Home TVEpisódio Crítica | Legends of Tomorrow 1X01: Pilot, Part 1

Crítica | Legends of Tomorrow 1X01: Pilot, Part 1

por Luiz Santiago
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estrelas 2,5

Leves Spoilers

A CW, vem em uma maré de sorte — duvidosa — nos últimos anos. Desde a estreia de Arrow, em 2012, e de séries como The 100 (2014), The Flash (2014), iZombie (2015) e agora Legends of Tomorrow (2016), a emissora tem se mantido em alta no gosto do público [“nerd”?], especialmente agora que resolveu investir pesado em séries de super-heróis, passando do drama obscuro do Arqueiro Verde para o cômico e familiar conflito do mundo de Flash e chegando em Legends of Tomorrow, esta última, uma fusão e ampliação das propostas dos dois shows anteriores e que traz personagens e conflitos daqueles dois mundos, formando o “Arrowverse“, realidade que mixa personagens e acontecimentos de Arrow, Flash e da menos conhecida Vixen.

Com um time improvável de ‘lendas’ e um tom narrativo que abarca anarquia, ficção científica, humor negro e uma linha de possibilidades muito mais ampla — dada a frequente possibilidade de viagem no tempo — Legends of Tomorrow chama de imediato a atenção pela dinâmica, comicidade cínica e muita ação vistas já nesse primeiro episódio, cuja estreia nos Estados Unidos foi um grande sucesso e um bom sinal para a CW.

Com roteiro escrito pelos próprios criadores e direção de Glen Winter, este primeiro episódio talvez traga o primeiro grande erro de produção de LoT, que foi dividir o Piloto em duas partes.

Em essência, vemos Rip Hunter (Arthur Darvill, de Doctor Who e Broadchurch) sair da Londres de 2166 para a Star City de 2016 após um apelo ao Time Masters Council. Seu pedido é ousado: voltar para o passado e impedir que o imortal Vandal Savage consiga os meios para dominar e destruir o mundo. Para isso, a reunião de um grupo de pessoas — sob um falso pretexto que no final do capítulo se revela — é necessária. E Rip Hunter consegue o que quer. Acompanhado de Eléktron (Brandon Routh), Canário Branco (Caity Lotz), Nuclear [Martin Stein e Jax] (Victor Garber e Franz Drameh), Gavião Negro (Falk Hentschel), Mulher-Gavião (Ciara Renée), Onda Térmica (Dominic Purcell) e Capitão Frio (Wentworth Miller), Hunter parte para a primeira fase de sua missão, em 1975, que é onde as coisas não saem como previsto e onde começamos a lamentar o fato de o piloto ter sido dividido em duas partes.

Do ponto de vista de introdução de personagens, o roteiro segue um caminho mais ou menos simples, dando mínimas informações do lugar de origem de alguns enquanto mostra o seu desenvolvimento psicológico e de dinâmica de grupo. Tudo acontece rápido, mas não a ponto de impedir que o espectador se conecte com cada um deles, mesmo que jamais tenha visto um único episódio de Flash ou Arrow. Todavia, a apresentação acaba sendo vítima dessa estranha divisão em duas partes, porque tenta mostrar um pouco de tudo — o futuro, o presente, o passado, as origens do casal Gavião… — sem que conte algo realmente interessante.

A vilania de Savage e sua dominação do mundo em 2166 parecem bem menos importantes ou causam bem menos impacto no público do que a reunião das ‘lendas’ e o que elas devem fazer. Não que esta segunda parte seja algo ruim, mas o fato de não conseguirem apresentar bem um vilão já nos faz temer pelo que pode vir adiante. E só para provar que isso não é exagero, note que o caçador de recompensa comparado com Boba Fett coloca bem mais medo e apresenta ameaça bem maior e é bem melhor inserido na história (bem, depois daquela tenebrosa apresentação para os garotos) do que o verdadeiro vilão da história.

Após a apresentação e a aceitação dos escolhidos, o roteiro tenta miseravelmente dar atenção aos personagens de forma solo ou em grupinhos, tornando-os peças relativamente importantes na construção da história. Contudo, se colocarmos em foco inutilidades como a briga de bar, a primeira aparição de Cronos ou o drama do Professor filho do casal Gavião, veremos que muitas coisas não acrescentam nada de realmente importante para história ou não trazem nada que não pudesse ser conseguido através de um outro recurso ou via outros personagens, uma escolha que só não é pior do que o anti-clímax confuso e clichê do final, um cliffhanger extremamente fraco para uma série com esse porte e promessa.

O todo dos efeitos visuais e especiais se tornam um pequeno atrativo, assim como o interior da nave de Rip Hunter e a direção de todas as cenas em seu interior, a melhor coisa de todo o episódio, que igualmente se estende para o desenho de produção e fotografia no mesmo local. E quanto a este último aspecto, alguém, por favor, tenha a bondade de informar ao fotógrafo David Geddes que ele não precisava colocar um filtro horroroso daqueles para filmar o bloco dos anos 1970 ou do Egito Antigo! Coisas como saturação de cor, aumento ou diminuição de brilho e até mesmo escolhas inteligentes de ângulos da câmera (para pegar determinada incidência de luz) funcionam muito melhor do que mergulhar tudo em um suco de laranja óptico a fim de combinar a imagem com uma das falas mais facepalm do roteiro: “nunca estive em 1975. É bem colorido“.

A proposta de Legends of Tomorrow é interessante e é possível ver coisas boas nessa primeira parte de sua estreia. Porém, depois do que vimos, fica difícil não se reocupar com o alarme já em amarelo e a possibilidade de fixação da legenda que já deu pesadelos e trouxe muitos traumas a muita gente: “VOCÊ FOI C-DABLIU-ZADO“.

Legends of Tomorrow 1X01: Pilot, Part 1 (EUA, 21 de janeiro de 2016)
Criadores: Greg Berlanti, Marc Guggenheim, Andrew Kreisberg, Phil Klemmer
Direção: Glen Winter
Roteiro: Greg Berlanti, Marc Guggenheim, Phil Klemmer, Andrew Kreisberg
Elenco: Victor Garber, Brandon Routh, Arthur Darvill, Caity Lotz, Franz Drameh, Ciara Renée, Falk Hentschel, Amy Pemberton, Dominic Purcell, Wentworth Miller, Stephen Amell, Katie Cassidy, Casper Crump, Peter Francis James, Kiefer O’Reilly
Duração: 42 min.

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