dois jovens em uma só. Pouco sabiam, contudo, que Atrocitus, líder dos Lanternas Vermelhos, planeja colocar em prática um plano ligado a uma antiga profecia, a do Amanhecer Vermelho. Dito isso, ele cria a Torre do Inferno no planeta, que começa a fazer com que os seres humanos passem a ter acessos de fúria repentinos. O caos é liberado e cabe a Jessica e Simon arranjar uma forma de impedir que a raiva domine todo o planeta.

O roteiro de Sam Humphries deu início a essa nova publicação de forma ousada: já partiu para a utilização do conceito dos espectros de cor, introduzido por Geoff Johns a partir de Lanterna Verde: Rebirth (que nada tem a ver com Renascimento atual). Certamente não é tarefa fácil começar a ler uma revista dos Lanternas do zero, estamos falando de uma vasta mitologia que vai muito além do herói salvando o dia. São conceitos que foram introduzidos, reformulados, revisitados ao longo dos anos e Humphries sabe bem disso, nos entregando um roteiro que sabe ser didático sem exagerar – e que maneira melhor de fazer isso que através de dois novatos da tropa? Portanto, estamos falando de uma boa maneira de conhecer essa parte do Universo DC.

Jessica, de fato, é quem funciona como nossa porta de entrada. Ela sequer sabe formar algo com seu anel e tem de aprender conforme o caos reina por ali. Simon, por sua vez, expande a mitologia dos Lanternas com o poder que o permite “curar” aqueles afetados pela ira. Estamos falando de algo com proporções gigantescas dentro dessa mitologia e que o roteiro consegue inserir sem fazer o herói poderoso demais, afinal, ao utilizar essa habilidade, ele gasta todas as suas energias. Essa característica de Baz ainda dialoga perfeitamente com a sua própria condição: ele é de uma família muçulmana vivendo nos EUA, sofrem constantemente com preconceito (como vimos na edição Renascimento) – ao poder “acalmar” os outros, o que vemos é uma manifestação de sua vontade de ser aceito, respeitado, independente de sua cor, etnia ou religião.

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Jessica Cruz, por sua vez, sofre com síndrome do pânico, uma condição séria, que atinge cada vez mais pessoas em nosso mundo e somente sua presença nos quadrinhos como Lanterna Verde já traz uma ótima mensagem, que ressalta a força das pessoas que são obrigadas a viver dessa forma, como lutam constantemente em seu dia-a-dia. Humphries utiliza a personagem também para ressaltar algo importante nessa mitologia: ser um Lanterna não quer dizer não ter medo e sim conseguir supera-lo através da força de vontade, que dá poder ao anel.

O roteiro somente peca na resolução apressada nas últimas edições desse primeiro arco. O próprio conflito interno de Jessica é resolvido de uma hora para a outra, com ela superando seu ataque de pânico de forma repentina. Esperamos que essa questão volte a ser tratada nas próximas edições, caso contrário será um verdadeiro desserviço à personagem e seu problema.

No ramo da arte as coisas, infelizmente, não seguem de forma tão sólida, especialmente na terceira edição, que é uma verdadeira bagunça, com um traço que parece ter sido feito nas coxas, sem o menor refino, completamente distorcendo os personagens a tal ponto que, quando riem, parecem ter saído direto de um filme de terror. Sem falar nas mãos que são uma tragédia à parte. Felizmente, isso é resolvido conforme avançamos para os números posteriores, com a mudança do artista responsável. O trabalho de cores, como apontado por Luiz Santiago em sua crítica, é instável, ora exagera na escuridão, que simplesmente não combina com as publicações do lanterna, ora nos traz cores vibrantes, que condizem com a mitologia desses heróis.

No fim, o primeiro arco de Lanternas Verdes termina no saldo positivo. Alguns deslizes ocorrem aqui e ali, mas nada que nos impeça de aproveitar essa história inicial de Jessica Cruz e Simon Baz após o Renascimento. Deixando grandes ganchos para os próximos arcos, terminamos a leitura ansiosos por ver o que vem pela frente e como esses dois personagens serão trabalhados a partir desse ponto.

Lanternas Verdes #1 a 6 (Green Lanterns #1 – 6) — EUA, 2016
Roteiro: 
Sam Humphries
Arte:
Jack Herbert, Neil Edwards, Tom Derenick, Robson Rocha, Ed Benes, Ethan Van Sciver
Cores: 
Blond
Letras: 
Dave Sharpe
Capas:
Ethan Van Sciver
Editora original: DC Comics
Data original de publicação: agosto a novembro de 2016
Editora no Brasil: ainda não publicado
Páginas: 168

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